Crítica – As Linhas de Wellington (2012)


Realizado por Valeria Sarmiento
Com Nuno Lopes, Soraia Chaves, John Malkovich, Isabelle Huppert

Uma fabulosa reconstituição do ambiente histórico das invasões francesas, em particular da última destas incursões, a partir do argumento de Carlos Saboga serve de base a esta obra de Valeria Sarmiento, viúva de Raúl Ruiz, primeiro responsável pelo projeto. O revisitar deste momento do passado português, por muitos só conhecido através dos maçadores livros escolares, mostra-nos um país onde o heroísmo andava nas ruas e as lutas de poder entre a Inglaterra e a França se travavam nas nossas terras com as nossas gentes.
A forçada convivência entre ingleses, portugueses e franceses geram todo um universo estruturado de relações humanas, onde o amor, o ódio, a rivalidade são os fios condutores, sobressaindo de entre os horrores da guerra sobretudo as personagens femininas e o seu papel nestas lutas.


Grandioso, o filme faz jus à inteligência de Wellington bem como à bravura dos que, deste lado das linhas, lutavam. Perante o olhar do espetador desfilam nomes maiores do cinema e de figuras bem conhecidas do público, criando um elenco ao nível de todo o investimento da produção. Inúmeras personagens em torno de quem giram micro narrativasa, figurinos rigorosos, recriação fiel dos espaços tornam o filme numa autêntica viagem a um passado nacional muitas vezes completamente esquecido na sombra dos Descobrimentos. O mérito da obra foi reconhecido pelo Ministério da Educação que o utilizará nos programas de História do ensino básico e secundário. Concorrente ao Leão de Ouro de Veneza e seleccionado para os Festivais de Toronto, San Sebastián e Nova Iorque, "As Linhas de Wellington" mostra a enorme vitalidade do cinema europeu e da sua capacidade de competir internacionalmente.
A  profusão de enredos enraizados na estrutura principal, contudo, se é propositada e um dos pontos potencialmente mais interessantes da obra, acaba por nem sempre tornar claras estas pequenas histórias e de algum modo criar dispersão em quem tenta encontrar uma coesão narrativa. Muito embora esse aspeto contribua para reforçar o caos da guerra e a sua própria ausência de sentido.

Classificação - 4,5 Estrelas em 5

Enviar um comentário

2 Comentários

  1. penso que lhe falta algum rigor histórico

    ResponderEliminar
  2. Boa crítica e bom respeito pela cinéfila nacional.

    Parabéns

    ResponderEliminar

//]]>