Realizado por Valeria Sarmiento
Com Nuno Lopes, Soraia Chaves, John Malkovich, Isabelle
Huppert
Uma fabulosa reconstituição do ambiente histórico das
invasões francesas, em particular da última destas incursões, a partir do argumento de Carlos Saboga serve de base a esta obra de Valeria Sarmiento, viúva
de Raúl Ruiz, primeiro responsável pelo projeto. O revisitar deste momento do
passado português, por muitos só conhecido através dos maçadores livros
escolares, mostra-nos um país onde o heroísmo andava nas ruas e as lutas de
poder entre a Inglaterra e a França se travavam nas nossas terras com as nossas
gentes.
A forçada convivência entre ingleses, portugueses e
franceses geram todo um universo estruturado de relações humanas, onde o amor,
o ódio, a rivalidade são os fios condutores, sobressaindo de entre os horrores
da guerra sobretudo as personagens femininas e o seu papel nestas lutas.
Grandioso, o filme faz jus à inteligência de Wellington bem
como à bravura dos que, deste lado das linhas, lutavam. Perante o olhar do
espetador desfilam nomes maiores do cinema e de figuras bem conhecidas do
público, criando um elenco ao nível de todo o investimento da produção.
Inúmeras personagens em torno de quem giram micro narrativasa, figurinos
rigorosos, recriação fiel dos espaços tornam o filme numa autêntica viagem a um
passado nacional muitas vezes completamente esquecido na sombra dos
Descobrimentos. O mérito da obra foi reconhecido pelo Ministério da Educação
que o utilizará nos programas de História do ensino básico e secundário. Concorrente ao Leão de Ouro de Veneza e seleccionado para os Festivais de Toronto, San Sebastián e Nova Iorque, "As Linhas de Wellington" mostra a enorme vitalidade do cinema europeu e da sua capacidade de competir
internacionalmente.
A profusão de enredos enraizados na estrutura principal, contudo, se é propositada e um dos pontos potencialmente mais interessantes da obra, acaba por nem sempre tornar claras estas pequenas histórias e de algum modo criar dispersão em quem tenta encontrar uma coesão narrativa. Muito embora esse aspeto contribua para reforçar o caos da guerra e a sua própria ausência de sentido.
A profusão de enredos enraizados na estrutura principal, contudo, se é propositada e um dos pontos potencialmente mais interessantes da obra, acaba por nem sempre tornar claras estas pequenas histórias e de algum modo criar dispersão em quem tenta encontrar uma coesão narrativa. Muito embora esse aspeto contribua para reforçar o caos da guerra e a sua própria ausência de sentido.
Classificação - 4,5 Estrelas em 5
2 Comentários
penso que lhe falta algum rigor histórico
ResponderEliminarBoa crítica e bom respeito pela cinéfila nacional.
ResponderEliminarParabéns