Crítica - The Possession (2012)

Realizado por Ole Bornedal
Com Jeffrey Dean Morgan, Kyra Sedgwick, Madison Davenport

É impossível começar este texto sem antes referir que “The Possession” está longe de ser um filme de terror sobrenatural/demoníaco tão arrojado ou tão impetuoso como as grandes produções do género, mas admito que esperava muito menos deste novo trabalho de Ole Bornedal. Produzido por Sam Raimi, um dos indivíduos mais criativos e conceituados da indústria dos filmes de terror, “The Possession” não é revolucionário nem está livre de clichés, mas pelo menos consegue surpreender em alguns momentos e, em última análise, é uma razoável escolha para todos aqueles que apreciam obras deste género. O protagonista de “The Possession” é Clyde Brenek (Jeffrey Dean Morgan), um pai recém-divorciado que ainda está a habituar-se a uma vida longe da sua ex-mulher, Stephanie (Kyra Sedgwick), e não vê por isso nenhuma razão para alarme quando a sua filha mais nova, Em (Natasha Calis), compra, numa clássica feira da ladra, uma caixa de madeira com uma misteriosa inscrição que lhe chamou a atenção. No entanto, coisas estranhas e horríveis começam logo a acontecer. Em torna-se cada vez mais obcecada com a caixa, chegando mesmo ao ponto de levar o curioso objeto consigo para todo o lado. O seu comportamento torna-se cada vez mais obscuro, e mesmo perigoso. Por muito que tente, Clyde não consegue separar Em da caixa, nem mesmo quando Stephanie começa a acreditar que é por isso que a filha está a perder o juízo. Traumatizada por um acontecimento perturbador e inexplicável após outro, a família está prestes a desvendar a verdade do que realmente lhes está a acontecer.


Eu acho que todos nós já vimos este filme em algum lado, afinal de contas os filmes sobre possessões demoníacas não são invulgares e também não são exemplos de inovação, mas entre as mais recentes produções do género, este “The Possession” até se destaca como um filme menos mau que infelizmente se torna cada vez mais fraco com o passar dos minutos. A sua primeira parte até é enigmática e algo arrepiante mas, à medida que o filme vai avançando para a sua fase conclusiva, este negro e imprevisível ambiente vai sendo progressivamente substituído por uma dispensável onda de estereótipos e previsibilidade que acaba por eliminar grande parte do suspense e impacto desta obra, que tem também um final ridiculamente similar ou de outras produções semelhantes. A degeneração qualitativa do argumento é claramente o principal fator negativo de “The Possession”, mas convém salientar outros aspetos menos positivos como a irritante abundância de melodramatismos familiares, os clichés que rodeiam o desenvolvimento dos seus intervenientes centrais e a ridícula tentativa de diferenciar este filme dos restantes através da inclusão de um demónio proveniente da mitologia judaica em vez do clássico demónio proveniente da mitologia cristã. As falhas do argumento afetaram, como é natural, o trabalho do seu realizador (Ole Bornedal) e do seu elenco, mas acho que não se pode dizer que estas duas áreas tenham contribuído decisivamente para o resultado final. É claro que Bornedal poderia ter levado o filme noutra direção mais explícita ou sangrenta, mas como realizador não guionista limitou-se a fazer o melhor que sabe com um argumento com algumas falhas. O seu elenco também tem um trabalho coletivo ameno e sem nenhum alto ou baixo relevante. Tal como muitos filmes da mesma família, “The Possession” não está completamente desprovido de elementos de terror e até consegue assustar os mais impressionáveis, mas as fragilidades da sua história baseada em fatos verídicos acabou por impedir que esta obra se distanciasse da mediocridade e dos lugares-comuns do género. 

Classificação – 2,5 Estrelas em 5

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