Crítica - Pitch Perfect (2012)

 
Realizado por Jason Moore 
Com Anna Kendrick, Brittany Snow, Rebel Wilson, Alexis Knapp 

Os musicais juvenis estão em voga, mas a série “Glee” continua a ser o único produto deste género que tem demonstrado capacidade para agradar à crítica especializada e às principais faixas etárias do grande público norte-americano e internacional. É claro que outros produtos como a trilogia cinematográfica “High School Musical” ou as séries “Hannah Montana” e “Shake It Up” também são bastante populares entre o seu público-alvo, mas a sua qualidade técnica, musical e narrativa é mais do que dúbia. O que não é duvidoso ou contestável é a qualidade deste “Pitch Perfect”, que realmente não fica nada atrás da mega-popular série cómica/ musical criada por Ryan Murphy. Estas duas produções têm semelhanças óbvias, mas convém realçar que este filme de Jason Moore tem méritos próprios e não é uma cópia nem uma tentativa de cópia de “Glee”, muito pelo contrário, é uma produção com uma identidade própria. A sua história centra-se em Beca (Anna Kendrick), uma tímida mas talentosa jovem que, ao chegar à sua nova faculdade, descobre que não se dá com muita gente mas, por qualquer razão, é atraída para um grupo que nunca teria escolhido por si, ou seja, um grupo um grupo de raparigas, muito diferentes umas das outras, que têm em comum o facto de cantarem bem quando estão juntas. A obstinada Beca acaba por convencer este grupo de cantoras acústicas a trocarem o seu registo fortemente tradicional e harmonioso por um estilo mais urbano e conhecido que lhes poderá dar uma hipótese real de conquistarem uma importante competição musical e assim humilharem os seus grandes rivais.


O estilo e conteúdo do seu enredo não é imensamente inovador ou criativo, mas “Pitch Perfect” cumpre, pelos menos, os requisitos mais básicos do género ao nos oferecer uma trama minimamente divertida e realista que inclui uma série de cativantes momentos musicais, que conseguem transmitir ao espetador uma revigorante onda de alegria e boa disposição. Estas sequências musicais estão todas muito bem conseguidas, quer a nível musical quer a nível coreográfico, mas eu preferia que os seus criadores tivessem apostado numa maior diversidade de artistas e estilos musicais, já que a vasta maioria destas sequências são formadas por covers de canções pop/ r&b muito mediáticas mas claramente limitadas e levianas, no entanto, seria sempre muito difícil de encontrar grandes clássicos ou músicas de elevado calibre num musical como este, que tem nos adolescentes o seu público-alvo. Esta obra também é agraciada por alguns momentos de genuíno humor, sendo a maioria dessas cenas protagonizadas pela carismática Rebel Wilson e pela sua hilariante Fat Amy, uma personagem extravagante e imaginativa que estimula o nosso sentido de humor com as suas jocosas e satíricas façanhas. É claro que para o sucesso desta personagem muito contribui o talento de Rebel Wilson, uma jovem atriz que se começa a destacar em Hollywood graças aos seus papéis cheios de loucura e vivacidade. À margem da música e da comédia, “Pitch Perfect” também perde algum tempo a explorar os dramas e conflitos que envolvem a protagonista que, para além de ter que lidar com os melodramas e conflitos internos que teimam em aparecer dentro do grupo musical que a acolheu, tem também que decidir que rumo é que quer dar à sua vida e se a sua grande paixão pela música tem ou não lugar no seu futuro. O enredo presta a devida atenção e cuidado a todos estes conflitos e dilemas emocionais, mas todos eles acabam por cair para um plano secundário em virtude do realce que é dado às constantes competições musicais, recheadas de tensão e diversão, que têm lugar ao longo do filme e onde se enquadram a vasta maioria das sequências musicais. A protagonista também se envolve, a certa altura, numa inibida e nada atrativa relação amorosa com um membro de um grupo musical rival. É escusado dizer que este romance é alvo de muito pouca atenção por parte do argumento e acaba por só lhe acrescentar coisas más e inúteis. Eu compreendo que um filme deste género tem que ter algum tipo de romance, mas Kay Cannon (Guionista) poderia tê-lo abordado de outra forma. A previamente mencionada performance de Rebel Wilson não é a única que merece ser aludida, mas não há duvidas que, por muito agradáveis e surpreendentes que sejam os desempenhos de Anna Kendrick e Brittany Snow, a grande estrela do elenco deste musical é Rebel Wilson, que sempre que aparece no ecrã consegue ofuscar as suas companheiras. É fácil de perceber, por tudo o que escrevi até agora, que fiquei agradavelmente surpreendido com este “Pitch Perfect”, uma comédia com uma história leve mas com uma direção clara e uma calorosa vertente musical, que falha apenas em pequenas coisas que acabam por não afetar gravemente  a nossa experiência cinematográfica.

Classificação – 3,5 Estrela em 5

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