Abaddon de Rui Madureira
Abaddon é uma obra iniciática. O autor, sem avisar,
transporta o leitor através dos meandros da natureza humana, usando uma hábil e
densa arquitetura narrativa em que os diversos planos se cruzam de forma
arrebatadora. O enredo, assente na mitologia cristã, embora o autor se afirme
não religioso, aborda as relações problemáticas entre Deus, os Anjos e os Demónios.
Estas personagens surgem perante o leitor tão repletas de conflitos interiores
que, se não fossem divinas, pareciam humanas. Noutra dimensão, vivem Angela e
Vera Palmer e ainda Alex entre um leque considerável mortais que, perplexos, se
veem envolvidos, nas brutais lutas divinas, tentando, apesar de tudo, encontrar
um sentido para as suas vidas. Entre o Inferno dantesco e o cristalino Paraíso,
encontramos uma Londres, apresentada de forma que nos é muito familiar, povoada
de personagens tão bem construídas que quase as conseguimos visualizar.
A linguagem despudorada, que é usada de forma muito criativa num ritmo que se intensifica a cada página, anuncia um estilo maduro por onde perpassam inúmeras leituras e uma profunda cultura cinematográfica. De facto, como Mário Dorminsky já afirmou, estamos perante um argumento de um filme que merecia ser rodado com o aparato que a narrativa exige e, sem dúvida, merece. Os diálogos fazem jus à elaborada construção das personagens, chocando, por vezes, o leitor com a sua brutalidade e arrojo. A narração, ainda que não se afirme na primeira pessoa, não hesita na sua subjetividade, aproximando assim quem lê de quem narra como se de uma lente de objetiva se tratasse.
Tudo nesta obra é grandioso, desde as lutas esmagadoras, narradas ao mais ínfimo e arrepiante pormenor, à crueza do cruzamento entre o plano divino e o humano, aos momentos de extremo lirismo, numa batalha de emoções contraditórias com a qual dificilmente conseguimos deixar de nos identificar. Abaddon é, sem qualquer dúvida, uma obra de maturidade que nos faz desejar acompanhar de perto os futuros trabalhos de Rui Madureira.
A linguagem despudorada, que é usada de forma muito criativa num ritmo que se intensifica a cada página, anuncia um estilo maduro por onde perpassam inúmeras leituras e uma profunda cultura cinematográfica. De facto, como Mário Dorminsky já afirmou, estamos perante um argumento de um filme que merecia ser rodado com o aparato que a narrativa exige e, sem dúvida, merece. Os diálogos fazem jus à elaborada construção das personagens, chocando, por vezes, o leitor com a sua brutalidade e arrojo. A narração, ainda que não se afirme na primeira pessoa, não hesita na sua subjetividade, aproximando assim quem lê de quem narra como se de uma lente de objetiva se tratasse.
Tudo nesta obra é grandioso, desde as lutas esmagadoras, narradas ao mais ínfimo e arrepiante pormenor, à crueza do cruzamento entre o plano divino e o humano, aos momentos de extremo lirismo, numa batalha de emoções contraditórias com a qual dificilmente conseguimos deixar de nos identificar. Abaddon é, sem qualquer dúvida, uma obra de maturidade que nos faz desejar acompanhar de perto os futuros trabalhos de Rui Madureira.
À venda nas lojas Book-it, lojas FNAC, livrarias Bertrand e
Wook.pt
Abaddon, Rui Madureira. S. Mamede de
Infesta: Edium Editores, 2012, 600 pp.
0 Comentários