Top 10 - Filmes de 2012 (Rui Madureira)

O ano está quase a terminar e chegou por isso a altura de escolher aqueles que foram, no meu entender, os Melhores Filmes de 2012. Eu relembro que esta lista versa apenas sobres os filmes que estrearam nas salas de cinema portuguesas entre Janeiro e Dezembro de 2012.

 
1º - The Artist 

Foi o grande vencedor da última cerimónia dos Óscares e é o grande campeão de 2012. Numa altura em que a tecnologia domina por completo o mundo da 7ª Arte, ninguém diria que um filme mudo e a preto-e-branco iria causar tanto furor. No entanto, e contra todas as expectativas, “The Artist” superou todos os desafios e impôs-se como uma das pérolas cinematográficas de 2012. Não possui efeitos especiais deslumbrantes nem estrelas de renome, mas tem um coração enorme e tão cedo não será esquecido.

2º - Take Shelter
Foi a maior surpresa do ano. Não rebentou com o box-office (infelizmente), mas fartou-se de receber elogios por parte da crítica especializada. Michael Shannon oferece-nos a prestação mais sólida desde o brilhante “Revolutionary Road” (filme pelo qual recebeu uma nomeação para os Óscares) e Jeff Nichols dá mais um passo de gigante em direção ao estatuto de realizador de culto. Quer ver um filme sobre o fim do mundo? Então esqueça “2012” e deixe-se levar pela inquietude deste “Take Shelter”.
3º - The Hobbit: An Unexpected Journey
Muitas eram as dúvidas relativamente a esta nova trilogia de Peter Jackson situada na fabulosa Terra Média. “The Hobbit” é mais leve e infantil que “The Lord of the Rings”, de modo que se temia um regresso inglório ao mundo dos hobbits, elfos, homens, orcs e anões. Peter Jackson e a sua equipa, contudo, demonstraram uma vez mais o quão à vontade se sentem no complexo mundo de Tolkien, criando aqui uma nova aventura cheia de beleza, dinamismo e batalhas eletrizantes. Contrariando todos os receios, este primeiro capítulo da trilogia “The Hobbit” foi um triunfo a todos os níveis. Resta saber se os restantes capítulos estarão à altura dos acontecimentos, pois as expectativas estão de novo nos píncaros da Montanha Solitária.

4º - The Descendants
Começou por ser o grande favorito da 84ª cerimónia dos Óscares, mas depois perdeu terreno para “Hugo” e “The Artist”. Alguns acharam a interpretação de Clooney fastidiosa e igual a tantas outras. Eu achei que foi, de facto, uma das mais notáveis da sua carreira. “The Descendants” apanha-nos desprevenidos, pois envereda por caminhos que não estávamos à espera. É o protótipo do filme que tem muito mais para dar do que à primeira-vista parece.
5º - Hugo 

Olhando para o currículo de Martin Scorsese, dificilmente o imaginaríamos a dirigir uma película de contornos infantis com vários elementos de fantasia à mistura. No entanto, “Hugo” tornou-se uma realidade incontornável e veio reforçar a ideia de que mestres como Scorsese se sentem à vontade em qualquer género cinematográfico. “Hugo” é um filme maravilhoso, dirigido com mestria por um dos realizadores mais talentosos de todos os tempos. Só é pena que o espírito jovial o faça procurar em demasia o final feliz, retirando alguns pontos à credibilidade do fio narrativo.

 6º - Argo 

“Gone Baby Gone” trouxe a descoberta de uma nova faceta a alguém que se encontrava nas ruas da amargura. “The Town” trouxe a confirmação de um talento emergente na área da realização. E “Argo” traz agora a solidificação de um ator que se tornou realizador por excelência. O salto para trás das câmaras deu a Ben Affleck uma nova oportunidade no mundo da 7ª Arte. E “Argo” pode muito bem dar-lhe a primeira (e merecida) nomeação para o Óscar de Melhor Realizador. É o exemplo perfeito de alguém que não se deixou abater e que respondeu aos detratores da melhor forma possível: através da apresentação de trabalhos muito acima da média, comprovando que era mais do que o menino preguiçoso e sem talento que todos faziam crer.

7º - The Perks of Being a Wallflower
É um dos melhores indies do ano, se não mesmo o melhor. A juventude encontra aqui uma representação bem mais fiel do que a que se pode encontrar em qualquer filme da saga “American Pie”. As desventuras de um grupo de jovens inadaptados são retratadas com enorme carinho e sentido de excelência narrativa, o que faz desta obra um dos inevitáveis must see de 2012. Ezra Miller tem mais uma prestação de encher o olho, Logan Lerman dá um passo de gigante no seu crescimento enquanto ator e Emma Watson demonstra aquilo que já se esperava: que há vida para além de Hermione.
8º - We Need to Talk About Kevin
Leva para casa o prémio de filme mais perturbador desta lista. A sua estrutura narrativa invulgar faz com que a experiência cinematográfica se torne ainda mais inquietante e emocionalmente arrasadora, podendo dizer-se que a realizadora Lynne Ramsay acertou na mouche. O espectador transforma-se numa marioneta controlada por Ramsay, que não permite que os segredos da película se revelem de forma demasiado gratuita. E tanto Ezra Miller como Tilda Swinton dão tudo o que têm, deixando a sua marca numa obra de visionamento obrigatório.
9º - Looper
Foi, sem sombra de dúvida, um dos filmes mais entusiasmantes de 2012. A segunda metade da película não consegue acompanhar a espetacularidade artística e visual da primeira, e o último ato deixa mesmo algo a desejar. No entanto, “Looper” nem por isso deixa de ser um dos mais brilhantes filmes de ficção-científica dos últimos anos, afirmando-se como um projeto sólido e tremendamente ambicioso. É ficção-científica para adultos, e isso não é dizer pouco.
10º - Coriolanus
A estreia de Ralph Fiennes na cadeira de realizador não desabrocha num filme para todos os públicos, mas “Coriolanus” é brilhante a todos os níveis. Isto é Shakespeare ao mais alto nível. Ao princípio, os diálogos fielmente shakespearianos ainda podem incomodar um pouco. Mas a partir do momento em que nos habituamos a esse modo de discursar, esta obra transforma-se num portento cinematográfico repleto de interpretações notáveis. Todos os atores mostram o material de que são feitos, mas Ralph Fiennes e Vanessa Redgrave merecem honras de destaque, pois são eles os verdadeiros motores desta trama admirável.     

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>