Top 10 - Filmes de 2012

O ano está quase a terminar e chegou por isso a altura de escolher aqueles que foram, no meu entender, os Melhores Filmes de 2012. Eu relembro que esta lista versa apenas sobres os filmes que estrearam nas salas de cinema portuguesas entre Janeiro e Dezembro de 2012.

1º - We Need to Talk About Kevin 

É sempre difícil de escolher o filme que deve encabeçar a lista dos melhores filmes do ano, mas devo confessar que desta vez não senti grandes dificuldades em fazer a minha eleição, já que o brilhante “We Need To Talk About Kevin” foi, sem dúvida alguma, o filme que mais mexeu comigo e aquele que ainda hoje se destaca como o melhor filme que vi este ano, superando grandes títulos de grandes cineastas que venceram os maiores prémios de Cannes ou Veneza e que foram ou ainda vão ser nomeados aos Óscares. O que importa referir é que “We Need To Talk About Kevin” é um filme soberbo, um incrível thriller dramático com uma série de sequências memoráveis, um par de performances de luxo e um argumento muito completo que aborda uma trama sem falhas e recheada de tensão, emoção e violência. É, pura e simplesmente, um filme fenomenal. 

   
2º - Amour 

Era difícil de esperar mais e melhor de um já de si soberbo Michael Haneke, mas este talentoso cineasta austríaco conseguiu superar-se a si próprio e surpreender tudo e todos com este comovente “Amour”, uma longa-metragem absolutamente magistral que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2012, mas convém salientar que não é por causa deste prestigiante prémio que conseguiu um lugar nesta lista. As razões que sustentam esta sua posição prendem-se, quase de forma exclusiva, com a magnificência do seu argumento que nos pinta um comovente retrato sobre a força e os limites do verdadeiro amor. Para além de um enredo de luxo, “Amor” conta ainda com uma brilhante direção de Michael Haneke e um soberbo trabalho de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva. É por tudo isto que “Amour” se destaca como um dos dez melhores filmes do ano.

 
3º - The Turin Horse 

Segundo Béla Tarr, “The Turin Horse” é o seu último filme. Se esta noticia se confirmar, então Béla Tarr sai de cena com um enorme filme que retrata na perfeição o peculiar estilo da sua aclamada filmografia. Tal como “Sátántangó” (1994), “The Turin Horse” é um filme muito complexo e subjetivo que mexe com uma série de labirínticos dilemas filosóficos que nos fazem pensar sobre as mais variadas questões que rodeiam a nossa existência. Esta sua profunda veia filosófica e alternativa afastou-o do sucesso e da aclamação internacional, mas quem viu “The Turin Horse” não lhe ficou indiferente e é por isso que esta bela e intelectual produção húngara está nesta lista.

4º - Tabu 

É um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos, mas é também uma das obras mais aclamadas do ano a nível internacional. Este incrível e multifacetado trabalho de Miguel Gomes até é bastante acessível e não mexe com temas muito artísticos ou filosóficos, mas é claro que o seu enredo está preso a um poderoso subjetivismo que mexe com um misto de emoções um pouco dúbias que, em conjunto, até acabam por oferecer ao espetador uma valorosa experiência cinematográfica. Este agradável espetáculo narrativo resulta diretamente de um enredo muito bem idealizado e estruturado, mas também de uma brilhante e criativa direção de um cineasta com várias provas dadas na sétima arte.

5º - Hugo 

Perdeu o Óscar de Melhor Filme para “The Artist”, mas “Hugo” acaba por ficar à frente desse aclamado filme de Michel Hazanavicius nesta amadora mas nobre lista porque, para mim, consegue ser um filme mais completo e mágico com potencial para entreter mais pessoas de diferentes idades. O veterano e sublime Martin Scorsese teve a astucia e o talento necessários para transformar um conto que até dava um bom filme infantil, num filme sério mas cheio de ilusão e fantasia que, para além de explorar uma trama cheia de aventura e emoção, presta uma sentida homenagem aos primórdios do cinema e aos seus principais objetivos. É claro que “Hugo” também está muito bem feito, sendo de destacar a mestria das suas vertentes mais técnicas como o som e os efeitos visuais.

6º - Intouchables 

O estatuto de Feel Good Movie de 2012 pertence a “Intouchables”, um honroso filme francês que, para além de ser uma produção fora de série, conseguiu liderar durante algumas semanas as bilheteiras portuguesas. A sua mensagem é simples e esperançosa, sendo precisamente este facto que o torna num filme tão especial e popular. É verdade que o seu argumento não tem nada de extraordinariamente complexo, mas é tão imaginativo e completo que consegue deleitar o público com a mais simples das histórias e com as mais despretensiosas moralidades. 

   
7º - The Artist 

 O mundo rendeu-se a Michel Hazanavicius e ao seu “The Artist”, mas como é que um filme mudo com uma tradicional história de amor conseguiu ter tanto sucesso? Este pequeno filme francês trouxe de volta à ribalta os saudosos anos dourados da sétima arte e conseguiu misturar este forte sentimento de nostalgia cinematográfica com uma fórmula narrativa de sucesso que, graças à sua espontaneidade e engenhosa naturalidade, conquistou a atenção e os corações do publico e da crítica especializada que, tal como eu, rendeu-se à beleza da simplicidade técnica e narrativa desta produção, que inovou ao recorrer ao passado para se destacar dos filmes do presente.

8º - Argo 

A carreira de realizador de Ben Affleck continua em alta. Este ator/ cineasta pegou numa história verídica muito curiosa e transformou-a num filme tenso, excitante e cativante do início ao fim, que está recheado de momentos emotivos, melodramáticos e até cómicos. A riqueza do seu pormenorizado argumento só encontra rival na performance coletiva do seu conceituado elenco e na exímia direção de Affleck que, após “Gone Baby Gone” e “The Town”, volta a ter um dos seus filmes entre os melhores do ano, com a agravante de “Argo” ser para já o melhor filme da sua breve mas aclamada carreira como cineasta.

   
9º - Holy Motors 

É um dos filmes mais peculiares do ano, mas o desafiante estilo artístico de Leos Carax aliado à deliciosa perversidade intelectual da sua narrativa acaba por tornar “Holy Motors” num surpreendente prazer cinematográfico. Em algumas partes não faz muito sentido e roça por vez o exagero e o ridículo, mas é óbvio que esta obra de Leos Carax fascina todos aqueles que têm a coragem de ver um filme algo extenso que está cheio de desafios intelectuais e morais à nossa paciência e gosto pessoal.

  10º - Moonrise Kingdom 

Pode até ser o último filme desta lista, mas isso não invalida o facto de “Moonrise Kingdom” ser um grande filme que tem o selo de qualidade de Wes Anderson, um cineasta extremamente inventivo e natural que raramente faz filmes que ficam abaixo da média. Este “Moonrise Kingdom” é apenas mais um exemplo da enorme criatividade natural deste aclamado realizador, mas ganha um destaque ainda maior porque tem uma base muito mais emocional e romântica que os outros filmes do cineasta que, nesta obra, preferiu deixar de lado o seu lado artístico e mostrar ao mundo o seu lado mais intimo e romântico, algo que ressoa na perfeição nos valores e ideais desta maravilhosa comédia dramática que reúne também um elenco absolutamente fenomenal, onde crianças e adultos unem-se numa ode à sétima arte, à aventura e ao romance. 

Menção Honrosa – A par dos dez filmes referenciados, passaram este ano pelas nossas salas de cinema muitos outros filmes de grande qualidade que merecem ser aqui mencionados, assim sendo, para além dos dez primeiros importa destacar “O Gebo e a Sombra”, de Manoel de Oliveira; “Take Shelter”, de Jeff Nichols; “The Dark Knight Rises”, de Christopher Nolan; “Cloud Atlas”, de Tom Tykwer, Lana e Andy Wachowski; “Shame”, de Steve McQueen; “The Perks of Being a Wallflower”, de Stephen Chbosky; “Martha Marcy May Marlene”, de Sean Durkin; “My Week With Marilyn”, de Simon Curtis; “The Girl with the Dragon Tattoo”, de David Fincher; “Young Adult”, de Jason Reitman; “The Muppets”, de Jason Bobin”, “Frankenweenie”, de Tim Burton; “Le Havre”, de Aki Kaurismäki; “The Best Exotic Marigold Hotel”, de John Madden; “Cosmopolis”, de David Cronenberg; “Prometheus”; de Ridley Scott; “Elena”, de Andrei Zvyagintsev; “Oslo, 31. August”, de Joachim Trier; “Ruby Sparks”, de Jonathan Dayton e Valerie Faris; “Hope Springs”, de David Frankel; “Les Adieus à la Reine”, de Benoît Jacquot; “Poulet aux Prunes”, de Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud; “Skyfall”, de Sam Mendes; “Pitch Perfect”, de Jason Moore; “Bir Zamanlar Anadolu'da”, de Nuri Bilge Ceylan; “Anna Karenina”, de Joe Wright; “Life of Pi”, de Ang Lee; “The Hobbit: An Unexpected Journey”, de Peter Jackson, "Killing Them Softly", de Andrew Dominik, "The Cabin in the Woods", de Drew Goddard; "Coroliano", de Ralph Fiennes e “The Descendants”, de Alexander Payne.

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8 Comentários

  1. Para mim, o mérito principal destas listas é o lembrar-nos do que ainda há por ver. Por isso, esta é muito boa.

    Bom Ano!

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  2. O meu top que eu escolho penso que é mais realista. Não sei qual é o interesse de publicar uma lista demasiado elitista, filmes que ninguém vê, e provavelmente poucos ouviram falar. Um filme na minha opinião deverá ser sempre analisado tendo em conta a sua qualidade/capacidade de agradar os espectadores.
    Será que me podem dizer quantas pessoas viram Holy Motors ou The Turin Horse? Poucos certamente.

    1. The Girl with the Dragon Tattoo - Os Homens Que Odeiam As Mulheres
    2. Cloud Atlas
    3. The Dark Knight Rises - O Cavaleiro das Trevas Renasce
    4. The Descendants - Os Descendentes
    5. Intouchables - Amigos Improváveis
    6. 007 - Operação Skyfall
    7. The Hunger Games - Os Jogos da Fome
    8. Prometheus
    9. Shame – Vergonha
    10. To Rome with Love - Para Roma com Amor

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  3. Por acaso o Holy Motors está a ser um recorde de bilheteira por toda a Europa, e o seu realizador, é um dos mais aclamados e premiados do seu tempo. Mas sim, poucos o viram certamente...

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  4. Um sucesso de bilheteira Holy Motors? Pelo Box office Mojo não me parece (http://www.boxofficemojo.com/movies/?id=holymotors.htm)

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  5. Shame e Take Shelter deviam estar na lista, mas vou tratar de ver os que ainda nao vi, para ver se realmente compensa.

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  6. We Need To Talk About Kevin,Intouchables ,The Artist e Argo concordo com o colunista e aos demais preciso assistir.É preciso enfatizar que os filmes nesta lista não utilizam critérios de repercussão ou bilheteria mas de qualidades: fotografia,roteiro,som,desempenho dos atores,direção,arte,efeitos visuais etc;Qualidade não é sinônimo de bilheteria na maioria das vezes.É preciso entender o que o colunista nos diz com a lista que nos apresenta.

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  7. Hugo e o Artista sao filmes de 2011 e nao de 2012 pois foram lançados entre 1 janeiro e 31 de dezembro de 2011 para concorrerem ao óscar 2012 o que é uma Regra da Academia (No Brasil foram lançados em 2012)

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