Crítica - Iron Man 3 (2013)

Realizado por Shane Black
Com Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Guy Pearce, Ben Kingsley
Suportada por um Robert Downey Jr. em ascensão que trouxe um grande carisma à excêntrica personagem de Tony Stark, a saga “Iron Man” estreou-se nos cinemas em grande estilo pelas improváveis mãos de Jon Favreau. O Homem de Ferro não era até então das personagens mais famosas e acarinhadas da Marvel, mas o filme de 2008 foi tão bem sucedido que Tony Stark passou desde logo a ser um dos maiores ícones da poderosa empresa de banda-desenhada. A inevitável sequela não se fez demorar muito e contou até com um vilão de peso interpretado pelo recentemente nomeado ao Óscar Mickey Rourke. O espírito de diversão continuou forte nessa sequela e Tony Stark permaneceu tão carismático como sempre, mas a verdade é que essa segunda entrega já não causou o mesmo impacto, muito por causa do efeito surpresa já não se encontrar presente. E é assim que chegamos ao terceiro filme da saga um ano após o estrondoso sucesso de “The Avengers”, onde Tony Stark e o seu Iron Man até assumiram o papel de líderes do grupo de super-heróis. Porém, a fase cor-de-rosa de Stark morreu com “The Avengers”. Pois o excêntrico multimilionário está mais apagado do que nunca nesta terceira aventura a solo, o que não augura nada de bom para o seu futuro.
Após ter ajudado a despachar os extraterrestres comandados por Loki, Tony Stark (Downey Jr.) encontra-se numa maré de ansiedade generalizada. A experiência de quase-morte deixou-o num estado lastimável, onde a simples menção da palavra “extraterrestre” é suficiente para lhe despoletar um arrasador ataque de pânico. Essa terrível experiência serviu também para Stark abrir os olhos e compreender que não está disposto a perder aquilo que mais ama na vida: a sua fiel companheira Pepper Potts (Gwyneth Paltrow). Apesar de continuar um convencido de primeira ordem, Stark passa então a dar valor a coisas que antigamente lhe passavam despercebidas. E é então que o Mandarim (Ben Kingsley) entra em cena. Focado em destruir a América com os seus ferozes ataques terroristas, o misterioso Mandarim depressa espalha o terror por todo o lado, captando a atenção de Stark. E quando a própria Pepper Potts se vê atacada pelo terrorista sem escrúpulos, Stark compreende que tem de deixar os nervos de lado para salvar a amada do inimigo mais perigoso que alguma vez enfrentou…
Shane Black é o realizador do curioso e aclamado pela crítica “Kiss Kiss Bang Bang”, de modo que se esperavam grandes coisas desta sua incursão pelo universo Iron Man. Porém, por incrível que pareça, Black não consegue estar à altura de Jon Favreau, filmando esta aventura com algum desmazelo e alguma falta de aptidão para as sequências mais cómicas. Verdade seja dita, Black não teve sorte com o argumento desta terceira aventura de Stark, pois, para além de desequilibrado e repleto de lugares-comuns, é também excessivamente forçado nalguns pontos e pobre em ação arrasadora. Porém, Black contribuiu para esse mesmo argumento, de modo que nem a pobreza do guião o isenta de culpas. Tony Stark continua carismático como sempre e Robert Downey Jr. não perdeu faculdades de um dia para o outro. Mas a verdade é que Stark não tem tanta piada como costumava ter e a própria alma do filme perde pontos com isso, pois todas as tiradas cómicas soam excessivamente forçadas e nada originais (excluindo uma ou outra, como é óbvio). A história deste terceiro tomo é demasiado fraquinha, ficando muita coisa por explicar e criando relações entre personagens que não convencem ninguém (a relação forçada de Stark com o miúdo é o exemplo perfeito disto mesmo). O argumento joga demasiado com o facilitismo, socorrendo-se da narração de Stark para explicar coisas mal pensadas e avançar desajeitadamente a narrativa. Esse mesmo argumento também não dá azo a sequências de ação credíveis e de grande espetacularidade, o que poderá desapontar o público-alvo da película. E o próprio vilão revela-se uma enorme desilusão com o passar dos minutos, deixando-nos com um travo na boca (embora Ben Kingsley esteja bem e inesperadamente cómico na pele do Mandarim). Em suma, “Iron Man 3” é um filme desequilibrado e algo desajeitado, detentor de uma narrativa fraca e ação inconsequente. É, seguramente, o pior filme da saga até ao momento, dando desde já um mau início à temporada dos blockbusters.
Classificação – 2 Estrelas em 5

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4 Comentários

  1. Boa crítica, subscrevo.. Não gostei nada deste Iron Man 3 (e até fiquei um pouco revoltado), entrei na sala com grandes expectativas e saí desiludido.. É daqueles filmes que tu vês e tens a sensação que não "ficou" nada... :(

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  2. Desde já, não o considero o pior filme da saga até ao momento. Todos os filmes tiveram "momentos" engraçados e este não é exceção. Considerei-o melhor do que Iron Man 2. Este filme causa grandes efeitos surpresa quando, por exemplo...

    SPOILER ALERT!

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    ... se descobre que o Mandarim é quem é e não quem se apresenta ser (acidentalmente - diz este). E, também, depois do Homem de Ferro salvar as pessoas a caírem do avião e o acidente de autocarro em que se descobre que Tony Stark não ia no interior da sua magnífica invenção.

    Algo que se referiu muito vagamente foi o elo de ligação entre The Avengers e Iron Man 3. Não conheço a opinião do autor deste artigo, mas eu acho que ser feita a referência com conteúdo visual (imagens) e oral (falas em relação a este assunto) do filme em que junta alguns dos super-heróis existentes no universo Marvel é algo positivo (e que não foi referido neste artigo) e recorda memórias dum dos grandes filmes de 2012 a recordar.





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  3. Bela critica sem dúvida!!! Concordo bastante com o que diz o Alexandre "É daqueles filmes que tu vês e tens a sensação que não "ficou" nada..."

    Quiseram compensar 1h30 em que não aconteceu nada de especial, sempre com um Tony Stark em modo "MacGyver", com 30 minutos finais em que foi tudo ao molho e fé em Deus... passando pelo facto dos novos fatos serem todos "One Size Fit All" em que qualquer um que lá entre fica logo a saber perfeitamente como se faz tudo... enfim... uma desilusão!

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  4. "E é assim que chegamos ao terceiro filme da saga um ano após o estrondoso sucesso de “The Avengers”, onde Tony Stark e o seu Iron Man [...]"
    Estrondoso sucesso? Eu concordo, mas parece que quando Avengers saiu, não concordavam... 3,5 estrelas! Crítica "Avengers" [excerto]:
    "Não estamos, portanto, a falar do melhor filme de todos os tempos, nem sequer de uma obra que vai revolucionar a indústria. Estamos, sim, a falar de uma obra que cumpre os objetivos a que se propôs, encantando miúdos e entretendo graúdos com as suas duas horas e meia de ação explosiva."

    Nessa altura, parecia que o filme não era nada de especial... Mudaram de ideias? O que aconteceu? Gostava que me esclarecessem.

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