Realizado por Joseph
Kosinski
Com Tom Cruise, Olga Kurylenko, Morgan Freeman, Andrea
Riseborough
Joseph Kosinski era
praticamente um desconhecido antes de assumir as rédeas da realização em “TRON:
Legacy”, a sequela do clássico de 1982 com Jeff Bridges no papel principal. Essa
sequela, porém, granjeou-lhe um certo respeito no seio de Hollywood. Pois,
muito embora “TRON: Legacy” tenha ficado longe de convencer tudo e todos, a
verdade é que se afirmou como uma experiência cinematográfica de encher o olho,
onde a narrativa fluía com naturalidade por entre efeitos visuais verdadeiramente
avassaladores e uma banda-sonora bastante cativante. Ora, tendo isto em conta,
tornou-se apenas natural que Kosinski assumisse as rédeas de “Oblivion”, um
projeto futurista que se insere no mesmo género cinematográfico de “TRON:
Legacy” e que é adaptado de uma banda-desenhada criada por Arvid Nelson e pelo
próprio Kosinski. Pode dizer-se que “Oblivion” possui todos os condimentos para
agradar ao grande público, já que é uma obra repleta de efeitos visuais
espantosos, um design futurista bem engendrado e um enredo que mantém o
mistério até ao cair do pano. É, portanto, um filme de ficção-científica
minimamente original e atraente, suportado por um elenco de estrelas que ajuda
a validar todo o projeto. Todavia, deve realçar-se que “Oblivion” fica longe de
deslumbrar inteiramente, sendo notória alguma falta de química entre
protagonistas, alguma falta de profundidade em personagens-chave e uma montagem
por vezes atabalhoada que depressa lança a confusão na cabeça do espectador
mais desatento.
A narrativa centra-se
essencialmente em Jack (Tom Cruise), um técnico de reparações que viaja
diariamente pela Terra pós-apocalíptica para consertar aparelhos eletrónicos
de alta tecnologia. Na companhia da sua nave flexível e sob as orientações de
Vika (Andrea Riseborough), Jack passa os dias a reparar drones maltratados
pelos Scavangers, uma raça alienígena que despoletou uma guerra nuclear na
Terra e que forçou a raça humana a fugir para Titã, a maior lua de Saturno. A
quinze dias de também ele ser enviado para Titã, Jack trata dos seus afazeres
com a maior naturalidade do mundo, apesar de estar sempre em risco de ser
atacado pelos Scavangers. Mas estranhos sonhos e visões que contam com a
presença de uma rapariga desconhecida (Olga Kurylenko) atormentam-lhe o
dia-a-dia. E, apesar de não partilhar estes desassossegos com Vika, Jack vive
com o sentimento de que algo lhe está a ser escondido por alguém. Um sentimento
que tem a oportunidade de explorar a fundo quando a rapariga dos seus sonhos
lhe cai dos céus e quando os Scavangers o levam para as suas grutas…
A componente visual é,
sem sombra de dúvida, o ponto forte de “Oblivion”. A conceção dos cenários
futuristas está muito bem conseguida, fazendo com que em nenhum momento este
mundo pós-apocalíptico pareça falso ou oco. Tal como em “TRON: Legacy”, o
design de produção é um triunfo e os efeitos especiais pouco ou nada deixam a
desejar. Ao contrário do que cada vez mais acontece, a narrativa também se
mantém minimamente consistente e interessante do início ao fim, embora padeça
de alguns defeitos em determinados momentos. Por exemplo, o twist que sucede
sensivelmente a meio da película torna-se excessivamente previsível com o
passar dos minutos, retirando impacto a um golpe narrativo que poderia ir mais
além. Existe também uma falta de química entre Tom Cruise e Olga Kurylenko, e
todo o lado romântico do filme perde pontos com essa falha. A personagem de
Kurylenko chega mesmo a ser muito fraquinha, caindo do céu aos trambolhões e
nunca reclamando espaço para se aprofundar e desenvolver devidamente. A certa
altura fica a ideia de que todas as personagens necessitariam de mais tempo
para se afirmarem como personagens genuínas, mas a ação acaba por se sobrepor às
próprias personagens, o que fragiliza todo o enredo. Salva-se, contudo, uma
mensagem ecológica cada vez mais presente neste tipo de películas, e também um
ato final empolgante e misterioso quanto baste para nos manter acordados e
colados à cadeira. “Oblivion” não deixará grandes marcas na História do cinema,
isso é garantido. Mas é uma obra que garante entretenimento para toda a família
e que conta com Tom Cruise em grande forma. Não se pode dizer que Cruise
deslumbre ou surpreenda, mas é certamente ele que carrega o filme às costas e o
torna mais apetecível.
Classificação – 3 Estrelas em 5
2 Comentários
Concordo com quase tudo.
ResponderEliminarhttp://cronicasdavida.blogspot.pt/2013/06/oblivion.html
Oblivion valeu a pena, na minha opinião. Revelou-se uma muito boa surpresa.
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