Fest 2013 - Entrevista Com a Organização - 1ª Parte - O Festival e o Training Ground

O Portal Cinema esteve à conversa com a Organização da 9ª Edição do Fest – Festival Internacional de Cinema Jovem, que se vai realizar em Espinho entre os dias 24 de Junho e 1 de Julho de 2013. A conversa foi muito produtiva, e permitiu-nos ficar a conhecer um pouco melhor este festival e tudo aquilo que tem para oferecer ao público. 
É importante começar por dar a conhecer a base e a essência deste festival. Foi precisamente por este ponto que começou a nossa conversa com o Fernando Vasquez, um dos membros da organização deste festival, que nos explicou que o Fest – Festival Internacional de Cinema Jovem começou com a mesma ambição que marca o início de atividade de qualquer outro festival, ou seja, permitir ao público ver filmes que tradicionalmente não conseguem ter distribuição nas salas de cinema portuguesas. Este desejo materializou-se rapidamente com a criação de uma Competição Oficial, mas o Fest só conquistou um espaço muito particular dentro do circuito de festivais nacionais e internacionais de cinema, quando decidiu apostar na vertente educativa do seu público. Foi assim que nasceu o Fest Training Groud, uma das grandes marcas e, muito provavelmente, o principal cartão de visita (nacional e internacional) deste festival que, infelizmente, ainda é uma incógnita para muitos portugueses. Os objetivos do Fest Training Ground passam por oferecer uma espécie de formação complementar, dentro da área do cinema, a todos aqueles que tenham interesse em aprender um pouco mais sobre as várias facetas da sétima arte. É por isso que este evento educacional tem como público-alvo todos os cinéfilos e estudantes de cinema, com ambições profissionais, que já tenham algumas bases teóricas. É claro que não é preciso ter uma licenciatura em cinema para assistir a qualquer uma das múltiplas masterclasses, workshops, debates e palestras que, todos os anos, são organizadas pelo Fest, mas é claro que todos aqueles que já têm alguns conhecimentos base vão conseguir retirar um pouco mais de valor e conteúdo destas atividades, que acabam por ter na sua base uma forte vertente prática. 
O objetivo educativo do Fest Training Ground é conseguido, essencialmente, graças à partilha de conhecimento e troca de experiências profissionais e pessoais. É por isso que os formadores deste projeto não são ilustres desconhecidos ou amadores, mas sim pessoas com conhecimentos profundos sobre uma ou mais áreas da sétima arte. A experiência dos formadores é, portanto, um ponto fulcral para o sucesso deste projeto, sendo também uma constante preocupação da organização, que tenta sempre trazer ao festival as pessoas mais apropriadas (e nem sempre as mais mediáticas) para cumprir o grande objetivo educativo do Training Ground. A organização do Fest fez questão de nos referir que, atualmente, o Fest Training Ground tem uma dimensão global de elevado sucesso, sendo apenas superada pelo Berlinale Talent Campus do Festival de Berlim, um dos três históricos festivais europeus de cinema. A sua fama e sucesso podem ser comprovados pelo elevado número de inscrições que se têm registado em todas as edições. A edição deste ano parece estar condenada a ter um sucesso superior, porque a organização confirmou-nos que já registou um número recorde de inscrições. O “grande problema” do Fest Training Ground continua a ser a fraca afluência dos jovens portugueses. Foi possível constatar, pela convicção e paixão das palavras do Fernando, que o Fest está empenhado em fornecer aos jovens portugueses as melhores oportunidades educativas possíveis, mas a maioria dos participantes deste projeto continuam a ser estrangeiros que, pelos vistos, não se importam de se deslocar desde sítios distantes, como a América ou a Península Escandinava, para assistir às formações e masterclasses que este festival tem para oferecer. Os portugueses inscritos representam, ainda assim, cerca de 30% da totalidade de inscrições, mas é possível verificar que muitos jovens da área do cinema ainda não conhecem a valorosa oferta deste festival, ou então não querem aproveitar as suas enormes potencialidades. 
Eu tenho que concordar com o Fernando, quando este diz que o Fest Training Ground é uma importante plataforma de apoio ao desenvolvimento de produções nacionais e internacionais. Para além dos conhecimentos técnicos que derivam deste projeto, os participantes também podem reunir uma ampla e possivelmente decisiva lista de contatos que, um dia, possam vir a resultar na concretização de um projeto. Foi neste sentido que nasceu o Pitching Forum, um espaço onde realizadores e argumentistas se encontram com produtores para apresentarem os seus projetos e tentarem assim arranjar financiamento. A primeira edição desta iniciativa realizou-se o ano passado e, segundo os dados da organização, foi um sucesso a todos os níveis, já que três dos vários projetos apresentados conseguiram passar à fase seguinte de desenvolvimento. A estas três histórias de aparente sucesso podem juntar-se outras nesta edição, cujos participantes já estão a ter pequenas aulas para conseguirem embelezar e rentabilizar ao máximo os seus projetos e as suas apresentações. A grande novidade desta 9ª Edição do Fest prende-se com a realização do KinoKabaret, cujo conceito nasceu na Alemanha e tem vindo a ter muito sucesso na Europa. Este projeto está ligado ao Fest Training Ground e convida todos os participantes deste evento a trabalharem em conjunto, durante apenas dois dias, num pequeno filme. A ideia parece arriscada e duvido que o resultado final seja uma maravilha, mas é claro que será muito interessante ver o que um grupo de mentes criativas conseguiu produzir em algumas horas.
Está tudo dito sobre a essência e vertente educativa do Fest. A segunda parte desta entrevista/ nota informativa versará sobre a competição e a programação desta edição, que contará com convidados de luxo e uma série de filmes muito curiosos. Será nesta parte que abordarei, com um pouco mais de pormenor, a Programação do Training Ground que, este ano, conta com masterclasses de vários nomes conceituados, como a atriz Melissa Leo ou o realizador Peter Webber.

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