Crítica - Passion (2012)

Realizado por Brian de Palma 
Com Rachel McAdams, Noomi Rapace, Karoline Herfurth 

Esta será, muito provavelmente, uma das poucas críticas positivas que lerá em relação a este novo projeto de Brian de Palma que, a julgar pela amena receção que teve por parte da crítica especializada, será rapidamente engolido e esquecido pelo impiedoso mercado cinematográfico. É fácil compreender as críticas negativas, e até acho que muitas delas são amplamente justificadas, principalmente as que referem que este remake não consegue rivalizar com a clara qualidade do filme original, o thriller francês "Crime d'Amour"(2010), de Alain Corneau. O facto de ser um remake prejudica imenso este filme, ainda para mais se quem o vir já tiver visto o original, que é claramente um filme superior em praticamente todos os aspetos, no entanto, não consigo deixar de gostar deste remake que, embora tenha vários defeitos impensáveis, consegue compensar a monotonia dos seus primeiros sessenta minutos com um grande desenlace característico de Brian de Palma que, apesar de não ser uma surpresa para quem conheça a versão original, consegue envolver o público num intenso clima de suspense.


Se compararmos “Passion” com "Crime d'Amour" chegamos à simples conclusão que o thrilher de Corneau é muito superior à versão de De Palma, mas também seria difícil ao realizador americano criar um remake superior ao fantástico filme original que, na altura da sua estreia, foi muito elogiado pela crítica especializada que o colocou de imediato num merecido pedestal. Há em "Crime d'Amour" uma maior preocupação com o ritmo do argumento e com o progresso das duas personagens centrais, mas também com o desenvolvimento e sustentação de um forte ambiente de mistério e erotismo. Este poderoso clima de suspense também é replicado em “Passion”, mas apenas na sua poderosa reta final, onde De Palma utilizou toda a sua experiência e imaginação para criar um final que supera o do original, já que esta conclusão do remake é retratada com um pouco mais de veemência e mistério, que ajuda a criar mais dúvidas e hesitações na mente dos espetadores que, se ignorarem alguns erros ilógicos, chegarão à conclusão que este final salva o filme e aproxima-o de um produto da autoria de Brian de Palma. É complicado ficar abismado com esta produção quando já se viu o filme original, mas admito que o apreciei, apesar das suas inúmeras falhas, que incluem uma parte inicial mal construída e um par de performances muito amenas de Rachel McAdams e Noomi Rapace, que poderiam ter feito mais e melhor na pele de Christine e Isabelle, duas colegas de trabalho que, por força das suas personalidades antagónicas e do seu desejo de triunfar no mundo empresarial, acabam por se envolver numa rivalidade erótica que terá consequências trágicas para ambas. 

 Classificação – 3 Estrelas em 5

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