Crítica - The Lone Ranger (2013)

Realizado por Gore Verbinski
Com Johnny Depp, Armie Hammer, Tom Wilkinson, Ruth Wilson

Johnny Depp, Gore Verbinski e Jerry Bruckheimer já comprovaram em ocasiões passadas que formam uma equipa de sucesso quando unem esforços e deitam mãos à obra. Em 2003, contra todos os presságios e expectativas, apostaram na reinvenção dos filmes de piratas (um género até então morto, enterrado e quase amaldiçoado) e transformaram “Pirates of the Caribbean” numa das sagas mais rentáveis da 7ª Arte. Em 2011, Verbinski enveredou pelo mundo da animação e, em conjunto com Depp, fez de “Rango” o vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação. Este ano o objetivo era claro: ressuscitar a lenda do Mascarilha e fazer renascer das cinzas outro género cinematográfico que anda pelas ruas da amargura: o western. Ora, com “Pirates of the Caribbean” o trio de sucesso acertou na mouche, pois surpreendeu tudo e todos com uma aventura inesquecível e com a criação de uma personagem (Jack Sparrow, pois claro) que transformou Depp numa superestrela e que ficou desde logo gravada no panteão das personagens mais míticas de Hollywood. Mas “The Lone Ranger” não consegue fazer pelo western aquilo que “Pirates of the Caribbean” fez pelas fitas de piratas aventureiros, e aí é que está o problema. O potencial era enorme e os pontos de contacto entre os dois franchises são mais que muitos (as semelhanças entre Tonto e Sparrow são notórias, tanto a nível físico como mental), mas “The Lone Ranger” não é tão consistente e as suas personagens não são tão carismáticas. Para além do mais, o humor de “Pirates” surgia naturalmente e apanhava-nos desprevenidos, enquanto que o humor de “The Lone Ranger” é claramente mais forçado e muitas vezes ineficaz.

Mas vamos à narrativa. Baseado nas aventuras de um velho herói da cultura pop norte-americana, “The Lone Ranger” conta-nos a acidentada história de John Reid (Armie Hammer), um advogado acabado de regressar à sua terra-natal, que praticamente se vê obrigado a assumir o papel de protetor dos seus conterrâneos após a morte do irmão mais velho, um bravo ranger do Texas. Impreparado para a tarefa hercúlea que lhe põem nas mãos, ele depressa cai nas garras de Butch Cavendish (William Fichtner), o criminoso mais perigoso da região, que por acaso também tem umas contas a ajustar com Tonto (Johnny Depp), um índio de grande bravura mas parco juízo. Percebendo que terão mais hipóteses de apanhar o criminoso se unirem esforços, John e Tonto formam uma parelha improvável e partem à aventura. Mas a colaboração entre ambos revela-se um berbicacho de todo o tamanho, já que os dois heróis possuem personalidades completamente distintas…
Como produção da Disney que é, “The Lone Ranger” é leve e divertido. Só podia ser. O problema é que por vezes se torna leve demais e, após um início brilhante, o próprio sentido de diversão vai diminuindo de intensidade, já que o argumento apresenta altos e baixos e nem todas as sequências de ação convencem por inteiro. “Pirates” era louco quanto baste, mas mantinha uma dose de credibilidade que tornava a magia muito real. “The Lone Ranger” olha tanto para o topo da montanha que se deixa levar por uma loucura pouco aconselhável, tentando por todos os meios ser espetacular e nem sempre conseguindo. Estamos num filme Disney, é certo, e não podemos esquecer-nos desse facto. Ainda assim, se dois homens são projetados de um comboio em pleno ato de descarrilamento, convém que fiquem um pouquinho amachucados; se alguém cai de costas num monte de pedras, convém que solte pelo menos um “ai!” ao entrar em contacto com os bicos dos pedregulhos; pois são os pequenos detalhes que estabelecem a diferença entre o crível e a ação desmiolada. “The Lone Ranger” toma muitas vezes o caminho menos ajuizado, danificando a veracidade das sequências de ação e destroçando uma narrativa elementar e demasiado forçada. Nem tudo é mau, contudo. Depp consegue ser hilariante na pele de Tonto (embora se note alguma colagem aos tiques de Jack Sparrow) e a química com Armie Hammer está presente, o que origina confrontos entre os dois bastante divertidos. A banda-sonora de Hans Zimmer acompanha as imagens na perfeição e a perseguição final é tão cómica quanto espetacular. A produção de Bruckheimer é fabulosa, os protagonistas dão tudo o que têm e Verbinski mostra também que continua em boa forma. Mas no geral este é claramente um parente pobre de “Pirates”, que muito dificilmente terá a continuação que todos julgavam garantida.
Classificação – 2,5 Estrelas em 5

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