Com Johnny Depp, Armie Hammer, Tom Wilkinson, Ruth Wilson
Johnny Depp, Gore
Verbinski e Jerry Bruckheimer já comprovaram em ocasiões passadas que formam
uma equipa de sucesso quando unem esforços e deitam mãos à obra. Em 2003,
contra todos os presságios e expectativas, apostaram na reinvenção dos filmes
de piratas (um género até então morto, enterrado e quase amaldiçoado) e
transformaram “Pirates of the Caribbean” numa das sagas mais rentáveis da 7ª
Arte. Em 2011, Verbinski enveredou pelo mundo da animação e, em conjunto com
Depp, fez de “Rango” o vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação. Este ano
o objetivo era claro: ressuscitar a lenda do Mascarilha e fazer renascer das
cinzas outro género cinematográfico que anda pelas ruas da amargura: o western.
Ora, com “Pirates of the Caribbean” o trio de sucesso acertou na mouche, pois
surpreendeu tudo e todos com uma aventura inesquecível e com a criação de uma
personagem (Jack Sparrow, pois claro) que transformou Depp numa superestrela e
que ficou desde logo gravada no panteão das personagens mais míticas de
Hollywood. Mas “The Lone Ranger” não consegue fazer pelo western aquilo que
“Pirates of the Caribbean” fez pelas fitas de piratas aventureiros, e aí é que
está o problema. O potencial era enorme e os pontos de contacto entre os dois
franchises são mais que muitos (as semelhanças entre Tonto e Sparrow são
notórias, tanto a nível físico como mental), mas “The Lone Ranger” não é tão
consistente e as suas personagens não são tão carismáticas. Para além do mais,
o humor de “Pirates” surgia naturalmente e apanhava-nos desprevenidos, enquanto
que o humor de “The Lone Ranger” é claramente mais forçado e muitas vezes
ineficaz.
Mas vamos à narrativa.
Baseado nas aventuras de um velho herói da cultura pop norte-americana, “The
Lone Ranger” conta-nos a acidentada história de John Reid (Armie Hammer), um
advogado acabado de regressar à sua terra-natal, que praticamente se vê
obrigado a assumir o papel de protetor dos seus conterrâneos após a morte do
irmão mais velho, um bravo ranger do Texas. Impreparado para a tarefa hercúlea
que lhe põem nas mãos, ele depressa cai nas garras de Butch Cavendish (William
Fichtner), o criminoso mais perigoso da região, que por acaso também tem umas
contas a ajustar com Tonto (Johnny Depp), um índio de grande bravura mas parco
juízo. Percebendo que terão mais hipóteses de apanhar o criminoso se unirem
esforços, John e Tonto formam uma parelha improvável e partem à aventura. Mas a
colaboração entre ambos revela-se um berbicacho de todo o tamanho, já que os
dois heróis possuem personalidades completamente distintas…
Como produção da Disney
que é, “The Lone Ranger” é leve e divertido. Só podia ser. O problema é que por
vezes se torna leve demais e, após um início brilhante, o próprio sentido de
diversão vai diminuindo de intensidade, já que o argumento apresenta altos e
baixos e nem todas as sequências de ação convencem por inteiro. “Pirates” era
louco quanto baste, mas mantinha uma dose de credibilidade que tornava a magia
muito real. “The Lone Ranger” olha tanto para o topo da montanha que se deixa
levar por uma loucura pouco aconselhável, tentando por todos os meios ser
espetacular e nem sempre conseguindo. Estamos num filme Disney, é certo, e não
podemos esquecer-nos desse facto. Ainda assim, se dois homens são projetados de
um comboio em pleno ato de descarrilamento, convém que fiquem um pouquinho
amachucados; se alguém cai de costas num monte de pedras, convém que solte pelo
menos um “ai!” ao entrar em contacto com os bicos dos pedregulhos; pois são os
pequenos detalhes que estabelecem a diferença entre o crível e a ação
desmiolada. “The Lone Ranger” toma muitas vezes o caminho menos ajuizado,
danificando a veracidade das sequências de ação e destroçando uma narrativa
elementar e demasiado forçada. Nem tudo é mau, contudo. Depp consegue ser
hilariante na pele de Tonto (embora se note alguma colagem aos tiques de Jack
Sparrow) e a química com Armie Hammer está presente, o que origina confrontos
entre os dois bastante divertidos. A banda-sonora de Hans Zimmer acompanha as
imagens na perfeição e a perseguição final é tão cómica quanto espetacular. A
produção de Bruckheimer é fabulosa, os protagonistas dão tudo o que têm e
Verbinski mostra também que continua em boa forma. Mas no geral este é
claramente um parente pobre de “Pirates”, que muito dificilmente terá a
continuação que todos julgavam garantida.
Classificação – 2,5 Estrelas em 5
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