Entrevista a Jerónimo Rocha, o Realizador Das Curtas Dédalo, Breu e Les Paysages

 
O Portal Cinema esteve à conversa com o realizador, guionista e editor português Jerónimo Rocha, cuja mais recente curta-metragem, "Dédalo", está na base do grafismo da 7ª Edição do MOTELx (11 a 15 de Setembro em Lisboa). É claro que falamos com o Jerónimo Rocha sobre este seu mais recente projeto, mas também aproveitamos para explorar as suas origens, os seus projetos anteriores e, claro está, os seus planos para o futuro. Para a história fica uma entrevista muito interessante com um jovem cineasta com ideias seguras, que parece estar a seguir um rumo promissor neste competitivo ramo cinematográfico. É certamente um nome a ter em conta.

Portal Cinema (PC) - O visual da edição deste ano do MOTELx é baseado na sua curta, “Dédalo”. O que acha desta oportunidade?

Jerónimo Rocha (JR) - A Take It Easy acompanha o MotelX desde a sua primeira edição, faz agora sete anos. Por isso, como membro da Take, tenho estado directa ou indirectamente ligado ao Festival de Terror de Lisboa desde o seu nascimento. Lembro-me de fazer o primeiro trailer para o Festival: uma montagem feita a partir de imagens da primeira temporada da série “Mestres do Terror” acompanhada pela música de Chopin. Desde então fui participando ocasionalmente nos spots ora desenhando os storyboards, ora ajudando na montagem.
Em 2011 substituí uma colega minha e assumi a realização do spot desse ano. Contava a história de um grupo de rapazolas que arromba uma casa abandonada para atirar pedras a um monstro. Foi muito divertido e deu-me muita vontade de continuar a dirigir os spots do Motelx. A única coisa que não gostei foi do pouco tempo que tive para trabalhar no spot desde a pré-produção até ao deadline de entrega de bobines: uma semana. Decidi que a partir daí começava a pensar no conceito com um ano de antecedência. Foi assim que nasceu o spot do ano passado, uma ideia que sabia que a direcção do festival sempre quis explorar mas que nunca pode concretizar (por uma questão de tempo e recursos) e que no fim envolveu um gigantesco monstro em 3D feito de edifícios a caminhar sobre uma Lisboa envolvida em nevoeiro e destruição.
No fim de tanto trabalho feito a partir de computadores, fiquei com vontade de voltar às velhas técnicas de efeitos especiais e visuais que estão associados ao cinema de Terror desde os seus primórdios: queria abandonar o 3D e voltar à maquilhagem e aos “practical effects”, à construção de modelos e miniaturas, à criação de monstros em látex. O tema seria Terror no Espaço: um género que há muito queria explorar. E quis também o destino que esse mesmo ano viesse a conhecer um conjunto de pessoas cujos talentos combinados pareciam criar a fórmula perfeita para fazer desse sonho realidade: a Sofia Helena (que protagoniza a curta), o Bruno Caetano (que construiu a nave) e o João Rapaz (que construiu o monstro e foi o responsável pela caracterização e efeitos especiais). Por último pude contar com o apoio incondicional do Frederico Serra que, via TAKE IT EASY, me arranjou todos os recursos e restante equipa técnica especializada para fazer o que queria.

PC - Será que nos pode falar um pouco sobre a sua carreira. Como é que entrou nesta competitiva indústria? Porque é que decidiu enveredar por esta área?

JR - Quando era miúdo, em vez de jogar futebol como a maioria da rapaziada da minha idade, preferia recriar os filmes e séries que via na televisão com os meus restantes colegas renegados. Portanto desde do início que tive este fascínio por contar estórias, mas levei algum tempo a perceber que podia viver disso. Para minha vantagem, tinha alguma facilidade em desenhar, portanto agarrei-me a isso: estudei Artes Gráficas na Soares dos Reis e depois tirei o curso de Pintura na Faculdade de Belas Artes no Porto. Mas já na faculdade me fui começando a desviar para o mundo do cinema: no terceiro ano o Professor Eduardo Batarda permitiu que o meu projecto anual fosse uma espécie de estudo prático sobre o processo de uma animação: a escrita do argumento, o storyboard, os estudos de personagens, os layouts, os testes de animação, e por aí em diante. Nos dois anos seguintes, e muito graças ao Professor Fernando José Pereira, voltei ao universo das Artes Plásticas e dediquei-me e explorar temas e formatos que ainda assim tocavam constantemente o universo do cinema. A seguir fiz uma pós graduação em Realização, Análise de Argumento e Pitching na ECAM em Madrid. Mas depois voltei para Portugal e comecei a ficar muito deprimido porque não encontrava emprego na área audiovisual: como vivia no Porto tinha a ideia ingénua de que conseguiria arranjar trabalho com tanta facilidade no norte como em Lisboa. Mal sabia eu o quão centralizada estava a indústria da imagem: as agências de publicidade, a grande maioria das produtoras, estúdios e laboratórios, a maquinaria e os técnicos estavam na capital. Foi então que o Nico Guedes, um antigo colega de faculdade com quem já tinha feito vários projectos em conjunto, sugeriu o meu nome à TAKE IT EASY, uma produtora sediada em Lisboa que tinha criado um novo departamento criativo para o qual ele ia começar a trabalhar. Uns dias depois estava a mudar-me para Lisboa e a 1 de Dezembro de 2005 entrei na Take.

PC - Para além de realizador, também é editor. Já assumiu esse cargo em vários projetos importantes, como na série “Odisseia” ou na minissérie “Noite Sangrenta”. Estas duas experiências correram bem e foram positivas para a sua carreira? Também foi assistente do editor Richard Marizy no aclamado drama “Como Desenhar Um Circulo Perfeito”. O que retirou desta experiência? Planeia fazer mais trabalhos de edição?

JR - Ao longo dos últimos 10 anos tenho acumulado uma série de funções como realização, edição, ilustração ou animação. Para quem quer realizar, o conhecimento das técnicas de montagem é uma ferramenta essencial: é quando são tomadas as derradeiras decisões que determinam a forma como a história é contada (ou encriptada). Por isso esta é uma função que muito gozo me dá. Mas não sei se sou um editor. O que sei é que gosto muito de trabalhar com o Tiago Guedes (com quem trabalhei na Odisseia e na Noite Sangrenta) porque gosto de o ver pensar o puzzle: ver como planeia e experimenta contar as suas histórias.
A Noite Sangrenta foi a minha primeira prova de fogo: uma minissérie de dois episódios de 52 minutos com pouco mais de um mês para a montagem. Mas tive mais do dobro desse tempo para desenhar o storyboard das sequências da noite, o que me deu uma certa vantagem táctica. A série Odisseia foi também um esticão, mas desta vez com (muito) mais tempo: oito episódios de quarenta minutos, sendo que ainda dirigi uma sequência em stop motion no episódio 6 e o genérico inicial. Foram ambas experiências muito gratificantes e deram-me, lá está, experiência.
A experiência com o Richard Marizi foi breve mas intensa. Fui parar ao filme do Marco Martins porque precisavam de alguém que trabalhasse com o software Final Cut para assistir ao Montador. Foi a minha primeira oportunidade de sentir as vitórias e as angústias na montagem de uma longa-metragem. Também foi muito bom ter a oportunidade de conhecer o João Braz, que na realidade fez o grosso da montagem. Neste momento, no que toca a edição, tenho apenas planeados os possíveis trabalhos de publicidade que vierem e os eventuais projectos que o Tiago queira continuar a fazer comigo.

PC - Para além de “Dédalo”, também constam no seu currículo outras duas curtas de relativo sucesso: “Les Paysages” em 2012 e “In The Dark” em 2009. O que nos pode dizer acerca destes dois projetos e do seu impressionante trajeto no circuito de festivais nacional e internacional.

JR - O Breu (In the Dark) foi um projecto que filmei antes de ir trabalhar para Lisboa. Foi uma curta que considerei falhada e deixei a ganhar pó numa gaveta. Dois anos mais tarde, depois de muita insistência do Tiago Xavier (que protagoniza a curta e me ajudou a edificar o projecto) resolvi rever o que tinha feito e tentar salvar o que fosse possível. Reescrevi o argumento, deitei muito material fora e criei uma regra para a nova versão: todas as partes novas da história seriam criadas sobre a forma de animação. Convenci um punhado de amigos a juntarem-se a mim e a fazer cada um uma animação ao seu próprio estilo (dentro de uma certa coerência global). No fim cozi a manta de retalhos. Da montagem original que tinha 25 minutos de quase absoluto silêncio, passei a ter uma nova versão de 13 minutos narrada pelo José Pinto, com uma sequência especial narrada pelo Artur Agostinho. O resultado foi muito gratificante. É uma curta que não tem um género muito específico – não é terror mas fala do medo, não é necessariamente para crianças mas tem muitas sequências animadas – e eu gosto dela por isso.
Les Paysages surgiu numa ida ao S. Jorge, mais concretamente a uma sessão da Festa do Cinema Francês. No regresso a casa passei por uma daquelas feiras de velharias na Praça da Alegria e apaixonei-me pelos dois carrinhos com atrelados que protagonizam a curta (curtíssima aliás). Enquanto caminhava até ao multibanco mais próximo para levantar dinheiro para os comprar, a ideia de os pôr a viajar pelos escritórios da Take foi-se formando na minha cabeça. Um universo onde as mesas, cadeiras, computadores e candeeiros são vales, colinas, montanhas e ravinas. Onde as pessoas não são mais que efeitos atmosféricos, por se mexerem muito mais depressa do que o tempo que demora a animar um objecto em stop motion. Viramos a Take de pernas para o ar durante a rodagem mas valeu a pena. O universo das miniaturas não é propriamente original, mas a atmosfera descontraída e dualidade entre o trabalho do escritório e a descontracção das férias parece ser de apelo universal, porque a curta viral propagou-se pela net muito rapidamente, sendo referida em blogs um pouco por todo o mundo.

PC - O que é que nos pode contar sobre “Dédalo”? O que o levou a criar o guião deste projeto? De onde surgiu a ideia? Baseou-se em algum filme específico ou em alguma lenda urbana conhecida?

JR - Para mim o filme “Alien”, de Ridley Scott encerra em si a forma mais simples e pura tudo o que há a saber sobre o terror no espaço. Portanto esse foi o meu ponto de partida: uma nave espacial condenada, uma tripulante sobrevivente e uma criatura diabólica. A minha ideia inicial era criar um conjunto de pequenas sequências que punham a rapariga e a criatura a jogar uma espécie de jogo do gato e do rato pela nave, e apresentá-las antes de cada filme que passasse no festival. Um pouco como a peça de videoarte “Voyage Into Fear”, do Stan Douglas: dois estranhos que se encontram e desencontram num navio no meio do oceano num loop que se repete constantemente mas com diálogos e banda sonora sempre diferentes. Ou como Teseu no labirinto de Dédalo, à procura do Minotauro. Ou, voltando ao clássico de Scott, como nos últimos 15 minutos do “Alien”.
Comecei por construir na minha cabeça um momento concreto, em que a rapariga passava por detrás da besta, sem que esta seja alertada para a sua presença. Depois comecei a desenhar os concepts e mood boards e a juntar a equipa que me ia ajudar a levar a coisa avante. Foi então que percebi que o esforço de todos merecia algo mais do que pequenas sequências: tinha todos os ingredientes para uma curta. Escrevi a história para a frente e para trás desse momento inicial. E visto o entusiasmo demonstrado pela direcção do Festival, planeamos também uma exposição com os adereços, fatos, nave e fotos de produção no Cinema São Jorge. Escrevi também um diário da protagonista que relata a sua viagem até ao momento que começa a curta. E montei 4 pequenos momentos retirados da curta, que honram (até certo ponto) o meu compromisso original de passar micro sequências alternativas antes de cada filme projectado no São Jorge. Há ainda um trailer que usa imagens não necessariamente usadas na curta. O resultado final é um todo feito por partes, uma história  completa construída por quem quiser investir na junção das peças.


PC - A rodagem de “Dédalo” correu conforme o planeado? Gostaria de ter feito algo de forma diferente ou todos os seus desejos e planos estão presentes no resultado final? A experiência foi positiva?

JR - A Take conseguiu-me dois dias para filmar na Central Eléctrica do Carregado e um terceiro para filmar os planos da nave no estúdio da Nova Imagem. A ideia original era filmar duas sequências da história da Dédalo, mas ainda durante a primeira noite decidimos concentrar-nos na sequência principal e trabalhá-la com mais calma em vez de tentar fazer as duas à pressa. Foi doloroso perceber que não iríamos aproveitar os adereços que foram construídos (e maquinaria que chegou a ser montada) para essa sequência: onde a heroína descia, presa por uma corda, até um gigante condensador da nave para fazer reparações. Mas não me arrependo da nossa decisão: foi inevitável ter esse tempo para contar o melhor possível a curta que tínhamos nas mãos.
A experiência foi esgotante mas maravilhosa. Poder realizar um projecto ambicioso como este e trabalhar com tantos e tão bons profissionais é um exercício de extrema humildade. Apesar do frio, humidade, cansaço, uma logística complicada de fumo, chuva, faíscas e muito muito trabalho de caracterização, nunca estive tão feliz: senti-me como um rapazinho no recreio.

PC - E o design da “Criatura”, correspondeu à sua visão? A equipa responsável pelos efeitos especiais correspondeu às suas expetativas?

JR - O João Rapaz, a Helena Batista e a restante equipa de caracterização e efeitos especiais foram incansáveis no trabalho de construção da criatura. O detalhe que conseguiram – especialmente tendo em conta o pouco tempo que tiveram – permitiu-me garantir não só os planos que tinha originalmente previstos, como também caprichar alguns outros que tinha na manga. Os desenhos de concepção que lhes entreguei eram bastante incompletos – para lhes dar alguma margem de manobra criativa. Bastou que lhes explicasse como tinha surgido aquele ente e qual o seu contexto na sequência que íamos filmar, e logo vi nos resultados e nos seus inputs que rapidamente perceberam o que é que eu queria.
Quero também referir a hercúlea dedicação do Bruno Caetano e a sua equipa de construtores da Dédalo (da qual ainda cheguei a fazer parte) que durante um mês e meio construíram uma impressionante maquete do Cargueiro/Refinaria, fiel aos meus desenhos originais e cheia de personalidade.

PC - O que esteve na base da escolha do elenco? Como é que “descobriu” a Sofia Helena Gomes?

JR - No ano passado trabalhei com o Tiago Guedes e o Easy Lab num projecto documental que ele estava a fazer com os finalistas desse ano da escola de actores ACT. Foi uma empreitada que exigiu muito de nós: de dia trabalhávamos na Take os projectos comerciais que estivessem a acontecer e ao fim do dia íamos para a ACT recolher material de vídeo com o actores. Fiquei de rastos mas ganhei muito com o processo, senti que estava a fazer um workshop intensivo sobre direcção de actores, e ainda por cima conduzido pelo Tiago. Uma das minhas tarefas era entrevistar todos os actores e, obviamente, tirei partido da minha posição para conhecer potenciais futuros colaboradores. A Sofia foi uma dessas pessoas. Nessa altura estava a acabar o spot do Motelx desse ano (e a preparar a animação do genérico da série Odisseia) e o spot de terror no espaço já estava a germinar na minha cabeça. Ela tinha o aspecto físico e a energia correcta para o personagem que eu tinha em mente portanto decidi convidá-la para o projecto. Logo percebi que estava a lidar com alguém com cabeça e com a intuição certa para me dar o que eu queria, era claramente a escolha certa.

PC - O que espera que o público sinta ao ver “Dédalo”? Tem medo de críticas e reações menos boas?

JR - Espero que o público sinta que acabou de entrar a meio do filme e perdeu uma parte considerável da história, que terá de perceber à medida que a acção se desenrola. Mas mais do que tudo espero que o público entre num universo imersivo e viva uma experiência no mínimo curiosa durante aproximadamente 10 minutos. Aposto que irá haver quem não goste, ou não goste de algumas partes, ou não aprecie o género - é inevitável. O facto é que uma vez acabado, a curta deixa de me pertencer e passa a ter a sua vida própria. É como um filho: espero muito que vingue quando sair lá para fora porque lhe dei tudo o que pude para que vingasse. De qualquer maneira, já estou muito contente por ver que a equipa gostou do resultado final. Sendo este um trabalho não remunerado (cujas despesas acessórias foram assumidas pela Take), queria que pelo menos todos sentissem orgulho daquilo que ajudaram a construir.

PC - Em que géneros é que prefere trabalhar? A curta “Dédalo” insere-se no género de filmes de terror, mas também já teve trabalhos interessantes em stop-motion. O que prefere? A sua carreira passa pelo live-action ou pela animação?

JR - Eu acho que todos vivemos num processo de constante aprendizagem. Fazer esta curta para mim foi uma escola. O terror (no espaço) era um género que queria experimentar há já algum tempo e assim que as circunstâncias o permitiram, aproveitei a oportunidade. Mas não sinto que o meu trabalho passe pelo elogio de nenhuma técnica em particular mas sim pela exploração de ideias e conceitos que me fascinam. As sombras, por exemplo, são elementos com os quais gosto de brincar nas minhas histórias, coisa que Breu e Dédalo partilham. E o medo é definitivamente um tema que exploro desde os tempos da Faculdade de Belas Artes.

PC - O que espera da edição deste ano do MOTELx? Tem algum destaque especial?

JR - Ainda não tive a oportunidade de estudar a programação deste ano do MOTELx. Mas estou seguro que irei ver tudo o que puder, como tenho feito nas edições anteriores. Até porque no fundo, eu só fiz esta curta para ter um passe de livre acesso ao Festival.

PC - Já tem algum novo projeto em mente? Está a pensar dar o salto para as longas-metragens? Ou espera continuar mais uns anos no ramo das curtas e dos anúncios televisivos?

JR - Durante o processo de desenvolvimento da Dédalo, criei um diário do personagem feminino que vemos na curta, a Siena. Comecei por fazê-lo para me ajudar a mim responder a certas questões de argumento e realização (e até da própria concepção visual do cargueiro/refinaria espacial) e à Sofia a poder conhecer um bocado melhor o carácter do seu personagem. No final, entre o diário e as notas que escrevi, fiquei com material mais do suficiente para uma longa-metragem.
Acho que seria ingénuo pensar que alguém com um percurso tão curto como o meu (e especialmente num país pequeno como Portugal) pode simplesmente escolher o ramo audiovisual em que quer trabalhar. Para mim tem tudo a ver com as oportunidades que cada um vai criando.

PC - Qual é a sua opinião sobre o estado atual do cinema em Portugal? Acha que o nosso país e as nossas universidades têm conseguido apoiar convenientemente os jovens cineastas? O que mudaria? 

JR - Basta ver os prémios que os nossos têm ganho lá fora nestes últimos anos para perceber que Portugal tem cineastas capazes. E como é muito típico nosso só valorizar algo nacional quando os outros lá fora o apreciam, espero que essa mensagem tenha passado. Eu acredito que a cultura define a identidade de um País. E gostava de acreditar que quem está em posição de tomar as decisões que regem este país terá alguma consciência disso. Um país que deliberadamente rompe com a produção cultural vai eventualmente ver a sua cultura tornar-se apenas uma recordação museológica e definhar. Não vai ser mais um país, vai ser um território inóspito e subserviente, colonizado por outras culturas dominantes, sem paradeiro de identidade.

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>