MOTELX 2013 - Entrevista a Patrick Mendes, Realizador em Competição Com a Curta A Herdade dos Defuntos

 
O Portal Cinema vai acompanhar de perto o MOTELx 2013, mas enquanto o festival não começa decidimos conhecer um pouco melhor os nove realizadores que este ano vão participar na Competição Oficial do MOTELx - Prémio Yorn MOTELx que, tal como tem vindo a acontecer, apenas é aberta à participação de realizadores portugueses. A vitória nesta competição vale ao realizador vencedor e ao seu trabalho o título de Melhor Curta do MOTELx, mas também um prémio monetário de 3000 euros, a que acrescem 2500 euros em serviços de pós-produção vídeo na Pixel Bunker e ainda um fim-de-semana de inspiração num dos Hotéis Belver, um dos patrocinadores do festival. Esta competição é portanto muito importante para os nove realizadores em competição, que aproveito desde já para congratular pelo trabalho realizado, e agradecer o tempo disponibilizado para participarem nesta pequena iniciativa do Portal Cinema, que tem como principal objetivo dar a conhecer ao público estes jovens realizadores e os seus respetivos trabalhos e, quem sabe, aguçar o apetite para o que o público poderá ver na Competição de 2013 do MOTELx. As nove entrevistas que foram feitas aos nove participantes – Nuno Sá Pessoa (Bílis Negra); André Gil Mata (O Coveiro); Carlos Amaral (Longe de Éden); Alex Barone (Monstro); Rui Pilão (Desespero); Paulo Araújo (Nico - A Revolta); João Seiça (Hair); Miguel Ângelo (Sara); Patrick Mendes (A Herdade dos Defuntos) – pretendem portanto dar a conhecer as suas respetivas curtas que estão a concurso, mas também o seu percurso profissional, os seus objetivos e gostos pessoais, os seus planos para o futuro e as suas expetativas para o MOTELx 2013.

O terceiro entrevistado desta pequena iniciativa é o realizador Patrick Mendes, que apresentará no MOTELx 2013 a curta “A Herdade dos Defuntos” (Escrita por Patrick Mendes/ Com Cláudia Jardim, Victor Gonçalves, Tiago Barbosa, Pedro Lacerda/ Duração - 10 Min.), que tem a seguinte sinopse oficial: Um homem desidratado atravessa uma herdade e acaba por perder a sua liberdade.

Portal Cinema (PC) - Será que nos pode falar um pouco sobre a sua carreira? O que o levou a seguir esta profissão na competitiva indústria cinematográfica, que tem vindo cada vez mais a atrais os jovens portugueses?
Patrick Mendes (PM) - Eu desde miúdo que me lembro de ser completamente viciado em cinema. Lembro-me que, quando a minha mãe comprou um vídeo, passava os dias a ver filmes. A minha mãe tinha que correr comigo de casa para eu brincar com os meus colegas. Quando cheguei ao 12º ano tinha mais de 300 vhs em casa e na escola só falava de cinema e de música. Apesar de estar no ramo de ciências, era o cinema que me fascinava. Nunca pensei no entanto que este seria o meu futuro. Acabei por concorrer e entrar no curso de Antropologia não tendo sido esta a minha primeira opção e no semestre seguinte concorri novamente e entrei na última opção que era de Educação Especial e Reabilitação. Não estava satisfeito com o curso e foi uma conversa sobre cinema com uma professora de Antropologia e História do Corpo que me sugeriu concorrer ao curso de cinema (ela não me via no curso em que estava). A minha família na altura não ficou contente com esta minha escolha pois não se via futuro nesta área (a verdade é que nem eu via), mas apesar disso decidi concorrer ao conservatório de Cinema e qual foi o meu espanto quando fui seleccionado. Durante o conservatório trabalhei em projectos paralelos com o Miguel Gonçalves Mendes e foi o Miguel que acabou por me incutir o gosto na realização, quando em 2008 propôs-me a mim e a mais dois colegas nossos realizar cada um uma curta metragem com um tema em comum. Foi assim que nasceu o Síndrome de Stendhal. No ano seguinte conheci o Paulo Abreu que me mostrou os seus filmes em Super-8 e ganhei uma vontade de para alem de realizar, também a de produzir e nasceu “Sangue Frio” e “Synchrotron”. Desde aí nunca mais parei de realizar. 

PC - Como reagiu quando descobriu que “A Herdade dos Defuntos” foi escolhido para participar na competição oficial do MOTELx 2013? Já tem algum plano para o prémio monetário, caso vença a competição?
PM - Fiquei contente como é evidente. O dinheiro seria aplicado num novo projecto como tenho feito no passado.

PC - O que o levou a escrever o guião de “A Herdade dos Defuntos”? O que é que o público pode esperar desta curta? Pode-nos dar uma breve sinopse da curta?
PM - Os meus projectos surgem sempre da colaboração com Aníbal Santos, o Art Director que me faz as máquinas. O que me levou a escrever este guião acima de tudo foi a situação de crise em que vivemos nesta Europa envelhecida de valores, onde o mais forte opera sobre o mais fraco, escravizando-o. Se tivesse que escrever uma sinopse diria: Um homem trespassa uma herdade e acaba por perder a sua liberdade.

PC - Se tivesse de comparar “A Herdade dos Defuntos” com um projeto já existente, qual seria a sua escolha?
PM - Seria provavelmente o projecto de resgate do FMI a Portugal.

PC - O que nos pode dizer sobre o processo de filmagens de “A Herdade dos Defuntos”? Ficou satisfeito com o trabalho do elenco que escolheu?
PM - Posso dizer que foi filmado em dois dias muito intensos sob um calor extremo de perto de 40ºC onde não se controlavam todos os elementos como o caso da água, pelo que parte do processo passou pelo facto de acreditar que iria correr bem. Sim fiquei satisfeito com o trabalho dos actores. Todos eles ajudaram-me imenso mesmo nas sequências em que não entravam e ajudaram-me a resolver alguns problemas com sugestões que se colocaram na altura da rodagem.

PC - Tem algum realizador que o inspire e cuja carreira admire? Qual é o seu filme favorito?
PM - Não consigo enunciar apenas um realizador nem um filme favorito. Há vários realizadores e posso enunciar alguns que mesmo assim não serão todos os que admiro ou que me inspiram. Mas posso lançar uns nomes como o Jan Svankmajer, os irmãos Quay, o David Lynch, Andrei Tarkovsky, Jean Cocteau, Shinya Tsukamoto, o Reinaldo Ferreira, Pedro Costa, João César Monteiro.

PC - O que espera da edição deste ano do MOTELx? O que é que lhe chama mais a atenção na programação deste ano?
PM - Sem dúvida que os filmes do Tobe Hopper são uma obrigação a ver e estou curioso com o filme da filha do David Lynch.

PC - Já está a preparar algum projeto novo? Vai continuar ligado ao género dos filmes de terror?
PM - Sim estou a começara pós produção de um projecto novo e não me considero ligado a géneros. Vejo cada projecto como único e até o filme estar concluído nada está definido. Até à data os meus projectos têm ido para o lado negro da vida mas quem sabe para onde irá o próximo. O filme que fiz antes d’A Herdade dos Defuntos (Homenagem a quem não tem onda cair morto) não é um filme ligado ao género de terror, portanto não sei responder a essa questão. Penso que o próximo projecto é que poderá responder se vai para a gaveta “A” ou “B”.

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