É oficial, a Blockbuster já deixou de ter lojas abertas nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Na Europa, a Blockbuster já foi completamente erradicada há alguns anos, mas a empresa ainda mantinha cerca de trezentas lojas abertas na América do Norte, mas agora essas lojas também foram encerradas por ordem da DISH Network, que pretende dar um novo rumo à empresa que, num passado não muito longínquo, chegou a dominar, sem qualquer problema, o competitivo mercado de compra e aluguer de produtos cinematográficos. O já esperado fim das lojas Blockbuster serve para introduzir os novos objetivos da empresa, cujo futuro passará agora em exclusivo pelo mundo cibernético, já que a DISH Network pretende transformá-la numa espécie de Netflix 2, para assim conseguir fazer face à procura dos novos tempos e das novas tecnologias. Esta aposta da DISH tem lógica, mas será que a Blockbuster ainda vai a tempo de renascer das cinzas do esquecimento?
O que é certo é que o fim das lojas Blockbuster na América do Norte e na Europa marca praticamente o fim da era das lojas de aluguer de vídeos, que proliferaram durante a segunda metade do Século XX em praticamente todo o mundo, mas que acabaram por ir perdendo a sua relevância à medida que a internet foi conquistado espaço junto de praticamente todas as faixas etárias populacionais. Em Portugal, as lojas de aluguer de vídeos, popularmente apelidadas de videoclubes, já são bastante raras, mas se procurar bem ainda é possível encontrar algumas lojas deste género em alguns pontos do país, mas é claro que os donos destas lojas representam apenas uma mera lembrança do poderio comercial que os videoclubes tinham há alguns anos atrás. É verdade que os videoclubes não morreram por mero acaso, mas sim por nossa causa, já que o comodismo de fazer o download legal (ou até ilegal) de um filme no conforto da nossa casa superou em larga escala a experiência mais cara e trabalhosa de nos dirigirmos ao videoclube local e tentar encontrar e escolher um filme que, consoante a nossa sorte, podia ou não estar disponível, mas apesar de ser menos cómodo, havia algumas vantagens claras em ir ao videoclube, que não se limitavam apenas à experiência de poder entrar em contacto físico com o DVD/ VHS escolhido, já que ao ir ao cineclube uma pessoa poderia usufruir de um atendimento mais personalizado que certamente valorizava a experiência de escolher pessoalmente um filme, mas a maior vantagem residia na permanente possibilidade de poder encontrar aquele filme especial e aparentemente desconhecido no meio de tantas opções. Eu quase que aposto que foi graças aos videoclubes que uma vasta percentagem dos habituais utilizadores de videloclubes conseguiram ver e descobrir as suas pérolas cinematográficas, que ainda hoje revêm com muito prazer e que, se não fosse pela experiência pessoal e peculiar oferecida pelos videoclubes, poderiam ter demorado muitos mais anos a encontrar.
É pena que os videoclubes estejam a morrer, mas o seu trágico fim não implicará grandes danos comerciais para a sétima arte, já que atualmente proliferam por essa internet fora vários serviços (legais e ilegais) de downloads de filmes, bem como os já habituais serviços Video-on-Demand, que prestam basicamente o mesmo serviço que os videoclubes, mas apenas ao nível do download, seja através da internet ou da televisão. Há por isso muitas alternativas mais cómodas e baratas aos videoclubes, que verdade seja dita são velhos dinossauros que já não conseguem sobreviver num mundo tecnologicamente avançado, mas para a história ficarão as grandes memórias e as divertidas experiências que os videoclubes proporcionaram, a dada altura, a todos aqueles que os frequentaram. Eu guardarei religiosamente as minhas experiências e acho que todos vocês farão os mesmo, mas convém reforçar, mais uma vez, que ainda é possível visitar um desses dinossauros e ter mais uma experiência desse calibre.
O fim dos videoclubes também levanta outra questão por ventura mais interessante. Será que as salas de cinema são o próximo dinossauro a ser extinto? A ordem das coisas parece indicar esse destino, mas se a experiência de ir aos videoclubes pode ser facilmente substituída pelas facilidades técnicas e económicas da atualidade, acho que o mesmo já não se aplica às salas de cinema, que para além de serem muito mais clássicas que os videoclubes, conseguem ainda oferecer uma maior e melhor experiência cinematográfica ao espetador, que numa sala de cinema pode usufruir de uma mega-experiência visual e sonora que o enche de argumentos positivos, contra os quais os atuais sistemas home cinema não conseguem competir, exceção feita àqueles que custam milhões de euros mas que apenas alguns podem comprar. É por isso precoce falar na extinção das salas de cinema, porque para já a oferta mais cómoda existente ainda não é mais barata nem melhor, mas se num futuro próximo isto mudar, então as salas de cinema podem vir a ter dias negros à sua frente, mas acho que só as gerações futuras é que vão ter a oportunidade de assistir a este novo trágico declínio.
4 Comentários
Primeiro, é preciso acabar com esse mito que tirar um filme da internet é ilegal. Isso é mentira. http://sol.sapo.pt/inicio/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=59968. Em segundo lugar, a vida é mesmo assim: umas coisas aparecem, outras desaparecem. Agora já chega de lamúrias. Estou a ler crónicas sobre o fim dos clubes de vídeo há mais de 10 anos...
ResponderEliminarTal como refiro na crónica, há downloads ilegais mas também há dowloads legais. Embora sejam ilegais, praticamente toda a população os faz. É claro que acho que a legislaçãoatual não é adequada e está completamente desatualizada, mas é a que, infelizmente, vigora. Por mim mudava, mas ainda há por aí muitos poderes que preferem assim.
EliminarEssa é que é a questão. A legislação que vigora quer em Portugal quer em muito sítios da Europa não faz dos downloads que a maior parte das pessoas fazem ilegal. Só há violação dos direitos de autor se existir intuito de lucrar. A partilha gratuita é perfeitamente legitima. A área da musica já desistiu há muito dessa luta. O cinema está a ser mais teimoso, mas está prestes a desistir também.
ResponderEliminarO grande problema dos clubes de vídeo era o facto de pararem no tempo. Nada mudaram, desde o seu nascimento até ao fim dos seus dias. Os espectadores precisavam de mudança . Como começou a existir uma maior facilidade de visualizar filmes na internet, os clubes começaram a morrer. No entanto, não considero que as salas de cinema sejam as próximas . Tal como foi referido no artigo, é quase impossível ter as mesmas condições audiovisuais em casa. Como tal, duvido que as salas comecem também a desaparecer (pelo menos nos próximos anos!). Outra diferença que se pode destacar para os clubes de vídeo é precisamente a mudança que já falei. Nos últimos anos, têm surgido novas tecnologias, como por exemplo a exibição em formato digital, o sistema 3D e as salas IMAX, que chamam novamente a atenção do espectador, e que o envolve numa experiência completamente diferente. Considero então, que as salas de cinema mais "caseiras" são aquelas que têm os dias contados . As outras ainda têm muito parar dar! O que acha João ?
ResponderEliminarManuel Costa Portela ( http://nograndeecran.blogspot.pt )