Crítica - Robocop (2014)

Realizado por Jose Padilha 
Com Joel Kinnaman, Gary Oldman, Samuel L. Jackson 

Embora seja fã do franchise “Robocop”, não posso dizer que cresci com ele, porque descobri os filmes e as séries um pouco tarde de mais, quando já faziam parte da história e do passado. Foi entre 1987 e 1995 que esta saga teve o seu apogeu mediático, graças em parte ao lançamento dos dois primeiros filmes, que conseguiram captar e catapultar a imaginação de muitos espetadores um pouco por todo o mundo, tendo por isso contribuído também em grande parte para a produção de duas pequenas séries televisivas que, para desagrado de muitos seguidores, só conseguiram resistir uma temporada no ar. É claro que importa referir que o valor da saga nunca residiu no pequeno ecrã, mas sim no grande ecrã, onde os dois primeiros filmes conseguiram uma boa aceitação por parte do público, especialmente o primeiro, “Robocop” (1987), de Paul Verhoeven, que até chegou aos Prémios da Academia, já que teve duas nomeações aos Óscares de Melhor Som e Melhor Edição, tendo conquistado inclusivamente o Óscar Técnico Especial de Efeitos Sonoros. Embora o terceiro filme tenha sido um autêntico desastre e uma enorme mancha no currículo de sucesso mediático do franchise, os fãs sempre olharam com saudade para “Robocop” e sempre ansiaram pelo seu regresso ao grande ecrã, que agora aconteceu por intermédio da Strike Entertainment em parceria com a MGM.
Esta espécie de remake moderno de “Robocop” não tem sequer, como se esperava, o impacto ou a qualidade do primeiro filme original, até porque os tempos são outros e as expetativas já eram muito superiores, mas confesso que, dentro do espectro geral da saga, este projeto realizado pelo cineasta brasileiro José Padilha até acaba por não ser nada mau, muito pelo contrário, até o vejo com potencial para entreter os fãs da saga e até mesmo aqueles que não o sejam e que só agora é que vão descobrir o ciborgue Robocop, o polícia do futuro que, neste remake, é interpretado por Joel Kinnaman, que dá então vida a Alex Murphy, um pai dedicado e um excelente polícia, que fica gravemente ferido após uma forte explosão. Sem grandes possibilidades de recuperar, Alex torna-se na grande oportunidade da empresa OmniCorp para testar o seu novo projeto tecnológico, que visa criar o primeiro ciborgue capaz de combater o crime sem qualquer compaixão. É assim que Alex se torna no Robocop, um super-polícia que se torna no grande triunfo tecnológico e capitalista da OmniCorp, que rapidamente descobre que os seus objetivos monetários poderão ficar gravemente ameaçados quando o seu tão elogiado policia ciborgue começa a dar provas que ainda possui uma forte componente humana.


O regresso de Robocop ao grande ecrã arretou um grande desafio para José Padilha e para a Spike Entertainment, que face à longa ausência do Robocop dos principais palcos mediáticos, provocada sobretudo pela péssima qualidade do terceiro filme e pelo insucesso geral das duas séries televisivas, tiveram que caprichar ainda mais num projeto que se aproxima-se, pelo menos, do espírito de ação do primeiro filme, que ainda hoje é um marco nos filmes de ação e ficção cientifica. É claro que o risco era enorme e, para ser franco, não acho que o resultado final seja tão bom como poderia ter sido, mas é facilmente perceptível que poderia ter sido bem pior, aliás muito pior, por isso tenho que considerar que o risco acarretado pelos seus criadores e produtores compensou, porque embora não seja uma maravilha nem sequer um filme minimamente memorável, este remake tem potencial para entreter e, claro, equipa a primeira aventura do Robocop com uma componente técnica de qualidade que evidencia sem problemas a vertente futurista e ritmada deste projeto.
O seu guião não é propriamente uma delicia, porque tem pouco sumo narrativo e, passado algum tempo torna-se previsível e até bastante gasto, mas este projeto é salvo pela vertente técnica e pelo bom nível das suas sequências de ação, que fazem justiça à honra da saga. É claro que poderia ser mais completo e mais empolgante, mas “Robocop” até que surpreende, porque sinceramente esperava um grande desastre que, felizmente, acabou por ser evitado pela criatividade de Padilha, bem como pelo cuidado extra dos seus produtores e guionistas em não corromperem a base do franchise. Por fim, Joel Kinnaman, a estrela da série “The Killing”, está competente como o novo Robocop, sendo por isso um bom substituto de Peter Weller, que vestiu a pele deste super-polícia nos dois primeiros filmes da saga, no entanto, devo confessar que não acho que interpretar esta personagem seja assim um grande desafio para qualquer ator, mas dentro das limitações, Kinnaman até esteve bem. No espetro oposto, grandes estrelas como Gary Oldman, Samuel L. Jackson, Michael keaton e Abbie Cornish pouco se destacam neste projeto que, tal como disse, não é grande coisa mas tendo em conta o que se esperava, até é uma boa surpresa que se mostra capaz de recuperar alguma nostalgia de há vinte anos atrás.

Classificação – 2 Estrelas em 5

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9 Comentários

  1. O filme é satisfatório. As principais linhas do roteiro original não foram distorcidos no remake, parabéns ao Padilha.

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  2. Com certeza pardilha manteve fidelidade ao primeiro filme apesar de todos criticarem a forma de filmagem das cenas ação achei muito boas ( gosto de videogame) se fosse em 3D iria ser irado. E percebe-se o jeito dele foi financiado pelos gringos para criticar os próprios gringos foi show d+!!

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  3. Um filme de hollywood sem a pegada hollywoodiana. Não consegui me colocar na pele do Murphy, não senti o drama que o personagem vive por sua quase morte seguida da sua "robotização". Se fosse um filme independente, teria nota 9. Mas como um filme feito pra ser blockbuster, falou o contato do Robocop com o público, com o cidadão normal na rua e faltou o apelo dramatico da sua nova condição. As cenas de ação são nota 10, mas apenas ação não são suficientes para conter meus bocejos. Uma cena mais pesada entre ele sua familia e outra dele salvando alguém, talvez ajudasse um pouco e enquadraria o filme dentro do guia básico de "como criar seu blockbuster".

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  4. O filme é excelente. Eu achava que o que havia de mais chato na primeira série de filmes era justamente o seu lamento por ter virado robô e perdido a família. Achava idiotice ele pensar assim. Ele estava quase morto. Murphy desta vez, teve uma segunda chance de retornar a esta vida e remover da sociedade pessoas que fazem o mesmo mal que fizeram a ele. E neste filme de 2014 eles entenderam isso. Parabéns Padilha.

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  5. Expetacular sem comentarios e concerteza um dos melhoresfilmes de 2014.Parabens ao Padilha.

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  6. Você acabou de dizer que o filme é medíocre, mas tudo bem, poderia ter sido bem pior, rsrs...

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  7. O filme é espetacular. Acredito que as pessoas que não estão conseguindo entender a mensagem de Padilha assim como foi no Tropa 1. Padilha abusa do sarcasmo e ironia. Consegue, em Robocop, criticar o alto escalão da bandidagem mundial. Assim como no primeiro Tropa, a mensagem do diretor não é tão explicita e por isso deixa alguns fãs do Super herói do futuro não tão satisfeitos. Talvez tenha pecado no entretenimento do publico com a historia e na clareza do rumo que o filme estava tomando, faltou um pouco de surpresa para colar a atenção de quem assiste. Mas, Padilha, de acordo com sua ideologia de usar a arte política, você não fugiu do seu padrão. Parabéns!

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  8. Melhor do que nada! É claro que nenhum remake é igual, por isso que se chama remake. Talvez seja essas criticas não construtivas que desistimulam remakes de ótimos filmes com por exemplo matrix

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