Crítica - Saving Mr. Banks (2013)

 
Realizado por John Lee Hancock
Com Emma Thompson, Tom Hanks, Colin Farrell, Paul Giamatti
“Saving Mr. Banks” é um filme simpático, um daqueles filmes que nos deixa com um sorriso no rosto, ou não estivéssemos a falar de um filme Disney, uma marca que sempre foi sinónimo de alegria, sonhos e pura diversão. Não é um filme sobre a vida do eterno e sonhador Walt Disney, como algum público tem sido levado a acreditar, mas sim um filme que aborda um momento muito particular da vida do Sr. Disney, quiçá um dos momentos mais árduos e desafiadores da sua longa carreira de produtor aos comandos da empresa que criou. Na verdade, a ser considerado um filme sobre a vida de alguém, “Saving Mr. Banks” será muito mais um filme que aborda a história de vida da escritora P.L. Travers, já que a personagem de Disney é relegada para segundo plano e é a autora de origens australianas que assume todo o protagonismo. A narrativa leva-nos a conhecer de bem perto a batalha pessoal que Disney e Travers travaram pelos direitos de adaptação ao cinema dos contos de Mary Poppins. Muitas gerações aprenderam a amar Mary Poppins, personagem que cativou a imaginação de miúdos e graúdos um pouco por todo o mundo. Mas poucos jamais imaginaram a confusão que esteve por detrás da produção dessa película clássica, e é aí que reside um pouco da magia deste “Saving Mr. Banks”: o facto de desvendar um dos segredos bem guardados de Hollywood e de nos levar até uma daquelas histórias de bastidores repletas de curiosidades que todos gostamos de ouvir.
Mas apesar de ser um filme simpático e bastante agradável, “Saving Mr. Banks” está longe de ser perfeito, pois nem tudo funciona às mil maravilhas. Emma Thompson e Tom Hanks estão brilhantes como seria de esperar e captam por completo todas as atenções sempre que aparecem em cena. Hanks interpreta Disney com a simpatia que se lhe exigia e, como é seu hábito, facilmente conquista o coração dos espectadores com um charme muito particular. No entanto, é Emma Thompson quem realmente carrega o filme às costas e o eleva a patamares especiais com uma performance arrebatadora e cheia de detalhes. P.L. Travers era uma mulher complexa e cheia de segredos, e Thompson capta-lhe todos os trejeitos na absoluta perfeição e faz o filme brilhar bem alto sempre que a câmara se fixa em si. As cenas em que Hanks e Thompson estão lado a lado são excecionais, mas infelizmente são relativamente raras. O lado mais negativo do filme prende-se com os irritantes flashbacks que nos levam a visitar a infância conturbada de Travers. Percebe-se a intenção de John Lee Hancock de traçar um paralelismo entre a infância da escritora e a sua grande criação literária, mas os constantes flashbacks cortam o ritmo da película e afastam o espectador dos seus momentos mais memoráveis. De facto, a narrativa paralela da infância de Travers não é tão apelativa e não resulta tão bem como as sequências do “presente”, sendo deveras enfadonha. O espectador quer estar na companhia de Thompson e Hanks o tempo todo e Hancock insiste em transportá-lo para um passado aborrecido e sem chama, agindo como um adulto mal-humorado que retira o doce à criança consolada. É tão simples quanto isto. “Saving Mr. Banks” apresenta dois filmes num só, mas a junção dos dois não é feita da melhor maneira e só um tem a capacidade de deslumbrar o espectador, dando origem a uma obra algo desequilibrada e/ou bipolar. Por esta razão, “Saving Mr. Banks” não chega bem a ser aquilo que prometia, mas não deixa de ser um filme interessante e repleto de momentos mágicos. Walt Disney sentir-se-ia orgulhoso.

Classificação – 3,5 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Continuo a achar que a Emma Thompson foi roubada, estamos perante uma das melhores performances da carreira dela, a própria Meryl (amiga de Thompson) ficou surpreendida

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  2. Adorei o filme. Simples mas eficaz. A Disney já nos habituou a grandes filmes e este não é excepção.

    Consultem o meu blog: http://beautifuldreams.blog.pt/

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