Crítica - Need For Speed (2014)

Realizado por Scott Waugh 

Com Aaron Paul, Imogen Poots, Dominic Cooper 

Para responder ao surpreendente sucesso da saga “Fast & Furious”, da Universal Pictures, a DreamWorks Pictures decidiu pegar num popular videojogo de carros e adaptá-lo ao grande ecrã. O escolhido por esta empresa foi o já veterano “Need For Speed”, um conhecido sucesso de vendas que já anda a passear-se pelas consolas PlayStation desde os Anos 90, mas apesar da sua fama e da sua vasta legião de fãs, esta sua versão cinematográfica acabou por ficar bem longe do que se esperava dela, quer a nível comercial, quer a nível de entretenimento. 

O plano da DreamWorks para combater “Fast & Furious” sempre teve lógica, porque faz todo o sentido aproveitar um videojogo campeão de vendas e adaptá-lo ao grande ecrã para competir diretamente com uma grande saga já erigida entre o público, mas esta estratégia bem pensada acabou por esbarrar numa concretização um pouco atabalhoada por parte dos produtores desta versão, que se esqueceram que a popularidade do videojogo, apesar de ser importante, nunca iria garantir o sucesso deste projeto que, embora seja tão leviano como qualquer entrega da sua saga rival, denota uma fraqueza preocupante ao nível das suas componentes referentes à ação e ao entretenimento, porque não parece existir em “Need For Speed” uma ligação coerente e energética entre tudo o que deveria fazer desta longa-metragem um projeto de referência dentro do género, que posteriormente conseguisse também ter a tão desejada força mediática pela DreamWorks para ancorar uma saga inteira de filmes com um espírito semelhante.

 

A julgar pelo seu paupérrimo desempenho nas bilheteiras americanas e internacionais, “Need For Speed” parecer ser o primeiro e último filme que a DreamWorks produzirá para esta saga, algo que não me entristece particularmente, já que Hollywood não precisa de mais projetos deste calibre duvidoso, ainda para mais, o próprio videojogo que serviu de base a esta mega-produção merece outro tipo de tratamento que, quem sabe, num futuro possivelmente distante poderá receber por parte de outra equipa de produtores, que talvez se preocupem mais em dar energia e qualidade a uma entrega onde o mundo automobilístico deveria ter primazia sobre as quezílias humanos e românticas já tão cansativas do género cinematográfico. Este é precisamente um dos maiores defeitos de “Need For Speed”, cuja trama se foca, com um claro excesso, nos previsíveis melodramas e desvirtuações morais da longa demanda de retaliação e redenção de um protagonista descabido de carisma e valor, cuja vida cheia de tragédias e problemas mais parece digna de uma telenovela e não de um blockbuster com fortes e definidas ambições comerciais, que desta forma acabou por ver todo o seu potencial esvanecer-se por culpa, em parte, de um argumento que não tem aquela força energética que se esperava e, acima de tudo, por não permitir ao público um espetáculo de adrenalina presenteado pelo mundo dos carros e das corridas, algo que era, por natureza, bastante expectável de uma adaptação de “Need For Speed”, até porque filmes de vingança há por aí muitos, agora bons filmes com enfoque pleno nos carros e no seu potencial já são muito mais raros. É difícil de compreender isto?

O que também parece ser difícil de aceitar prende-se com a aparente banalidade das suas sequências de ação que, talvez por o filme não prestar tanta atenção como deveria às máquinas automobilistas, acabam por não fazer justiça à imagem e ao espírito de uma saga de videojogos que sempre deu aos seus jogadores uma ampla dose de espetacularidade, que esta adaptação simplesmente não consegue oferecer. É claro que as que existem estão muito bem feitas e dão vida e força ao filme, mas esperava-se outra coisa de um projeto deste calibre, especialmente tendo em conta o sucesso mediático que a saga “Fast & Furious” tem tido por causa deste tipo de sequências, apesar de, como sabemos, muitas delas serem completamente alucinadas e descabidas. No fundo, “Need For Speed” é um projeto mais seguro do que se esperava, sendo isto que acaba por justificar o seu aparente insucesso junto de um público, que se calhar esperava mais espetacularidade de um filme que visava ser mais que um simples filme de vingança, no entanto, "Need For Speed" parece ser um blockbuster relativamente curioso para o grande público que aprecia este tipo de filmes. 

Classificação – 2 Estrelas em 5