Crítica - Pompeii (2014)

Realizado por Paul W.S. Anderson 
Com Kit Harington, Carrie-Anne Moss, Emily Browning 

A enigmática história real da erupção do Monte Vesúvio e da subsequente devastação de Pompeia sempre me fascinou, por isso deve imaginar que fiquei muito entusiasmado quando soube que Hollywood iria finalmente passar esta clássica história real para o grande ecrã, no entanto, este poderoso sentimento de entusiasmo e esperança desvaneceu-se rapidamente quando detalhes desta produção começaram a vir a público, entre eles o preocupante facto da sua direção ter sido entregue a Paul W.S. Anderson, um realizador pouco dado ao sentimento de moderação, que de certa forma ajudou a matar o potencial da saga cinematográfica “Resident Evil” com os seus constantes exageros. O problema de “Pompeii” é mesmo o exagero de tudo o que o poderia tornar num filme especial, por exemplo, não compreendo como é que a sua componente técnica, que poderia valorizar a nossa experiência, consegue aniquilar qualquer sentimento de realismo e emoção deste projeto, já que consegue tornar uma história real em algo digno de mera ficção barata, já que todo o retrato explosivo da erupção do Monte Vesúvio é retratada por intermédio de uma hipérbole de efeitos especiais que pouco credibilizam a vertente real e natural desta tragédia dos tempos antigos, mas claro que outra coisa não seria de esperar de Paul W.S. Anderson, um cineasta que à semelhança, por exemplo, de Michael Bay, não consegue atenuar a sua visão explosiva.

    

O outro inquietante defeito principal desta produção é, como já devem calcular, o seu argumento, que se foca em Milo, um jovem escravo que se torna num dos principais gladiadores de Pompeia que, por capricho do destino, conquista o coração de Cassia, uma das poucas raparigas que não pode ter devido à posição social dela, mas isto não os impede de viver um amor proibido que ameaça chegar ao fim quando o pai dela começa a preparar um casamento arranjado com um importante senador romano, obrigando assim Milo a resgatar o seu grande amor deste casamento, ignorando no entanto que o Monte Vesúvio prepara-se para entrar em erupção e destruir para sempre a cidade onde o seu amor nasceu. Este pequeno resumo ilustra bem o tema central deste projeto, que usa a tragédia de Pompeia como um cenário opulente e negro para uma história de amor proibido com fortes remanescências da clássica história romântica de “Romeu e Julieta”. O problema é que, para além de já ser muito vista, este tipo de história amorosa não consegue aqui ter a energia ou imaginação suficientes para capitalizar o seu trágico pano de fundo para dar origem a um filme mais penetrante e competente, que para além de convencer no plano romântico, pudesse convencer também no plano dramático e devastador. A grande crise é que “Pompeii” não convence em qualquer um destes aspetos, sendo o seu guião básico e elementar sem qualquer elemento de capricho até à sua conclusão, que embora seja agraciada com inúmeros efeitos especiais vazios mas explosivos, não parece ainda assim ter força suficiente para satisfazer sequer o espetador mais dado a elementos fantasiosos, apesar de toda esta longa-metragem ser claramente um projeto para os apreciadores de blockbusters com pouco sumo narrativo.

  Classificação - 2 Estrelas em 5

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