Realizado por Woody Allen
Com Colin Firth, Emma Stone, Marcia Gay Harden
“Magic in the
Moonlight” não será dos filmes mais memoráveis de Woody Allen, um dos cineastas
mais icónicos da 7ª Arte contemporânea, mas é um filme bastante agradável e que
em nada desprestigia a já longa carreira do neurótico realizador nova-iorquino.
Desta feita, somos convidados a acompanhar as desventuras de um talentoso mágico
de renome que dá pelo nome de Wei Ling Soo (Colin Firth). No final de um dos
seus fabulosos espetáculos de magia, Wei Ling Soo (ou Stanley, fora dos palcos)
é visitado por um amigo de longa data – o também mágico Howard (Simon McBurney)
– e ambos decidem tomar um copo. É aí que Howard fala a Stanley de uma jovem
rapariga chamada Sophie (Emma Stone) que parece possuir poderes
extrassensoriais genuínos. Sendo um dos maiores detratores de médiuns e
charlatães de que há memória, Stanley prontifica-se então de imediato a
conhecer a jovem para averiguar se ela é tão talentosa como todos dizem ou se não
passa de mais uma intrujona que vive à custa da ingenuidade do povo.
Há certos elementos com
os quais podemos sempre contar em qualquer filme de Woody Allen. Regra geral,
há sempre uma personagem terrivelmente neurótica e/ou hipocondríaca que é o
absoluto espelho do realizador; há sempre uma aura de humor mordaz a pairar
sobre a película, onde o cineasta aproveita para exteriorizar tudo o que lhe
vai na alma, criticando tudo e todos a seu bel-prazer; há sempre cenários
magníficos, filmados como ninguém; há sempre música jazz requintadamente
escolhida para cada ocasião; há sempre um argumento minimamente complexo e
interessante; há sempre uma reviravolta nesse mesmo argumento, apanhando os
mais distraídos de surpresa; e há sempre uma bela história por detrás de tudo
isto, histórias como só mesmo Allen sabe contar. “Magic in the Moonlight” não
foge à regra e contém todos estes elementos tipicamente “Allenianos”. Colin
Firth está brilhante na pele do mágico mais cínico e inconveniente de todos os
tempos, mais desbocado que um vira-lata e mais arrogante que um Rei medieval.
Sempre que abre a boca, entendemos que é Allen que está a falar, que é o
cineasta que está a exteriorizar os seus demónios interiores, desta feita
criticando o mundo dos médiuns e do oculto. Mas apesar de a sua personagem ser
uma espécie de caricatura do velho Woody, ninguém retira o mérito a uma
prestação carismática de Firth, ainda para mais num registo diferente do que
lhe é habitual. De realçar as cenas em que Firth vai lentamente desconstruindo
o seu próprio modo de pensar, sequências tão irónicas como hilariantes. Emma
Stone está igualmente competente (como é seu apanágio) e os seus olhos enormes
só enaltecem a estranheza da sua personagem, levando-nos a acreditar nela mais
facilmente. Claro que os cenários são belíssimos e filmados por Allen com a
destreza e genialidade do costume, e claro que a elegância típica do cineasta
está de volta, já que “Magic in the Moonlight” expira cinema clássico de
Hollywood por todos os poros. Este é mais um daqueles filmes que nos deixa com
o coração bem quente, à semelhança do que sucede sempre que vemos “Midnight in
Paris”, uma das maiores pérolas que Allen nos ofereceu nos últimos anos. Porém,
“Magic in the Moonlight” não possui a mesma consistência nem a mesma relevância
de “Midnight in Paris”, tornando-se um pouco previsível ao fim de alguns
minutos e não conseguindo ir muito para além do simpático. Fica a imagem de uma
obra agradável e bonita, mas pouco mais.
Classificação – 3 Estrelas em 5
0 Comentários