Crítica - The Boxtrolls (2014)

Realizado por Anthony Stacchi
Com Elle Fanning, Simon Pegg, Toni Collette


Os produtores responsáveis pelos consagrados "Coraline" (2009) e "ParaNorman" (2012), duas das longas metragens mais competentes e impactantes dos últimos anos dentro do género da animação stop motion, voltaram a produzir mais uma longa metragem de grande qualidade dentro deste difícil género cinematográfico, conseguindo assim fazer justiça à sua brilhante reputação e às expectativas que existiam em redor deste seu novo projeto. Embora seja bem menos espetacular, diferente e apelativo que "Coraline" ou "Paranorman", "The Boxtrolls" é, ainda assim, um agradável filme para todas as idades que conta com uma estética stop motion deverás pormenorizada e uma história simples mas muito engraçada e espirituosa que se desenrola em Ponte de Queijais, uma elegante cidade da Era Vitoriana cujos habitantes vivem obcecados com a saúde, classe e com o fedor dos queijos de excelência que a cidade produz. Nos esgotos que se escondem sob as preenchidas ruas de Ponte de Queijadas habitam os Monstros das Caixas, abomináveis seres que rastejam de noite para fora das sarjetas e que roubam o que os habitantes da cidade mais amam: as crianças e os queijos. É, pelo menos, esta a lenda em que os cidadãos sempre acreditaram, mas os Monstros das Caixas não são nada parecidos com o que a lenda diz, já que mais não são que seres pacíficos e engraçados que apenas querem ser felizes em paz, não sendo por isso criminosos ou ladrões de crianças. A única criança que têm em sua posse é um jovem rapaz orfão que criaram, em conjunto uns com os outros, desde a sua infância e que sempre o trataram como um dos seus e com o máximo carinho possível. Quando os Monstros das Caixas se tornam alvo de um perverso exterminador de pestes, determinado em erradicá-los como forma de entrar na sociedade de Ponte de Queijais, este grupo de desajeitados mas amigáveis Monstros terão que recorrer à ajuda deste menino adotado que, em conjunto com uma aventureira menina, irão construir uma ponte entre os dois mundos que possa limpar de vez a imagem dos Monstros das Caixas perante a Humanidade.


Tal como se esperava, "The Boxtrolls" aposta numa história simplicíssima mas exponencialmente ternurenta que reforça vários traços morais importantes através das peculiaridades dos Monstros das Caixas, sendo primeiramente evidente os parâmetros emocionais relativos à amizade e à família, que saem reforçados perante as relações que os simpáticos Monstros estabelecem como o jovem rapaz que adotaram, mas também perante a relação que este curioso jovem desenvolve com os Monstros que, apesar do seu aspeto diferente, acabam por se revelar bem mais simpáticos, ternurentos e inteligentes que muitos Humanos. É claro que o filme também se aproveita deste facto e passa também, desta forma, a importante mensagem que o aspeto exterior é irrelevante perante a força do interior da pessoa, ou seja, mostra que apesar dos Monstros serem julgados como vilões pelo seu aspeto, acabam por se revelarem seres muito positivos e especiais, porque o que têm no seu coração supera todos os limites do amor e da felicidade. Estes dois parâmetros morais acabam por se destacar como as grandes mensagens nucleares deste projeto bem simpático, que embora não tenha um argumento profundamente interessante ou empolgante, acaba por conseguir puxar pelo espectador, sobretudo pelos espectadores mais jovens que, para além destas mensagens cliché mas muito importantes, podem também regozijar com algumas sequências de ação, especialmente na parte final, e também com pequenas sequências de humor que estão espalhadas um pouco por todo o filme, sequências essas que têm quase sempre como protagonistas os curiosos Monstros da Caixas ou o vilão Archibald Snatcher. Uma parte importante e genuinamente nuclear de "The Boxtrolls" reside na sua componente técnica. A animação stop motion com certos parâmetros de animação computorizada está perfeitamente construída e, por isso, resulta na perfeição, conferindo assim a esta produção um visual impecável e muito singular, bem pelo menos tão singular como o dos outros dois grandes projetos da Laika, os já mencionados "Coraline" ou "Paranorman" que, repito mais uma vez, são superiores a este "The Boxtrolls" em praticamente tudo. É claro que, ainda assim, existe muito para apreciar nesta simpática animação que, acima de tudo, pode-se recomendar sem quaisquer  medos ou atenuantes como um filme simples, divertido e perfeito para os mais novos verem em paz e apreciarem uma história simples mas retratada por intermédio de um valoroso e diferente esplendor técnico. 

Classificação - 3 Estrelas em 5

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