Com Hilary Swank, Emmy Rossum, Josh Duhamel
Obra de grande intensidade dramática, este filme, realizado por George C. Wolfe (Lackawanna Blues, 2005) prima por conciliar a luta da pianista Kate, magnificamente interpretada por Hilary Swank, por resgatar a dignidade que o diagnóstico de ELA (esclerose lateral amiotrófica) lhe quis roubar com a busca de sentido para a sua existência de Bec (Emmy Rossum, The Phantom of the Opera, 2004) até aí bastante desorientada.
O enredo centra-se em torno da amizade que se constrói entre ambas à medida que a doença vai incapacitando Kate e ela se torna cada vez mais dependente daqueles que a rodeiam mas que nem sempre sabem lidar com a situação da forma mais nobre. O ponto forte do filme é, de facto, a tensão entre a força vital e a iminência da morte, o realce da efemeridade da vida e da forma como esta, mesmo nas piores circunstâncias, pode ser maravilhosa.
Filmada a um ritmo pausado, repleto de clichés (vejam-se, por exemplo, os cenários, guarda-roupa e a própria tipificação das personagens), a obra peca por um excessivo romantismo, bem ao gosto de Hollywood, que a força implacável desta doença consegue, ainda assim, quebrar e colocar o espectador face a face com o sentido da sua própria vida.
A interpretação excepcional de Hilary Swank bem acompanhada pela de Emmy Rossum remete para a sombra todas as outras figuras. Estas personagens submersas por lugares-comuns de famílias disfuncionais, traições bacocas, fraquezas e amores
mal expressos acabam por criar um emaranhado que lembra a vida quando vista do seu limite.
Mais que um filme sobre uma doença que incapacita o corpo a cada dia sufocando a mente ainda saudável de quem dela sofre, "You’re not You" é uma ode à luta pela sobrevivência e o questionar de uma série de tabus como o da eutanásia e da responsabilidade sobre a vida dos outros e pela nossa própria.
A ELA é uma doença extremamente revoltante ( e não o serão todas?) quer para o doente quer para a sua família e amigos que na ânsia de manter a normalidade e de expressar o seu apoio acabam muitas vezes por deixar de ver a pessoa e tratar apenas do doente. É essa, penso, a mensagem mais importante do filme, a importância do respeito pelo ser humano independentemente de tudo, sem pena, sem complacências, como devemos a um nosso semelhante.
Classificação - 3,5 Estrelas Em 5
PS: Dedico este texto ao meu
amigo Carlos «Braveheart» Pereira que, na sombra do anonimato, é um verdadeiro
herói dos tempos modernos pela forma como luta contra um muito revoltante
diagnóstico de ELA, todos os dias, sem se deixar ir abaixo. Força, companheiro!
Dedico-o também a todos os
investigadores que dedicam as suas vidas a procurar a cura para esta
enfermidade, bem como a todas as pessoas que enfrentam doenças hoje consideradas ainda incuráveis.
2 Comentários
Filme lindo e muito emocionante.
ResponderEliminarTodo mundo comenta dos clichês, mas a vida não é repleta deles? Todos querem tanto, o tempo todo, um espetáculo através de roteiros originais que se esquecem, muitas vezes, de enxergar a sensibilidade que sobressalta aos olhos.
Eu adorei o filme, apesar de tê-lo achado muito triste. E a atuação da Hilary Swank, realmente foi a melhor parte do filme, simplesmente, sensacional!
Maravilhoso, muito real, pois a vista é cheia de adversidades
ResponderEliminar