Crítica - Ex Machina (2015)

Realizado por Alex Garland 
Com Domhnall Gleeson, Oscar Isaac, Alicia Vikander 

Originário do Reino Unido, "Ex Machina" será porventura um dos projetos sci-fi mais satisfatórios e bem montados do presente ano. Esta primeira nota pode parecer forte e audaz, mas de facto "Ex Machina" destaca-se como um bom filme dentro de um género por vezes incompreendido porque, ao contrário de projetos similares e com um cariz narrativo muito próximo, preocupa-se menos com os seus efeitos especiais e mais com as peculariedades morais e intelectuais da sua intriga que, importa desde já explicar, tem como protagonista um jovem informático chamado Caleb que é escolhidom entre outros especialistas do seu ramo, para passar uma semana na casa de Nathan Bateman, o brilhante e recluso presidente da companhia onde trabalha. Após a sua chegada, Caleb percebe rapidamente que foi escolhido para participar num teste com Ava, a última criação de Nathan que mais não é que uma cyborgue com inteligência artificial que se apresenta de uma forma sofisticada e sedutora que confunde o jovem informático.
Com um orçamento global de apenas quinze milhões de dólares, que embora seja avultado acaba por ser muito menor que os custos de produção de maior parte das produções norte-americanas do género, "Ex Machina" aposta pouco na sua vertente visual porque, efetivamente, os seus responsáveis não tinham grandes meios financeiros à sua disposição para criarem imponentes cenários visuais, explosivas sequências de ação ou pormenores técnicos de alta qualidade mas, ainda assim, conseguiram canalizar o diminuto orçamento que tinham para esta áreas para criarem algo de positivo e empolgante, quer no ambiente tecnológico que o filme respira, quer na questão da construção visual da personagem Ava. É claro que em "Ex Machina" não existem fantásticas cenas de ação ou belos cenários técnicos, existem apenas belos pormenores técnicos que impulsionam o desenvolvimento de um ambiente ideal para o desenrolar de uma intriga muito inteligente que se foca nos dilemas e nas moralidades das principais questões que se colocam em redor dos perigos e vantagens da Inteligência Artificial. A sua construção narrativa é portanto muito pertinente para os dias que correm, mas também habilmente explorada e sem entrar nunca num campo excessivamente filosófico ou idealista porque, convém não esquecer, que na base desta produção está um espírito objetivo de entretenimento e não uma aposta numa obra mais subjetiva e ligada ao campo artístico, moral ou até filosófico. Neste sentido compreende-se aquele toque romântico que o filme pretende dar à relação do protagonista com a cyborg, mas mesmo essa componente romântica serve apenas como mais um subterfugio temático para desenvolver a questão central do filme que se prende, única e efetivamente, com uma abordagem ainda utópica dos dramas morais e humanos que rodeiam toda a ideia da criação de um cyborgue com inteligência artificial que, como se compreende pelo filme, tanto tem as suas vantagens claras como os seus perigos escondidos que, não só neste filme mas como em obras similares, são explorados em forma de aviso prévio. A juntar a este plano narrativo bem composto, importa ainda referir que este seu inteligente argumento é praticamente interpretado na totalidade por apenas três personagens que são assumidas com clara inteligência pelos jovens atores Domhnall Gleeson, Oscar Isaac e Alicia Vikander, algo que cria um maior nível de intimidade e tensão a este "Ex Machina", um filme sem o nível de espetacularidade técnica e também sem aquele ritmo alucinante de obras similares e que, por isso, pode ser encarado pelo público como uma obra mais aborrecida, mas que no plano narrativo compensa essa ausência de ímpeto visual com uma intriga intelectualmente empolgante que se enquadra sem problemas no melhor que este género nos tem para oferecer.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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