Com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Ty Simpkins
Ao fim de quase quinze anos afastados do grande ecrã, os já icónicos Dinossauros do Parque Jurássico, que cativaram a imaginação do público em todo o mundo quando Steven Spielberg os apresentou pela primeira vez no cinema em 1993, estão de regresso para mais uma exibição de gala neste moderno "Jurassic World" que, de certa forma, repete o passado ao caprichar nas questões técnicas mas ao desleixar a componente narrativa. Nesta quarta entrega da popular saga jurássica, o Parque Jurássico está finalmente aberto ao público e, como se esperava, tornou-se numa das principais atrações turísticas a nível global, mas a pressão pela obtenção de lucros e pela manutenção do desejo consumista levaram os responsáveis pelo parque a produzirem um novo dinossauro geneticamente modificado que supera, pela negativa e pelo perigo que representa, todas as expectativas de quem o criou e que agora, perante a presente ameaça negativa à sobrevivência do parque, terão que arranjar uma forma de caçar e derrotar este novo inimigo.
Há três notas positivas e três notas negativas a retirar deste mega projeto. No plano positivo, "Jurassic World" destaca-se como uma produção tecnicamente impressionante que, tal como os seus lucrativos antecessores, surpreende o público com a qualidade visual e realista dos verdadeiros protagonistas da saga, ou seja, os dinossauros que aqui são retratados com um elevado primor técnico que, embora não acompanhe nem seja fiel as recentes descobertas paleontológicas, é pertinentemente fiel à ideia visual que sempre tivemos destes monstros jurássicos. Esta componente técnica de elevada qualidade é, sem qualquer dúvida, a principal estrela positiva desta produção, que faz questão também de aliar este primor visual e sonoro a uma série de sequências de ação competentes que apostam em doses industriais de adrenalina e de ação mas sem descorar o protagonismo dos dinossauros ou a sua potencial carnificina, já que "Jurassic World" é, entre todos os produtos da saga, aquele que apresenta uma maior tendência de violência e um maior número de mortes provocadas por dinossauros, no entanto, convém desde já referir que o nível gráfico dessas mortes continua a ser bastante moderado e subtil. O terceiro aspeto positivo de "Jurassic World" prende-se com a nostalgia que nos incute graças à inclusão de pequenos pormenores pouco importantes para o filme em si mas que nos recordam, principalmente, dos dois primeiros filmes da saga. A principal recordação, por entre as breves memórias sonoras e/ou visuais que alimentam a nossa nostalgia, surge sensivelmente a meio do filme, quando os quatro protagonistas humanos vão ter à deteriorada e abandonada receção central do primeiro parque, onde no filme original os protagonistas são salvos por um T-Rex de um ataque dos Velociraptores .
No plano negativo, "Jurassic World" conta com um guião bastante débil, não tanto como os guiões dos dois filmes anteriores mas, mesmo assim, bastante fraquinho na hora de surpreender, emocionar e empolgar o espectador. A fórmula narrativa desta quarta entrega, apesar de ter alguns twists e novidades, não foge muito à dos filmes anteriores e mantém bem viva a sua base clássica que, em poucas palavras, aposta na centralização do conflito entre humanos e dinossauros que entram neste longo despique direto graças ao ego gigante da Humanidade e ao desejo capitalista dos responsáveis pelo Parque Jurássico. Não há portanto em "Jurassic World" qualquer sentimento de originalidade, pelo menos para quem tenha visto algum dos filmes anteriores, como há pouco espaço para sentimentos de surpresa ou suspense já que toda a trama é bastante denunciada e acaba por não arriscar por ai além nas questões morais que movem todo o negócio do parque temático ou da possível utilização dos dinossauros para outros fins. O positivo deste argumento, para além de nos apresentar um dinossauro genuinamente mau, prende-se com o facto de raramente perder tempo com questões demasiado laterais, como aqueles típicos dramas familiares ou românticos que costumam pautar este tipo de filmes e que, apesar de também estarem presentes aqui, não são alvo de grande atenção e por isso não desgastam em demasia o público. O guião também perde pouco tempo, mas aqui de forma negativa, com o enquadramento desta quarta entrega no seio da saga, ou seja, há poucas explicações e pouco espaço contextual sobre o que se passou entre o terceiro filme e a atualidade e como as coisas evoluíram até então, como também não nos é dada qualquer resposta sobre perguntas deixadas no ar pelos filmes anteriores, algo que para um fã assíduo da saga pode ser encarado como problemático e desapontante.
Sem o impeto narrativo para cativar o público e com vários pontos sem lógica pelo meio de uma intriga básica, "Jurassic World" fica então refém da sua componente técnica para surpreender o público e esta, como já referi, enche-nos as medidas e salva sem grande contestação esta obra de um fracasso qualitativo similar ao de "Jurassic Park III", no entanto, os sentimentos positivos que nos são deixados por uma boa parte técnica e coordenada com primor por Colin Trevorrow acabam, mesmo assim, por ser manifestamente diminutos para a dimensão deste projeto que, embora seja bem razoável, está longe de ser tão espantoso ou surpreendente com os seus protagonistas jurássicos, estando portanto mais próximo da normalidade dos protagonistas humanos que são interpretados com igual normalidade por estrelas bem conhecidas de Hollywood, como Chris Pratt e Bryce Dallas Howard.
Classificação - 3 Estrelas em 5
8 Comentários
É necessária a visualização dos antigos para ver este?
ResponderEliminarEu penso que não, até porque como digo na crítica este nem estabelece muitas pontes explicativas relativamente às questões dos três primeiros, apenas contém pequenos promenores que passarão ao lado de quem não tenha visto os anteriores, mas no plano geral quem não viu nenhum dos três anteriores não se sentirá perdido.
EliminarObrigado.
EliminarSó discordo do que disse em relação ao Jurassic Park3 foi o filme mais cientificamente correto já feito da franquia. Com relação a ausência de explicações concernentes há fatos ocorridos entre o terceiro e o quarto filme, tais explicações podem ser conseguidas na mídia alternativa como o site da Masrani Global e o site oficial do Jurassic World.
EliminarVale a pena ver os anteriores para que gosta de ver o que pegaram do 1o e incorporaram neste ;)
ResponderEliminarDeve sim ver os 3, pois pegaram coisas dos 3 filmes.
EliminarAcho mesmo que o Trevorrow fez um filme genial. Talvez até tão bom como o primeiro. É de longe o mais engraçado (há uma cena excluída em que o Owen faz a Claire colocar estrume de dinossauro na pele para esconder o cheiro "daquela loção com cheiro a baunilha que colocaste antes de me vires ver") e na minha opinião a premissa do filme (um dinossauro híbrido que escapa e é imparável) é brilhante, quando paramos para pensar no que seria uma sequela lógica ao primeiro Jurassic. O próprio filme goza com as sequelas ao criar um monstro que é maior, mais feroz e tem mais dentes. E ainda assim, o Trevorrow foi inteligente o suficiente para saber que o que as pessoas queriam mesmo era ver os velhos dinossauros clássicos a serem gloriosos outra vez (o T-Rex, a "Rexy" é a mesma do primeiro filme). Da última vez que tivemos um dinossauro mais feroz, os fãs odiaram o facto do espinossauro conseguir derrotar o gigante icónico da saga, coisa que o realizador reconheceu ao fazer a Rexy esmagar um esqueleto do mesmo neste filme.
ResponderEliminarAlém destes, há muitos outros momentos no World que provam que o Trevorrow é um óptimo realizador, como o momento do ataque dos pterodáctilos que tem, a certa altura, no plano de fundo um sinal que diz "gigantes gentis". Ou a cena em que, novamente, não conseguimos ver o T-Rex comer a cabra e temos de esperar (até um ponto mais tardio no filme) para vermos o gigante em acção.
Não sei do que é que as pessoas estavam à espera, mas para mim, esta foi a sequela que eu queria ver (enquanto fã). Foi maior em escala do que o primeiro, mas nunca esqueceu o que tinha falhado nos filmes anteriores e aprendeu com esses erros. Quando vir esta saga, salto o 2 e o 3 e passo directamente para o única sequela que importa: o Jurassic World.
Desculpe, mas com todo o respeito devo discordar,esse filme tinha muito o que ser melhor, faltou barionix, faltou sucomimo, faltou edmontossauro, faltou microcerato e faltou o metriacantossauro; espécies prometidas no site oficial como atrações do novo parque e ausentes o filme inteiro, o que me deu revolta. Outro detalhe revoltante: criação de um dinossauro geneticamente modificado, deveria ser um giganotossauro, inclusive poderia e deveria ser o novo logotipo do quarto filme,ele seria o novo dinossauro predador maior que o tiranossauro e se queriam um dino mais inteligente, tinha que ser o troodonte que apareceu inclusive no jogo Jurassic Park The Game da Telltalle Games, não precisava inventar um dino que nunca existiu. Ver dinossauros "clássicos gloriosos outra vez", não acompanha sempre a necessidade que a franquia sempre teve de se adequar as mais recentes descobertas científicas é lamentável, que os mais surrados e manjados dinos tenham aparecido por mais tempos na tela, as únicas novidades que salvaram o filme, foram o mosassauro, o dimorfodonte e o apatossauro. Você diz que os fãs odiaram a derrota do tiranossauro para o espinossauro, mas eu não vi problemas nisso, fico muito mais revoltada quando o King kong mata um tiranossauro, assim não vejo problema quando um dinossauro predador maior mata um menor, sobretudo pra mostrar que a ciencia faz novas descobertas e o terceiro filme deixou claro que havia sim dinossauros predadores maiores que o tiranossauro, no jogo Dino Crisis 2, um giganotossauro mata um tiranossauro e não vi ninguém reclamar. Outra coisa, você citou "ataque dos pterodáctilos", não há pterodáctilos nesse filme, a cena que você cita tem pteranodontes e dimorfodontes voando e não pterodáctilos. A cena em que o tiranossauro aparece pra comer a cabra poderia ser substituída por uma cena com espécies inéditas como o edmontossauro ou o barionix. Infelizmente o filme foi curtinho e muito corrido igual ao terceiro, nada falhou nos filmes anteriores, alterações foram feitas em cima da hora para agradar ao público saudosista e que não se conforma que o tiranossauro já não é mais o rei dos dinossauros; o quarto filme presta homenagem aos 3 anteriores, quando vemos essa saga vemos todos os 4 filmes porque TODOS importam e muito. Não há como dissociar nenhum dos filmes da franquia Jurassic Park, The Lost World Jurassic Park, Jurassic Park 3 e Jurassic World.
Eliminar