Crítica - The Hunger Games: Mockingjay – Part 1 & 2 (2014 e 2015)

Realizado por Francis lawrence
Com Jennifer Lawrence, Julianne Moore, Josh Hutcherson

Tal como sucedeu com os franchises "Harry Potter" e "Twilight", a última entrega cinematográfica da saga literária juvenil "The Hunger Games" foi dividida em dois filmes. Tal divisão não teve um sentido prático nos casos supracitados e também não o tem neste caso, tendo a mesma sido provocada por efeitos puramente comerciais. O que é certo é que apesar desta não acontecer na série literária há que dizer que, embora desnecessária, resulta aqui muito melhor que nos outros exemplos já dados. Pelo menos permitiu arranjar espaço para um maior número de sequências de ação e entretenimento que permitem a diversão do público, mas também permitiu uma maior dose de informação e contexto relativamente aos passos da Revolução e à apresentação do Distrito 13. Tais doses extra de informação são mais evidentes na 1ª Parte do que na 2º Parte, como seria aliás de esperar tendo em conta que cabe à 1ª Parte  preparar o cenário para a enxurrada de ação que marca presença na 2º Parte.
É claro que apenas um bom filme um pouco mais comprido seria mais que suficiente para abordar de forma eficaz e sucinta  os eventos do último livro, cortando assim as partes que pudessem ser cortadas sem afetar o desenrolar da trama. Mas pelo menos os filmes "Mockingjay" são competentes e, felizmente, não são tão desequilibrados em conteúdo e ação como as duas últimas entregas de "Harry Potter" e "Twillight", onde há uma pasmaceira total na 1ª Parte e uma ação desenfreada na 2ª Parte.


Posto isto, "The Hunger Games: Mockingjay" retrata o final da jornada de Katniss e da sua rebelião contra o Presidente Snow, mas também coloca por fim um ponto final no triângulo amoroso entre Katniss, Peeta e Gale.  Tal como sucedeu no passado há nestas duas últimas produções um misto de ação e romance. A protagonista Katniss atinge finalmente a maturidade que se pretendia dela para assinar as despesas da Revolução ao lado dos seus aliados. E enquanto trava uma batalha cujo final já é previsível desde o primeiro filme, Katniss decide também o seu destino romântico e luta para salvar aquilo que mais ama. Pelo meio há um plano de guerra e múltiplas missões e catástrofes que têm sempre como fim  liberdade, seja de uma pessoa ou de um país.
O final, como já se adivinhava, vai de encontro aquilo que se esperava desde o início, mas aposta numas surpresas curiosas pelo meio que o tornam um pouco mais surpreendente. À boleia de mortes e ações inesperadas que apimentam, sobretudo, a 2ª Parte, "The Hunger Games: Mockingjay" chega à sua conclusão rodeado por uma certa tensão e emoção. A inclusão do Distrito 13 na luta pelo poder de Panem e na batalha quase pessoal entre Katniss e Snow confere, claro está, um novo interesse e dimensão à luta que vinha a ser retratada pelos dois filmes anteriores. A esta inclusão juntam-se outros detalhes curiosas que alimentam o filme, como a escalada de violência, dos jogos políticos e da própria maturidade dos protagonistas.  Sendo um filme juvenil não há, em qualquer uma das partes, uma violência gráfica e objetiva. Todas as sequências de ação são bastante limpas e pensadas, mas nunca ultrapassam um certo limite de violência. É claro que há uma forte violência subjetiva, cuja dimensão é nos sempre dada a entender, mas nunca nos é apresentada diretamente, apesar de "The Hunger Games: Mockingjay" ser para todos os efeitos um filme de ação e conflito.


Nestas últimas partes, Jennifer Lawrence mantém-se possante no papel de Katniss, também Josh Hutcherson e Liam Hemsworth mantêm-se sólidos, sendo apenas nestas duas últimas partes que Hemsworth se mostra verdadeiramente ao público na pele de Gale. O elenco secundário também não desilude, havendo um claro destaque para o excêntrico Woody Harrelson que volta a estar muito bem. Os principais destaques do elenco secundário são, no entanto, Julianne Moore e Donald Sutherland. A primeira tem em ambas as entregas uma performance muito positiva e poderosa, sendo a sua personagem responsável por um dos twists mais curiosos da parte final. Já Sutherland mantém a sua postura de vilão calculista até ao fim, ficando na retina a sua última interação com Katniss. O fim da 2ª Parte traz-nos portanto o fim da rebelião em Panem com a vitória das partes esperadas, claro que tal vitória tem as suas consequências e custos pessoais para Katniss, mas como já referi o facto de tal final não ser tão básico como se esperava até resulta. Embora existam algumas surpresas na sua parte bélica, já na parte romântica do filme as surpresas não existem, já que desde "The Hunger Games: Catching Fire" que se previa o final romântico que eventualmente se concretiza. Embora esse desfecho esteja polvilhado por clichés, tal não arruína esta última entrega, tudo porque a parte romântica sempre foi o elemento mais dispensável desta obra, por isso as suas fragilidades acabam por não afetar em demasia o seu nível. E o que sobra é um blockbuster juvenil que entretém com muita ação e uma trama curiosa.

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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2 Comentários

  1. Concordo de um forma geral, só houve algumas coisas que me meteram confusão. A primeira parte é uma pasmaceira. É uma boa pasmaceira, mas não tem nenhuma sequência de acção, que me lembre. Tudo o que acontece na parte 1 podia ser resumido num crawl à Star Wars no início da 2. Tudo bem, sei que foi uma decisão comercial. Mas achei que o comentário político e o entretenimento estavam muito melhor balançados no Catching Fire. Mesmo no Parte 2, este filme foi lento e um pouco longo. Tinha uma execução estranha nas cenas amorosas, que de repente cortavam para um drama de guerra pesado. Não consigo perceber bem o público alvo destas duas partes. Às vezes, senti-me como se estivesse a ver uma espécie de Twilight melhorado, outras vezes um Saving Private Ryan para adolescentes. Gostei deste filme, mas para mim foi uma espécie de "Spectre" do Hunger Games. Podia ter acabado tudo tão melhor...

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    1. Obrigado pela opinião Dinis. Efetivamente é um filme difícil de enquadrar!

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