O Holocausto e a 2ª Guerra Mundial ainda são temas sensíveis, principalmente na Alemanha, daí ainda gerarem muito interesse pelas histórias que se escondem por detrás deste evento que marcou o Século XX, sejam essas histórias de vítimas ou vilões. Este documentário oferece-nos uma perspectiva das vítimas, mas de lados opostos. Um dos protagonistas, Phillipe Sands, é um jurista que trabalhar para o Tribunal dos Direitos do Homem e cujo passado está pessoalmente ligado ao Holocausto, já que muitos dos seus antepassados morreram durante a Guerra por serem judeus. Seja por ser jurista num tribunal habituado a julgar crimes de guerra, seja por ter ligações pessoais ao Holocausto, Phillipe Sands aparece-nos como um bom moderador para uma exploração do passado com ramificações no pressente que envolve mais duas outras personalidades. Nicklas Frank e Horst von Wachter também viram as suas vidas serem afetadas pelo Holocausto, mas de uma forma radicalmente diferente, já que são filhos de duas personalidades centrais do Regime Nazi liderado por Hitler que, direta e indiretamente, são considerados responsáveis por milhares de mortos na Ucrânia e na Polónia.
As três perspectivas que aparecem em confronto neste documentário são muito interessantes. Sands procura obter um sentimento de justiça e de clarificação pessoal por intermédio da conversa com estes dois homens, sentimento esse que é compreensível atendendo à sua profissão e passado. Neste sentido, Frank parece ir de encontro com as intenções de Sands, já que sente muita vergonha e pesar por tudo aquilo que o seu pai fez, notando-se uma clara distancia emocional e até familiar entre Franks e o seu pai, Hans Franks, que foi condenado à morte no famoso Julgamento de Nuremberga. Já Wachter sente que a memória do seu pai não deve ser tão penalizada pelas ações que cometeu ao serviço da Alemanha. Watcher defende sempre que o seu pai não acreditava piamente naquilo que estava a fazer e, apesar do seu pai ter sido um oficial nazi de topo e mesmo perante provas irrefutáveis do seu envolvimento, Watcher defende sempre que as suas ações devem ser minimizadas porque o pai agiu, segundo ele, sob a impiedosa coação do Regime Nazi.
É portanto curioso observar a interacção entre estas três personalidades que, ao longo do documentário, recuperam histórias do passado e visitam locais marcados pela violência Nazi que teve o apoio dos pais de Wachtner e Franks. Esta interação é acompanhada por imagens da época que ilustram na perfeição, quer a vida familiar, quer a vida profissional, de ambos os oficiais nazi em destaque. Torna-se claro que as três personalidades foram afetadas pela 2ª Guerra Mundial, mas o que "What Our Fathers Did: A Nazi Legacy" ajuda mesmo a mostrar é, precisamente, o legado que a 2ª Grande Guerra teve nas suas vidas e como é que eles a encaram no presente dia. É portanto um exercício documental muito curioso que merece ser visto, especialmente por parte dos apreciadores da história da 2ª Guerra Mundial,
Classificação - 3 Estrelas em 5
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