Crítica - An Inconvenient Sequel: Truth to Power (2017)

Realizado por Bonni Cohen e Jon Shenk

Estreou este esta sequela do aclamado documentário "An Inconvinient Truth" que, entre muitas coisas, mediatizou o debate sobre as Alterações Climáticas Globais e deu a Al Gore uma causa e notoriedade mundial que compensou a sua tentativa falhada de se tornar Presidente Dos Estados Unidos da América.
Foi já há mais de 10 anos, em 2006, que "An Inconvinient Truth" foi lançado nos cinemas e alertou a população mundial para os efeitos catastróficos das Alterações Climáticas, nomeadamente do Aquecimento Global. Desde então muito pouco mudou, aliás nos Estados Unidos da América as coisas estão até bem piores graças, em parte, aos esforços recentes do Presidente Donald Trump. Foi esta falta de ação crónica por parte de todos que motivou esta sequela. Esta obra vem,  uma vez mais,  relançar o apelo à ação global em vários campos de forma a travar o Aquecimento Global, tendo novamente Al Gore como principal porta voz deste apelo.
Pessoalmente não nutro grande simpatia por Al Gore, aliás acho que todo o debate das Alterações Climáticas acaba por ser minado pela sua presença. Trata-se de um político arrogante com um berço capitalista que não é propriamente o melhor rosto para defender contenção, mudança e crescimento. O que é certo é que "An Inconvinient Truth" tornou-o no rosto do debate e temos que o aceitar como porta voz, apesar de estar a sofrer constantes derrotas no seu próprio país. 
Pese embora os Estados Unidos da América sejam um dos piores exemplos na matéria de questões ambientais, "An Inconvenient Sequel: Truth to Power" (2017) mostra-nos que, desde há onze anos para cá, tem havido uma progressiva mudança de mentalidade junto dos políticos mundiais. A maior parte dos países da Europa, Oceânia e América já estão fortemente sensibilizados para esta temática e têm promovido esforços para melhorar os seus níveis de poluição. No documentário são dados os exemplos de França, Chile e até Portugal que, cada vez mais, recorrem às energias renováveis. Também países fortemente poluidores como a China e a Índia começam a melhorar os seus pobres registos e, para tal, muito contribuiu a Convenção de Paris sobre o Clima. O tratado desta Convenção foi, aliás, subscrito por mais de cento e oitenta países, mas recentemente perdeu os Estados Unidos. 
Embora o cenário não seja tão negro como em 2006, o que é certo é que a maior parte dos problemas se mantém, nomeadamente o do preocupante degelo na Gronelândia/Ártico. Isto apesar de a Antártida ter vindo a registar um crescimento substancial de gelo nos últimos anos (algo que o documentário não refere por opção). Este ponto não é referido, como também não é mencionado a diminuição do buraco de ozono, mas lá está o grande objetivo do documentário é focar no que está mal e no que tem de ser melhorado. Neste campo surgem vários apelos para proteger o meio ambiente por intermédio do uso de energias renováveis, pela aplicação da reciclagem e pela sensibilização dos políticos em não permitirem lobbys de industrias poluidoras. São mensagens importantes, mas que não são bem exploradas pelo filme.
E por isso acredito que não será este documentário a mudar mentalidades, mas poderá certamente promover um novo debate global sobre o que se pode fazer. E só não mudará mentalidades por causa do enfoque excessivo na personalidade de Al Gore e porque não é um documentário tão polémico, provocador e original como o produto original. Também não é um documentário tão informativo como o primeiro, já que se limita  apenas a criticar quem polui e a elogiar Al Gore. Teria sido melhor promover um esforço mais pedagógico, em vez de perder tempo na vergonhosa tentativa de elevar Al Gore e de quase dar a entender que foi ele que salvou a Convenção de Paris do fracasso. Isto é lamentável e, como disse, só prejudica a causa que é tão indispensável para o futuro da Humnidade. 

Classificação - 2 Estrelas em 5

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