Entre Polémicas e Desilusões, Vamos ao Balanço da Primeira Semana do Festival de Cannes 2018

O Festival de Cannes de 2018 prolonga-se até ao próximo Sábado, 19 de de Maio, mas para já tem sido um festival quente em polémicas, mas ameno em exibições cinematográficas. Mas vamos começar pelas polémicas. A principal das quais está relacionada com “O Homem Que Matou Dom Quixote”, o polémico filme de Terry Gilliam que, inicialmente, deveria fazer parte da Seleção Oficial mas que, por força de um processo intentado por Paulo Branco em França para impedir a exibição do filme no Festival, acabou por ser retirado da luta pela Palma de Ouro. Mas o Festival de Cannes não desistiu e contestou a ação do produtor português Paulo Branco e, na passada quinta feira, obteve uma grande vitória judicial. Foi Thierry Frémaux, delegado-geral do festival, que anunciou publicamente que a decisão do tribunal foi favorável ao Festival, permitindo-o assim exibir o filme no Festival. E, para já, tudo indica mesmo que “O Homem Que Matou Dom Quixote” será mesmo exibido no Encerramento de Cannes. 
Não tem sido um festival fácil para Terry Gilliam, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. No passado fim de semana, Gilliam sofreu um AVC que, felizmente, não lhe deixou grandes sequelas mas, ainda assim, deverá afastá-lo da tão aguardada estreia mundial do seu polémico filme em Cannes, isto se o festival avançar com a sua exibição. Gilliam também soube que a Amazon desistiu de exibir “O Homem Que Matou Dom Quixote” nos Estados Unidos, desconhecendo-se agora se o filme chegará às salas de cinema do principal mercado cinematográfico do mundo. Pese embora o Festival de Cannes e Gilliam terem ganho uma ação a Paulo Branco para exibir “O Homem Que Matou Dom Quixote” em Cannes, a principal ação judicial que visa decidir a quem pertencem os direitos do filme ainda continua em tribunal e só será decidida em Junho. Essa é a principal ação e poderá decidir o que acontecerá ao filme após o festival. Terá, aliás, sido este processo que levou a Amazon a desistir de exibir “O Homem Que Matou Dom Quixote” nos Estados Unidos. 
Quanto ao festival propriamente dito tem havidos muitos destaques pela negativa. E tudo começou com o Filme de Abertura, o novo projeto de Asghar Farhadi intitulado “Todos lo Saben”. Não foi um regresso feliz de Farhadi a Cannes, isto porque todos apelidam este seu novo filme, protagonizado por Penelope Cruz, como o pior da sua carreira. Recorde-se que Farhadi pegou neste projeto após a desistência de Pedro Almodóvar, mas pelos vistos não se deu muito bem com os ares de Espanha e acabou por apresentar um filme muito abaixo das expectativas que já está, desde já, arredado da luta pela conquista da Palma de Ouro.
Cannes também está a sentir a falta da Netflix, pelo menos o público está a sentir a sua falta, já que Cannes parece intransigível e manterá, para o ano, a regra que só visa permitir a exibição no Festival de filmes que serão lançados, posteriormente, nas salas de cinema francesas. A NetFlix já anunciou que, enquanto esta regra se manter, continuará a boicotar o Festival, por isso durante os próximos anos, a Netflix não entrará em Cannes. Este ano perdeu a possibilidade de lançar o épico "Roma", de Alfonso Cuáron, num grande certame mundial. Noutra "derrota" para Cannes, os realizadores Jafar Panahi e Kirill Serebrennikov, que estão com filmes a concurso no festival e que este queria honrar pela sua luta contra as más práticas dos seus respetivos governos (Irão e Russia), não deverão marcar presença no Festival, porque não conseguiram autorização, para já, para sair do país.  

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