Crítica - Jurassic World: Fallen Kingdom (2018)

Realizado por
Com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Jeff Goldblum

É inegável que a experiência oferecida por “Jurassic World: Fallen Kingdom” tem pontos altos e baixos. Estes sentimentos mistos resultam, numa primeira fase, num sentimento positivo, já que se regista com agrado o rumo mais sombrio e intenso que o franchise toma. Por um lado apraz observar que os seus responsáveis não tiveram qualquer medo em aniquilar por completo o cenário onde se desenrolaram os últimos quatros capítulos e, com isso, aniquilaram também boa parte dos dinossauros. Ao adoptarem esta estratégia transpuseram em definitivo para a nossa realidade o Mundo dos Dinossauros. Por um lado já era tempo da saga abandonar o conceito da restrição do Parque Jurássico e dos Dinossauros às 2 Ilhas e, após os eventos de “Jurassic World”, essa transição era inevitável. Recorda-se que em “Jurassic Wold: Fallen Kingdom”, a Humanidade tem que decidir se salva ou não os Dinossauros de uma nova extinção quando o Vulcão da Ilha Nublar (que é a única que ainda tem dinossauros após o fim da exploração da Ilha Sorna) ameaça destruir o trabalho da InGen Corporation! 
A nível positivo regista-se também o facto da saga começar a explorar assuntos mais polémicos e complexos, como a Manipulação Genética. Nos filmes anteriores esta questão foi levantada como é óbvio, mas é em “Jurassic World: Fallen Kingdom” que conquista uma maior centralidade em detrimento das sequências de terror provocadas por dinossauros. É também curioso observar como esta quinta entrega consegue devolver a essas sequências de ação o primor de velhos tempos, nomeadamente do primeiro filme. No fundo torna-as mais intensas e interessantes, sendo de destacar aquelas que envolvem o novo Vilão Dino e os heróis humanos.
É claro que dentro destes pontos positivos há negativos. As tão elogiadas sequências de ação e terror que envolvem os Dinossauros continuam a apostar em demasia em clichés e, pese embora as melhorias registadas, continuam a ter graves défices de inteligência. Mas é nos outros dois pontos que encontramos maiores problemas. 



Embora aposte à seria na abordagem das questões morais relacionadas com a Manipulação Genética e no seu uso Bélico, quer em animais, quer em humanos, “Jurasic World: Fallen Kingdom” continua a limitar esta exploração moral e intelectual a um plano demasiado simplista que acaba por não elevar a questão aos níveis que merece. Talvez os próximos filmes consigam melhorar nesta questão e fornecer uma verdadeira discussão objectiva e pertinente, sobretudo porque se presume que irão abordar as graves consequências que podem advir de tais manipulações. Mas para ser franco duvido que este caminho seja trilhado.
E neste ponto entramos na questão mais grave que é introduzida por esta quinta obra. No seu final ficamos com a clara sensação que “Jurassic Park” entrou definitivamente no reino de “Planeta dos Macacos”. Não estou a falar de um cross over entre os dois franchises, mas sim ao nível da temática. É claro que acredito que “Jurasic Park” nunca terá os contornos narrativos de “Planeta dos Macacos”, mas ao introduzir em definitivo o Mundo dos Dinossauros no Mundo Real e ao libertar a Tecnologia Genética para todo o mundo percebe-se facilmente o caminho que será seguido nos próximos filmes, ou seja, um caminho em que Dinossauros e Humanos convivem e lutam em ambientes descontrolados. 
Por um lado esta mudança poderá abrir novos caminhos para os próximos capítulos que, assim, poderão adotar a tão popular formula de “Monster Movies” num alcance cinematográfico mais abrangente. O resultado final poderá então ser filmes mais impactantes no campo visual e com mais sequências de ação, ou seja, quase de certeza que veremos filmes com um maior “wow factor”. Por outro lado esta mudança aniquila, quase por completo, a esperança que ainda existia de ver esta saga transformar-se em algo mais do que um conjunto de mega blockbusters apenas focados na ação. Será que no futuro haverá espaço para abordar uma história com pés e cabeça em detrimento do valioso tempo de antena que tem que ser dado às sequências de ação? A minha opinião é que não..
É por esta razão que embora considere “Jurassic World: Fallen Kingdom” um filme minimamente completo e competente, não consigo deixar de acreditar que esta obra pode ter marcado o início da decadência da qualidade do franchise, transpondo as próximas entregas para níveis de parca qualidade só vistos no malfadado terceiro capítulo do franchise. Por um lado o caminho traçado por esta nova entrega era inevitável, mas será que não destruirá tudo aquilo de bom que esta saga nos deu? 

Classificação - 2,5 Estrelas em 5

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