Crítica - On Chesil Beach (2017)

Realizado por Dominic Cooke
Com Saoirse Ronan, Billy Howle, Emily Watson

Conhecido por muitos como o autor do bestseller “Atonement”, que em 2007 foi adaptado aos cinemas, Ian McEwan tem no seu reportório literário  outros dramas literárias que exploram, a fundo, histórias complexas de amor no seio da sociedade britânica. Um desses livros é “On Chesil Beach” que, devido à sua popularidade, também teve direito a uma adaptação cinematográfica que, agora, chega aos cinemas portuguesas. 
Uma curiosidade é que tal adaptação, tal como a de “Atonement”, também é protagonizada por Saoirse Ronan. Em 2007, Ronan ainda estava a dar os primeiros passos na representação e esse filme, também protagonizado por Keira Knightley e James McAvoy, catapultou-a para o estrelato mundial de onde nunca mais saiu. Embora a sua performance em “On Chesil Beach” não seja tão avassaladora,  conseguimos perceber facilmente que Ronan mantém o talento que sempre teve e o grande avontade com papéis de elevada complexidade. A seu lado tem o jovem Billy Howle que se destacou em “Dunkirk” e que, neste drama matrimonial, volta a fornecer boas indicações. 
Estes dois astros interpretam Florence e Edward, um jovem casal de vinte e poucos anos, recém-casados, que decidem passar a sua lua-de-mel num hotel abafado e enfadonho perto da praia de Chesil, em Dorset. Mas à medida que se aproximam da consumação do casamento, a conversa entre eles fica mais tensa e incómoda e resulta numa discussão entre os dois. É então que confrontam as diferenças entre si - as suas diferentes origens, atitudes, temperamentos, e segredos. É então que na deserta praia de Chesil, no fatídico dia do casamento, um deles toma uma decisão importante que mudará radicalmente as suas vidas para sempre.



Não é a toa que a sua trama se desenrola no Verão de 1962, ou seja, nas vésperas da grande Revolução Sexual e Juvenil dos Anos 60 no Reino Unido conhecida como Swinging Sixties. Tal como no muito superior “Atonement”, o drama presente na história sobressai graças a um contraste ecléctico entre emoções, inspirações, feitios e relacionamentos. No caso de “On Chesil Beach” o contraste é entre as personalidades dos jovens protagonistas e das duas épocas que cada um representa, sendo que Florence representa uma época mais selectiva e contida, e Edward uma época mais impulsiva e progressiva. A combinação parece resultar no inicio, mas após o casamento torna-se evidente que o choque de personalidades causará um conflito inevitável. Tal conflito é ainda mais exacerbado pelo facto de Florence esconder um segredo que explica a sua atitude frígida. O segredo em si nunca nos é devidamente explicado, mas é fácil de perceber do que se trata graças às insinuações presentes num dos momentos mais importantes do filme: a não consumação do casamento entre ambos.
Até esse momento, “On Chesil Beach” é um filme bastante apático a todos os níveis, mas o contexto que é dado torna-se, ainda assim, importante para compreender a relação de ambos e a conclusão do filme. Existem, no entanto, muitas coisas neste primeiro ato perfeitamente dispensáveis que, infelizmente, retiram ritmo, elegância e emoção ao computo geral da história. Faltou portanto bom senso por parte dos guionistas e do próprio realizador XX na hora de promover um filme equilibrado.  O que é certo é que a partir da grande sequência do filme, a já referida não consumação matrimonial, “On Chesil Beach” desperta para um novo rumo mais sério, dramático e emocional. Os diálogos que se seguem são magistrais e o desenlace final é poderoso e extremamente comovente, indo até mais além do que o próprio livro. Se a primeira parte do filme correspondesse a esta qualidade, então certamente que veríamos “On Chesil Beach” a competir por Óscares e capaz de rivalizar com “Atonement”, mas assim não é de estranhar que esta obra caia rapidamente no esquecimento do público.

Classificação - 3 Estrelas em 5

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