Crítica - Revenge (2018)

Realizado por Coralie Fargeat
Com Kevin Janssens, Vincent Colombe, Matilda Lutz

Sinopse - Richard vai com os amigos fazer uma caçada no deserto, mas decide ir uns dias antes e levar a amiga Jen (Matilda Lutz). Os amigos chegam mais cedo e cruzam-se com ela. A situação descontrola-se e a presa passa a ser humana. Jen vai mostrar o incrível sabor da vingança de uma mulher.

Todos os anos somos presentados com, pelo menos, um filme de terror particularmente violento e deliciosamente competente que nos consegue surpreende de forma genuína. Este ano um desses filmes é claramente “Revenge”, mas numa primeira análise ninguém diria que estaríamos perante tamanho sucesso. É, sem dúvida, uma obra que nunca será consensual e arrastará muitos comentários negativos, porque na sua génese pode parecer um filme absurdo, irrealista e que aposta em mais do mesmo. Mas só quando começamos a dissecá-lo é que compreendemos a sua genuína beleza. 
E já que falamos em beleza, podemos começar por falar de Matilda Lutz. Esta jovem modelo/atriz parece, à primeira vista, mais uma das típicas atrizes clichés dos filmes de terror, ou seja, uma mulher bonita com um forte sex appeal cuja função no projeto é, unicamente, fornecer-lhe uma forte conotação sexual. É certo que esta é uma das suas funções, que já agora cumpre na perfeição, mas Lutz e a sua Jen vão muito além do simples cliché. A sua performance é tão violenta e tão forte como a sua personagem que é, já agora, bem mais complexa do que o previsto. Lutz é bastante credível ao longo de todo o filme e consegue dominar e elevar por completo algumas sequências bastante complexas que envolvem ação e sobrevivência. Esta jovem convence-nos e brilha ao mais alto nível, transformando assim uma personagem já de si forte numa verdadeira surpresa. As duas (Jen e Lutz) são, no fundo, um hino ao feminismo puro e ajudam a rotular “Revenge” como um filme feminista, mas com uma conotação positiva. E Lutz fá-no sem quase proferir uma única palavra.


É claro que, quem já viu “Revenge”, dirá que roça muitas vezes o absurdo. É verdade. Não faltam buracos ao argumento e a lógica nunca impera, aliás parece até que os guionistas não compreendem como o corpo humano funciona. Mas apesar de ser exagerado nos pormenores e não ter qualquer conteúdo cientifico, devo confessar que, para mim, o enredo funcionou na perfeição. E isto acontece porque a sua cruel e violenta simplicidade foi maravilhosamente apoiada por um elenco competente, mas sobretudo por uma componente técnica soberba. As suas sequências são lindas e este ponto estético é, sem dúvida, o seu maior destaque. 
Todas as sequências são maravilhosamente pensadas e enquadradas, tendo aqui que aplaudir Coralie Fargeat (Realizadora) e Robrecht Heyvaert (Diretor de Fotografia) pelo excelente trabalho de transformar algo que poderia ser banal em algo acima da média. Esta talentosa equipa técnica prova que não é preciso muito para criar um grande filme, mas é preciso ter criatividade e visão. Se conseguir pôr de lado as falhas de lógica gritantes do enredo, poderá então aproveitar este poderio visual ao máximo e conseguirá também vibrar com o gore que envolve o filme. E neste ponto destaco, por fim, a sequência final que é absolutamente magistral e uma das melhores que verá este ano num filme independente!

Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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