Crítica - Colette (2018)

Realizado por Wash Westmoreland
Com Keira Knightley, Arabella Weir, Dominic West

Em tempos, um drama de época/ cinebiografia de época com Keira Knightley como protagonista era sinónimo de candidato aos Óscares! Hoje em dia já não é bem assim, mas ainda é difícil não associar o nome de Knightley a filmes de época de qualidade. Este é, afinal, o género onde esta experiente atriz britânica mais se sente confortável e onde, no passado, brilhou ao mais alto nível.


Num passado recente, Knightley aventurou-se por outros estilos, mas é incontestável que é nos filmes de época que mais se sente à vontade e mais brilha. Em “Colette” presenteia-nos, novamente, com uma grande performance com um nível avassalador que já não tínhamos oportunidade de apreciar desde a sua participação em “Anna Karenina” em 2012, curiosamente (ou não) outro drama e época. 
Esta atriz consegue mesmo ser um dos grandes atrativos deste filme, até porque consegue incutir um carisma impressionante à sua personagem, Colette, sendo que tal performance certamente deixaria orgulhosa a escritora sobre o qual recai a trama. Estamos perante uma cinebiografia de Sidonie-Gabrielle Colette, popularmente conhecida apenas como Colette. Ela foi uma das grandes escritoras femininas do início do Século XX em França, tendo também trilhado corajosos caminhos feministas e batalhas pela igualdade de género e liberdade de expressão. É portanto um marco não só da literatura francesa e ate mundial, mas também um nome de luxo no seio da luta pelos direitos das mulheres. 
A história de “Colette” explora os principais eventos da vida da autora, começando pelo momento em que se casou com um escritor conhecido como “Willy” e muda-se da sua pequena aldeia para Paris, onde acaba por conhecer o meio artístico e cultural da cidade. É na capital francesa que o seu marido convence-a então a ser a escritora-fantasma dele e ela escreve um romance inspirado nela própria que, inesperadamente, se torna um best-seller e estimula a mais livros na mesma linha, os tão famosos livros da série “Claudine”. O problema é que quem os assina é Willy e, com o passar do tempo, tal facto começa a desagradar a Colette que, com o progressivo colapsar do seu casamento, começa a bater.se pela propriedade intelectual da sua obra, enfrentando barreiras sociais, culturais e sexuais. 
É, no fundo, uma cinebiografia muito sólida sobre uma escritora sobre o qual, infelizmente, recai pouco interesse cultural fora de França. Mas ao ver filme é possível entrar em contacto com a realidade de quem foi Colette e o que ela representou e ainda representa em vários campos, desde a literatura à luta pelos direitos das mulheres. Estamos perante um filme bem composto e apresentado que, sem entrar deturpar significativamente a história real, consegue criar um retrato biográfico envolvente, emotivo mas, acima de tudo, muito interessante. 
A presença de Knightley só ajuda a engrandecer um competente argumento e uma capaz direção por parte de Wash Westmoreland. Faltou-lhe apenas aquele pequeno toque extra de classe e irreverência para poder ambicionar brilhar na época de prémios. Mas fora isso é, efetivamente, um bom filme que marca o regresso da sua estrela principal à boa forma cinematográfica

Classificação - 4 Estrelas em 5

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