Entrevista com Alberto Corredor, o Elogiado Cineasta Espanhol Que Nos Apresentou Baghead!


Se calhar não conhece, mas "Baghead" é uma curta de terror de 2017 que fez furor nos festivais de cinema. Elogiada por meio mundo, "Baghead" será, em breve, transformada numa longa metragem de terror e, perante esse anúncio, o Portal Cinema decidiu falar com o cineasta espanhol Alberto Corredor, responsável pela curta e principal responsável agora também pela longa metragem. É claro que falamos sobre a curta que deu origem ao projeto de sonho de Corredor, mas claro que abordamos também os planos para esta longa metragem que estamos ansiosos por ver no grande ecrã!
Maybe you havent heard about "Baghead", but this horror short of 2017 made a splash at film festivals. Praised throughout the world, "Baghead" will soon be transformed into a horror feature film and, because of this, Portal Cinema decided to speak with Spanish director Alberto Corredor, responsible for the short and feature film, that kindly answered our questions! We've talked about the praised short that gave rise to Corridor´s dream project, and of course we also addresses the plans for this feature film that we are looking forward to see it on the big screen in a near future!
 
Portal Cinema (PC) – Fale-nos um pouco sobre a sua formação profissional e porque é que decidiu abraçar uma carreira profissional na indústria cinematográfica? Quais são as suas inspirações e principais influências?/ First of all, tell us about your professional background, and why did you decided to embark on a professional career in the film industry? What are your inspirations and main influences?

Alberto Corredor (AC) - Sempre fui apaixonada por filmes, especialmente por terror e ficção científica. Lembro-me de ver "Alien", de Ridley Scott, quando tinha 9 anos e fiquei a pensar que aquele tinha sido o filme mais cool que alguma vez foi feito. Eu cresci com uma dieta rigorosa de filmes e livros de suspense, terror, ficção científica e fantasia. Nos anos 80 houve um bom grupo de cineastas como Brian de Palma, Cronenberg e Carpenter que tiveram um impacto na minha compreensão dos filmes de terror. Também adorei os filmes de Hammer e acho que podem ver um pouco da influência deles no meu filme "Baghead", embora seja um pouco mais explícito. A partir dos anos 90 passei à descoberta de filmes asiáticos, especialmente terror e fantasia da Coreia e do Japão que, sem dúvida, tiveram um impacto inegável na minha evolução visual. E é por isso que eu queria ter um DoP com experiência nesses países. Mas se eu tiver que destacar alguém como a maior influência teria que ser Guillermo del Toro. Ele é um contador de histórias incrível, com quem aprendi muito visualmente. Classifico o "Labyrinth de Pan" e o "The Devil’s Backbone" como obras-primas do género Fantasy-Horror. Mas posso dizer também que todos os diretores clássicos, como Scott com os seus visuais impactantes ou Spielberg com os seus trabalhos de câmara sublimes acabaram por ajudar-me a entender melhor a narrativa visual.
Para ser sincero cresci a pensar que me tornaria escritor, romancista ou jornalista. Mas, em algum momento, decidi estudar cinema, pois achava que escrever era apenas uma questão de prática e que técnicas de cinema envolviam aquilo que eu deveria aprender. Então, fui para a escola de cinema em Espanha, onde treinei como diretor e guionista. Como não havia nada em termos de trabalho na Espanha fui para a Alemanha, onde consegui uma vaga no Bavaria Film Studios. Lá, comecei minha formação como Editor e passei a trabalhar como editor e assistente de câmara em Munique durante alguns anos. Depois mudei-me para Londres, onde pensei que teria mais chances de entrar no cinema. Foi um caminho longo e difícil, onde trabalho principalmente como editor, mas nos últimos sete anos envolvi-me cada vez mais no cinema. Agora, dirigi o "Baghead" e trabalhei como Produtor Executivo e Assistente de Direção e mais 2 curtas-metragens que, como "Baghead", destinam-se à prova de conceito de recursos


I was always in love with film, especially horror and sci-fi. I remember watching Ridley’s Scott “Alien” when I was 9 and thinking that was the coolest movie ever made. I grew up on a strict diet of thriller, horror, sci-fiction and fantasy films and books. In the 80’s there was a good bunch of directors like Brian de Palma, Cronenberg and Carpenter who had an impact on my understanding of horror films. I also loved Hammer movies, and you can see a bit of their influence in Baghead, although it is a bit more tongue-in-cheek. From the 90’s onwards, the discovery of Asian films, especially horror and fantasy from Korea and Japan, had an undeniable impact in my visual evolution, and that’s why I wanted to have a DoP with experience in those countries. But if I have to single out someone as the biggest influence, it would be Guillermo del Toro. He is an incredible storyteller from whom I’ve learned a lot visually speaking. I rate Pan’s Labyrinth and The Devil’s Backbone as masterpieces of the Fantasy-Horror genre. Also, all the classic directors, like Scott with his impactful visuals or Spielberg with his camerawork helped me to understand visual storytelling.
To be honest, I grew up thinking I would become a writer, a novelist or journalist. But at some point I decided to study film as I thought writing was just a matter of practice and film involved techniques I should learn. So I went to film school many years ago in Spain, where I trained as Director and Screenwriter. As there was nothing in terms of work in Spain, I left for Germany, where I managed to get a placement at the Bavaria Film Studios. There I started my formation as Avid Editor and went on to work as editor and camera assistant in Munich for a few years. Then I moved to London, where I thought I would have more chances to break into film. It’s been a long and difficult path, where I have mostly worked as an editor, but in the past 7 years I have become more and more involved in film. I now have directed Baghead, and worked as Executive Producer and Assistant Director for another 2 shorts that, as Baghead, are intended as proof-of-concept for features.





PC – O que nos pode dizer sobre "Baghead", a curta que apresentou em 2017? Como foi o processo de criação e com o descreve para o público?/ What can you tell us about “Baghead”, the short that you presented in 2017? How was its creation process and how do you describe it to the audiences? 

AC - Na altura estava a procurar por argumentos de longa duração que pudessem ser gravados dentro do orçamento ou um bom argumento curto que pudesse ser expandido para uma história mais longa. "Baghead" foi perfeito como um projeto de prova de conceito. Lorcan Reilly, o escritor, escrevia curtas-metragens com orçamento limitado para um grupo de cineastas amadores. Perante um micro-orçamento precisas de scripts que possam ser gravados num dia, num local, com um elenco e equipa pequenos e com muito pouco dinheiro. Então, esse foi o desafio de Lorcan: "Um quarto, duas pessoas estão sentadas à mesa, escreva uma história". Ele passou por diferentes cenários, até se estabelecer na história de um homem visitando por um médium que pode canalizar os mortos. A história cresceu a partir desse conceito para a introdução do conceito de bruxaria. Eu concentrei-me principalmente no visual e no design de produção, mas também na criação do melhor elenco e equipa que pude encontrar (e pagar!).
Descrever o filme é difícil. Eu não acho que colocá-lo em qualquer tipo de modelo faria justiça à história. É um projeto excêntrico, algo que acontece com muitas histórias de fantasia. Competiu em festivais de terror, comédia, suspense e drama. Costumo defini-lo como uma história de fantasia com a aparência de um filme de terror.


I was at the time looking for either feature-long scripts that could be shot on a budget, or a good short script that could be expanded into a longer story; Baghead was perfect as a proof-of-concept project. Lorcan Reilly, the writer, was writing micro-budget short films for an amateur filmmaking group. In micro-budget you need scripts that can be shot in one day, in one location, with a small cast and crew and very little money. So, that was Lorcan’s challenge. One room, two people are sitting at a table, write a story. He went through different scenarios, until he settled on a story of a man visiting a medium who can channel the dead. The story snowballed from that concept into the creation of the witch. I mainly focused on the visuals and production design, and putting together the best cast and crew I could find (and afford!).
Describing the film is difficult. I don’t think that putting it into any kind of template would make justice to the story. It is an oddball, something that happens to many fantasy stories. It has competed in festivals as a horror, a comedy, a thriller and a drama. I tend to define it as a fantasy story with the looks of a horror film. 

PC - O que é que este projeto significou para a sua carreira?/ What did that project meant to your career?

AC - "Baghead" foi o projeto que lançou a minha carreira como realizador. Os últimos dois anos, através do sucesso de "Baghead" foram quase como um mestrado acelerado na parte comercial do cinema. Conhecer tantos produtores, diretores ou distribuidores deu-me uma imagem muito mais clara de como obter projetos desde o início até o estágio de financiamento. Esta é provavelmente a principal coisa que falta quando alguém está  a começar: a direção para a sua carreira. Podes ter as melhores ideias, mas se não sabes com quem conversar e como, elas nunca serão criadas. Agora tenho representação de uma agência de talentos muito respeitável (Verve) e de um gerente destacado em Jake Wagner.


"Baghead" is the project that launched my career as director. The past two years, through the success of "Baghead", has felt like an accelerated master in the business part of filmmaking. Meeting so many producers, directors, distributors, etc., has given me a much clearer picture on how to get projects from the inception to the financing stage. This is probably the main thing missing when you are starting: direction for your career. You may have the best ideas out there, but if you don’t know whom to talk to and how, they will never get made. I have now representation by a very reputable talent agency (Verve) and an outstanding manager in Jake Wagner.

PC – Sei que há planos para lançar um longa baseado em "Baghead". O que nos pode dizer sobre esses planos? E qual será a vibe desse filme?/ I know there are plans to launch a feature film based on “Baghead”. What can you tell us about those plans? And what will be the vibe of that film?  What is the stage of that project?

AC - Tínhamos concordado com a venda dos direitos da história com o StudioCanal em Novembro do ano passado, mas, devido à situação do Coronavírus, ainda estamos a finalizar a papelada. Alex Heineman e Andrew Rona, da The Picture Co, são os produtores e, junto com Christina Pamies, já estamos a trabalhar no argumento. A ideia era filmar este ano, mas há muita incerteza por aí, então ainda não sabemos. Em relação à vibe do filme posso dizer que ele se baseará na atmosfera e nos personagens do curta. Será uma história de terror contida, baseada no conceito de luto e em que medida as pessoas estão preparadas para chegar ao fim.


We had agreed to the sale of the rights to the story to StudioCanal November last year, but due to the Coronavirus situation we are still finalizing the paperwork. Alex Heineman and Andrew Rona from The Picture Co are the producers, and together with Christina Pamies we are already working on the script. The idea was to shoot it this year, but there is a lot of uncertainty around, so we still don’t know. Regarding "the vibe", well it will build on the atmosphere and characters from the short. It will be a contained horror story, based around the concept of grief and what lengths people are prepared to go to get closure.

PC – Tendo em consideração a sua experiência, você acha que esta pandemia afetará a indústria cinematográfica?/ Taking into consideration your experience, how do you think this recent pandemic will impact the film industry?

AC - Já vimos que o streaming está a tornar-se no principal ator financeiro do negócio e a pandemia acabou por acelerar esse processo. Como sempre, haverá prós e contras, perdedores e vencedores, mas, em geral, penso que para nós, as pessoas que trabalham no setor, a boa notícia é que haverá muito trabalho. Significará que haverá menos cinemas e menos lançamentos teatrais? A verdade é que não sabemos. Como realizador, prefiro que o público assista aos meus filmes numa tela grande no cinema, sem dúvida. Mas a vida muda, a sociedade muda e veremos o que sai deste terremoto e tentaremos adaptar-nos a ele. A realidade é que somos contadores de histórias e as pessoas sempre querem contar histórias.


We could see already streaming becoming the main financial player in the business; the pandemic has just accelerated this process. As always, there will be pros and cons, losers and winners, but in general I think for us, the people who work in the industry, the good news is that there will be plenty of work. Will it mean that there will be less cinemas and less theatrical releases? The truth is, we don’t know. As a director, I rather have the audience watching my movies on a big screen at the cinema, no doubt about it. But life changes, society changes and we will see what comes out of this earthquake and will try to adapt to it. The reality is that we are storytellers and people will always want to be told stories.

PC -  O que se segue na sua carreira? Pode-nos contar sobre os seus próximos projetos? E que histórias deseja contar num futuro próximo? What’s next for your career? Can you tell us about your next projects? And what stories you want to tell in a near future?

AC -  De momento estou totalmente focado em "Baghead", que é onde quero investir toda a minha energia por agora. Mas, é claro, existem outras ideias, outras histórias na minha cabeça que quero desenvolver no futuro. Mas, por enquanto, a bruxa tem toda a minha atenção!


At the moment I’m completely focused on the feature transfer of Baghead, which is where I want to invest all my energy now. But, of course, there are other ideas, other stories in my head that I want to develop in the future. But for now, the witch has all my attention!

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