Crítica - Alex Strangelove (2018)

Realizado por Craig Johnson

Com Daniel Doheny, Madeline Weinstein, Isabella Amara


Foi uma das grandes surpresas do cinema independente em 2018, tanto é que o seu percurso comercial se prolongou até 2019 e, mesmo agora em 2020, ainda capta atenções graças à sua presença no vasto catálogo da Netflix. E tal atenção é merecida? Sem dúvida! “Alex Strangelove” é, de facto, um filme diferente que explora um tema complexo e polémico de uma forma bastante ligeira, mas genuinamente interessante e sem qualquer menosprezo do seu tema central. 

Trata-se de um romance juvenil que explora a descoberta da sexualidade e confere-lhe um twist, já que estamos perante uma história com uma clara tendência LGBTQ+ que explora as dúvidas e certezas que um jovem rapaz começa a ter sobre a sua sexualidade. Tal rapaz é Alex Truelove (Daniel Doheny), um aluno exemplar com um grande futuro pela frente, mas antes de se formar ele quer alcançar o último marco da adolescência: perder a virgindade com a sua namorada, Claire (Madeline Weinstein). Mas tudo se complica quando conhece Elliot (Antionio Marziale), um charmoso rapaz homossexual que sem querer põe Alex uma jornada de autodescoberta sexual e existencial.

Embora verse sobre um tema complexo e de difícil abordagem, “Alex Strangelove” consegue graças a sua simplicidade e boa disposição explorar temas complexos sem ferir grandes susceptibilidades e, acima de tudo, demonstra como é que uma jornada de autodescoberta sexual pode ser recheada de desafios, dúvidas, incertezas, falsas moralidades e, claro está, medos e preconceitos.

 A dada altura, Alex revela que sempre se sentiu heterossexual porque é o que é correto e, por isso, nunca duvidou da sua heterossexualidade. E esta frase é bastante significativa, não só por lançar a reta final do filme, mas sobretudo porque expõem aquilo que esta na base dos preconceitos, ou seja, a falsa norma social. É claro que eventualmente tal dúvida bate-lhe à porta e quando faz uma auto-analise chega à conclusão que, pese embora as relações heterossexuais que teve no passado e que ainda tem, Alex gosta de homens e acaba mesmo por se assumir como homossexual, contrariando assim a tal regra social que parece ter moldado o seu comportamento até então. 

O que é certo é que o protagonista assume a sua sexualidade de uma forma que se identifica com a bandeira ideológica do filme que, em nenhum momento, centra a sua mensagem numa ideia pró-homossexual, mas sim numa mensagem de aceitação do amor e da identidade, seja ela qual for. 


Crítica - 3,5 Estrelas em 5

Enviar um comentário

0 Comentários

//]]>