MOTELx 2020 - Entrevista com Francisco Lacerda, Realizador da Curta Karaoke Night

MOTELx 2020 - Entrevista com Francisco Lacerda, Realizador da Curta Karaoke Night

O Portal Cinema volta a aliar-se ao MOTELx (pelo terceiro ano consecutivo) para dar voz aos criadores que competem a um dos prémios mais icónicos do festival: Melhor Curta-Metragem de Terror Portuguesa. É de recordar que o vencedor desta categoria será o representante de Portugal ao Prémio internacional Mélliès D´Árgent. É importante realçar que esta competição é um dos pontos altos da programação do MOTELx e a concretização de um dos maiores objectivos do festival: a promoção, incentivo e exibição de filmes de terror produzidos em Portugal.   É por isso um prazer para o Portal Cinema repetir esta parceria, ainda para mais num ano tão peculiar como este!

MOTELx 2020 - Entrevista com Francisco Lacerda, Realizador da Curta Karaoke Night
Francisco Lacerda


Francisco Lacerda vem ao MOTELx 2020 apresentar a curta "Karaoke Nights", isto após já a ter apresentado em outros festivais internacionais, nomeadamente no Festival de Sundance. Falamos com o Francisco sobre este projeto e sobre o que podemos esperar da sua exibição no MOTELx, mas também falamos de “Dentes e Garras!”, um projeto que já rendeu várias curtas e que esperemos que em breve possa render uma longa metragem


Realizado por Francisco Lacerda

Argumento de Francisco Lacerda e Amarino França

Com Rita Borges, Fernando Alle, Francisco Lopes  

Sinopse: Dois turistas desprezíveis passam a noite num bar de Karaoke, nos Açores, quando dão de caras com uma jovem sedutora a cantar.. Mal sabem eles que a rapariga tem intenções maléficas.

Sessões - 11 de Setembro (Sexta-feira) à 00h00 no Cinema São Jorge/ 12 de Setembro (Sábado) às 13h40 no Cinema São Jorge


Portal Cinema (PC) – Antes de explorarmos um pouco o projeto que vem apresentar ao MOTELX 2020, gostaria que falasse um pouco sobre o seu percurso profissional até ao dia de hoje. Qual a sua formação? E o que fez antes de começar a trabalhar neste projeto?

Francisco Lacerda - Tudo começou com a curta-metragem “Dentes e Garras!” realizada em 2013 e com estreia no festival MOTELX de 2014. Depois decidimos rodar a sequela “Dentes e Garras 2” em 2015 e o spin-off “Freelancer”, o qual estreou também no MOTELX em 2018. As curtas fizeram uma carreira de festivais internacionais e agora encontram-se disponíveis para visualização online. Antes de começar a rodar o “Karaoke Night” estive a trabalhar em Helsínquia em produtoras de publicidade.

PC – Quais são as suas principais influências cinematográficas? E, já que estamos a falar no enquadramento de um Festival de Terror, qual é o seu Top 3 de Filmes de Terror favoritos?

Francisco Lacerda - Quanto a influências cinematográficas, estas variam de acordo com o tipo de projecto, no caso do “Karaoke Night” as influências vão desde filmes como “Only God Forgives” de Nicolas Winding Refn ao “Basket Case” de Frank Henenlotter. Embora seja difícil condensar todos os meus filmes de terror favoritos numa lista de três, aqui ficam três dos filmes de terror que vejo pelo menos uma ou duas vezes por ano: “Alien”, “Eraserhead”, e “The Evil Dead”.

PC – O que o levou a criar “Karaoke Night”? Como o descreve? E como o enquadra no panorama nacional do género de terror?

Francisco Lacerda - A ideia deste projecto nasceu de uma piada que eu e o Amarino França fizemos durante as rodagens do “Dentes e Garras!”. Anos depois a piada voltou-me à cabeça e decidimos escrever um argumento baseado na mesma em conjunto. Eu descreveria o “Karaoke Night” como uma espécie de “revenge movie”, enquadrando-se no sub-género “azoresploitation” que temos vindo a desenvolver com as nossas curtas-metragens até agora. É uma história sobre amizades bizarras e uma bruta chapada na cara do assédio sexual.

PC – Quais foram os principais desafios que enfrentou para lhe dar vida? 

Francisco Lacerda - Os desafios foram inúmeros para dar vida a este projecto. Desde uma campanha de crowdfunding para financiar o projecto, a problemas com locais de rodagem e o adorável clima bipolar dos Açores. Enfrentamos todos estes problemas em equipa e acredito que obtivemos um produto final maravilhoso.

PC – O que significa a presença da sua curta na Competição Oficial do MOTELX? Como espera que o público reaja? E perante isto quais são as suas expectativas globais (quer no festival, quer posteriormente) para a mesma?

Francisco Lacerda - Esta é a quarta vez que me encontro a competir pelo prémio de melhor curta de terror portuguesa no MOTELX, como sempre, é um prazer imenso fazer parte do festival e apenas desejo que o público se divirta imenso a ver o filme. “Karaoke Night” iniciou a sua carreira de festivais no final de 2019, tendo tido a sua estreia Norte Americana no Slamdance Film Festival no início do ano, e já passou por cerca de 14 festivais internacionais até agora, com a sua estreia em território nacional realizando-se exclusivamente no MOTELX.

PC – Em tempos de pandemia, incerteza sobre o futuro e perante a eminência de uma grave crise económica que poderá afetar o financiamento cinematográfico não só em Portugal, mas também em todo o Mundo gostaria de saber qual a sua posição e perspectiva sobre o futuro próximo da 7ª Arte em Portugal. Que novos desafios, oportunidades ou dilemas trará esta nova era para os criadores nacionais e, em particular, para o cinema de terror?

Francisco Lacerda - A produção de cinema de terror nacional já enfrentava um enorme desafio no que toca a financiamento dos institutos respectivos para a sua produção. Nos últimos dez anos viram-se chegar aos cinemas cerca de 4 longas metragens de género, quando poderiam ter sido 10 ou até 20, o que me faz pensar que não existe um grande interesse da parte da indústria cinematográfica nacional a produzir cinema de género, embora haja um enorme incentivo à sua produção como se pode ver com o MOTELX. Se já era difícil fazer cinema de género em Portugal, então com a pandemia, a situação só se vai tornar ainda mais complicada. Eu acredito que se possam criar soluções para resolver os problemas futuros resultantes da atual pandemia, no que toca ao financiamento de filmes de género em Portugal, mas isso encontra-se nas mãos dos institutos e do seu interesse na produção deste tipo de cinema fascinante e escassamente explorado em Portugal.

PC – E o que nos pode dizer sobre os seus projetos futuros? 

Francisco Lacerda - Faz este ano 6 anos que ando a tentar dar vida à longa-metragem do “Dentes e Garras”. O projeto já sofreu inúmeras transformações, tendo amadurecido imenso desde a sua génese. A luta por financiamento continua. Entretanto acabei de realizar uma nova curta-metragem que faz parte de uma residência artística que será exibida no Arquipélago – Centro de Artes Culturais em S. Miguel nos Açores. Tenho mais uma curta em desenvolvimento, que entrará na fase de financiamento muito em breve.

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