Crítica - Titane (2021)

Os Vencedores do Festival de Cannes 2021

Realizado por Julia Ducournau 

Com Vincent Lindon, Agathe Rousselle, Garance Marillier


"Titane" foi o grande vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2021! Após um interregno de um ano devido à pandemia, Cannes regressou à ribalta graças a um grande cartaz e, no final de contas, a um vencedor invulgar do seu prémio máximo. A excentricidade e a diferenciação desta obra de Julia Ducournau conquistaram não só Cannes, mas também o Universo Cinematográfico... E, mesmo que "Titane" não tivesse levado para casa a Palma de Ouro, certo é que ninguém lhe tiraria o título de um dos filmes mais surpreendentes e inesperados do ano.

Após brilhar em Cannes, "Titane" poderá vir ainda a brilhar em Hollywood, já que foi selecionado para representar a França na corrida ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. É já um dos favoritos a conquistar a nomeação nesta categoria e compreende-se as razões que levam a esta confiança por parte da indústria. Mas o que faz com que todos os que o viram se unam na sua distinção (seja positiva ou negativa)?

É bem verdade que o adjetivo consensual nunca poderá ser aplicado para descrever esta espécie de thriller de terror bizarro, mas há uma consensualidade na hora de o descrever como um produto único e capaz de surpreender. Se o resultado final é positivo ou negativo, isto dependerá sempre de pessoa para pessoa (neste caso mais que nunca), mas é precisamente o seu bipolarismo e a sua imponente excentricidade que o tornam num projeto tão especial. 

É complexo descrever a sua real dimensão e minúcia temática, mas "Titane" revela-se uma experiência cinematográfica única que nunca poderá ser devidamente apreciada se o abordar com uma mente fechada. Só assim poderemos ver para além das suas bizarras sequências de choque e compreender a essência de uma história sobre amor, psicopatia e maternidade. 

Sim, "Titane" choca e muito por via dos seus momentos mais bizarros. Muitos destes existem sim para chocar, mas no seio da sua loucura e excentricidade existe também uma intenção. É que, por entre a loucura e o bizarro, sobressai uma trama com profundidade emocional que procura sempre mostrar um lado Humano....por muito estranho que isto possa parecer quando nos deparamos com cenas eróticas entre Humano e Máquina.

Poderia ficar horas a tentar extrair múltiplos significados dos seus vários capítulos, mas no final de contas o simbolismo de base está na sua capacidade de surpreender o espectador. E fá-lo não só por uma direção muito artística por parte de Ducournau que nos leva num caminho sem fronteiras, mas também por um enredo que puxa pela nossa capacidade de análise.


Classificação - 4 Estrelas em 5

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