Crítica - Querida, Alice (2023)

Realizado por Mary Nighy

Com Anna Kendrick, Kaniehtiio Horn, Charlie Carrick


Em "Querida, Alice", Anna Kendrick interpreta uma mulher que é levada ao limite pelo comportamento psicologicamente abusivo do seu namorado. Durante um fim-de-semana de férias com as suas melhores amigas, Alice redescobre a essência de si própria e ganha uma perspectiva muito necessária para o seu futuro. Lentamente, começa a tentar libertar-se dos laços de dependência que a unem ao namorado. Mas a vingança de Simon é tão inevitável quanto devastadora – e, uma vez desencadeada, testa a força de Alice, a sua coragem e os laços profundos de amizade das suas amigas.

É esta a história deste drama psicológico que aposta num conceito narrativo competente e bastante contemporâneo, já que tenta explorar a vasta diferença entre o amor real e o controlo narcisista. O enredo tenta ilustrar um exemplo deste abuso que pode parecer subtil ou inócuo, mas que é na realidade uma das formas mais comuns de violência doméstica em todo o mundo. Sim, porque como nos é esclarecido pelo próprio filme, uma relação marcada por violência doméstica não é necessariamente uma relação marcada por agressões físicas ou sexuais, podendo também ser uma relação marcada pela desigualdade e pelo controlo ou pelo abuso do controlo. É este tipo de relação abusiva e de controlo que está no cerne de um enredo que começa por mostrar os sintomas primários deste abuso e o consequente impacto emocional deste tipo de relação e, claro, a lenta percepção da mesma por parte da vítima, sendo que é na reta final que o filme ganha contornos mais violentos e duros que retratam outro lado igualmente negro deste tipo de relação, ou seja, a retaliação pela perda do controlo e da própria relação. 

No global, "Querida, Alice" é um filme razoável que claramente poderia ter ido mais além em vários aspetos dramáticos. Mas no geral apresenta-nos uma trama bem construída que passa a mensagem que pretende e que beneficia ainda de um elenco competente liderado por uma sempre capaz Anna Kendrick.


Classificação - 3 Estrelas em 5

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