Crítica - Pleasure (2022)

Realizado por Ninja Thyberg

Com Sofia Kappel, Chris Cock, Dana DeArmond


Ninja Thyberg é já uma das grandes certezas do cinema sueco. Esta jovem brilhou já em vários festivais com as suas curtas-metragens e, em 2022, estreou-se nas longas metragens com "Pleasure", um drama controverso que nos faz mergulhar na indústria do sexo sob a perspectiva de uma atriz pornográfica. Essa jovem atriz é Bella, uma bela mulher que chega a Los Angeles desde a sua pequena cidade natal na Suécia com sonhos de se tornar a próxima grande estrela porno. Entretanto, como sua impiedosa ambição a leva a um território cada vez mais perigoso, Bella luta para conciliar os seus sonhos de empoderamento com a realidade do lado mais obscuro da indústria.

Embora com poucos trabalhos no currículo, Thyberg tem-se destacado pela sua visão feminista e pelo destaque que tem dado às mulheres. Pode por isso parecer estranho que a sua primeira longa-metragem (que ela também produziu e co-escreveu) explore a indústria pornográfica que é vista por tantos como um negócio que explora e subjuga as mulheres a ideais ultrapassados e ao expoente máximo do machismo. Embora explore algumas destas noções, Thyberg prefere usar "Pleasure" para mostrar que, embora seja um mundo de homens, a indústria porno depende e muito das mulheres e que estas têm muito do poder nas suas mãos. É verdade que por via da jornada de Bella, Thyberg mostra o lado mais feio, porco e indecente da indústria, lado esse ligado ao sexismo, abusos (mentais e físicos), racismo e, claro, ao machismo, mas mostra também um lado digamos mais esperançoso e até vitorioso. Já que nos leva numa jornada sexual, empresarial e sensual que, apesar de tumultuosa, vai reforçando o poder, crescimento e empoderamento progressivo de Bella na industria, já que esta passa de uma novata para uma atriz de topo que acaba por conseguir ter precisamente aquilo que inicialmente desejava e sem comprometer muita da sua integridade. 

É claro que em nenhum momento a indústria em si é embelezada, aliás Thyberg esforça-se por reforçar os podres e os grandes sinais de alerta que devem servir de dissuasor a quem não tenha estômago para encarar uma carreira numa indústria muito exigente e quase sempre injusta ou desigual. Mas esta não é diabolizada ao ponto dos seus profissionais serem rebaixados, aliás em nenhum momento foi intenção da cineasta desvalorizar a indústria, mas sim mostrar o seu lado bom (o dinheiro) e o seu lado mau (a exploração ou a desumanização). O retrato que é feito é, portanto, bastante terra a terra e isto torna a jornada de Bella interessante de acompanhar. Para isto contribui também uma grande performance de Sofia Kappel e, claro, uma realização criativa e madura por parte de Thyberg que, na hora de retratar uma indústria de sexo, não se coibiu de mostrar....sexo.


Classificação - 3,5 Estrelas em 5

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