Pérolas Indie - Nebraska (2013)

Realizado por Alexander Payne
Com Bob Odenkirk, Bruce Dern, Will Forte, Stacy Keach
Género – Drama

Sinopse - Após receber pelo correio uma carta de um sorteio, um homem bastante rabugento e mal-humorado pensa que ficou rico e arrasta o seu filho numa viagem para reclamar a sua fortuna. 

Crítica - Foi por pouco, por muito pouco, que "Nebraska" não estreou nas salas de cinema do nosso país mas, felizmente, um enorme erro foi evitado e os espetadores portugueses puderam ver este belo filme de Alexander Payne antes da cerimónia dos Óscares 2014 onde, como já se esperava, "Nebraska" não conseguiu materializar nenhuma das suas cinco nomeações numa vitória, mas acreditem que esta ausência de Óscares não descredibiliza em nada este simples e elegante filme, que graças à sua fotografia envelhecida e seu argumento bem pensativo destaca-se, claramente, como um dos filmes mais melancólicos do ano passado. 
Já se espera sempre o melhor de Alexander Payne, afinal de contas, vários dos seus projetos anteriores, como "The Descendants" (2011) ou "Sideways" (2004), conseguiram reunir um impressionante consenso dos especialistas e do público, por isso já se sabia, mesmo antes da sua estreia mundial na  66ª Edição do Festival de Cannes, que "Nebraska" iria ser um filme de grande qualidade e, logo nesse grande festival, estas expetativas confirmaram-se quando foi alvo de uma grande ovação em pé por parte do público presente, mas também de dezenas de opiniões positivas dos jornalistas mais conceituados do mundo. Este grande sucesso colocou "Nebraska" desde cedo entre os favoritos ao Óscar de Melhor Filme e, como se esperava, acabou por conseguir a nomeação a este tão cobiçado Óscar sem grande dificuldade, porque a Academia também soube apreciar e premiar a beleza interior deste pequeno drama filmado totalmente a preto e branco, algo que lhe confere um ar ainda mais independente, despretensioso e mágico.
O seu argumento, que é simplesmente delicioso e amplamente emocionante, acompanha acima de tudo uma intriga muito familiar que dá preferência a uma espécie de melodrama de elegância com toques de dramédia, ou seja, à primeira vista nada é muito sério ou profundo, mas à medida que o guião se desenvolve, as suas mensagens de ligação familiar e compaixão humana vão-se interligando numa história que, a dada altura, deixa de pertencer apenas a um simples road movie familiar e passa a fazer parte de um filme competentemente maduro e interessante que também aborda, indiretamente, várias questões sociais e humanas referentes, por exemplo, às debilidades económicas ou às carências sociais e emocionais dos mais velhos. É este poderoso alcance humano que é reforçado neste curioso projeto, que nunca parece complicar em demasia os seus temas nem nunca aposta numa abordagem demasiado séria para os contextualizar, sendo por isso que, pelo meio, vão aparecendo algumas sequências mais leves e cómicas, que ajudam a aliviar o contexto dramático de uma história bem montada e habilmente retratada por Alexander Payne, que assim nos presenteia com uma curiosa e cativante narração dos dramas internos de uma família disfuncional, dramas esses que vêm ao de cima quando os seus membros decidem partir numa inesquecível viagem, através de quatro estados norte-americanos, que irá alterar a sua já envelhecida dinâmica familiar, sendo que no epicentro destas questões familiares, com alguns paralelismos com questões sociais bem atuais, estão apenas duas personagens: um filho aparentemente distante interpretado por Will Forte; e um pai mal-humorado e visivelmente esperançoso interpretado por Bruce Dern, que se destaca proficientemente como um dos principais pontos positivos desta verdadeira pérola indie, a par é claro da igualmente singular June Squibb, cuja personagem matriarca é responsável por alguns dos momentos mais divertidos desta nova obra de relevo de Alexander Payne, que assim mantém bem viva a sua impressionante maré de projetos de qualidade.

Classificação - 4 Estrelas em 5

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1 Comentários

  1. Vocês não podem considerar um filme que é nomeado aos óscares, indie. É tudo menos indie. Indie é sinónimo de independente que significa elaborado independentemente de qualquer estúdio. O Nebraska tem grandes estúdios e produtoras por trás.

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