Crítica - Grace of Monaco (2014)

Realizado por Olivier Daham
Com Nicole Kidman, Tim Roth, Paz Vega

Se gostaria de saber um pouco mais sobre a forma como a consagrada atriz Grace Kelly viveu e enfrentou o papel mais difícil da sua vida, então pouco lhe adiantará dirigir a sua atenção para este frágil projeto de Olivier Dahan. É porque embora seja descrito pelos seus produtores como um retrato fidedigno relativo aos primeiros anos de matrimónio de Grace Kelly com o Príncipe Rainer do Mónaco, “Grace of Monaco” pouco mais é que um melodrama barato recheado de clichés, que aproveita uma linha histórica mal explicada e explorada para alimentar um drama pouco convicto de realismo e sentimento, mas repleto de excessos sem qualquer relevância e defeitos graves que insultam a história e todas as personalidades retratadas.


O elenco de “Grace of Monaco” é liderado por Nicole Kidman, uma das atuais divas de Hollywood, que infelizmente tem nesta fraquíssima longa metragem uma das piores prestações da sua carreira, porque para além de pouco convincente, a sua performance no papel de Grace Kelly é francamente insultuosa para a memória da já falecida atriz e monarca. É porque para além das claras divergências que existem entre ambas, Kidman apresenta um trabalho distanciado, excessivo e até bastante caricaturado, que pouco tem a ver com a presença e a personalidade fulminante de Kelly, que por intermédio de Kidman e de “Grace of Monaco” é retratada como uma princesa frágil e superficial sem qualquer noção de realidade. A culpa de tal defeito deve, antes de mais, ser imputada a um débil argumento, que para além de não ser nada fidedigno do ponto de vista histórico, consegue ainda caprichar os eventos pobremente retratados com um toque impressionante de irrealismo e melodramatismo que destrói por completo qualquer valor que este filme poderia acrescentar às nossas vidas.

   

É triste, mas “Grace of Monaco” falha redondamente como uma cinebiografia da atriz Grace Kelly, já que pouco explora a sua vida, a sua personalidade, os seus sentimentos e os seus objetivos, não servindo de desculpa para esta falha o facto da sua trama focar-se apenas num particular período histórico, que se centra apenas no conturbado período que marcou o conflito diplomático entre a França e o Mónaco em 1962. É porque mesmo neste ponto histórico muito particular, “Grace of Monaco” falha redondamente, já que o retrato que nos é apresentado denota uma clara falta de credibilidade, que certamente levará qualquer historiador ou conhecedor da história do Mónaco a levar as mãos à cabeça. Este esquecível projeto não é só criticado pelos historiadores, já que os próprios filhos de Grace Kelly, os atuais monarcas do Principado Mónaco, mostraram-se completamente chocados e insultados com tudo aquilo que é retratado no filme, tendo por isso decidido boicotar e criticar a sua estreia mundial durante a cerimónia de abertura da 67ª Edição do Festival de Cannes. Não há muito mais a dizer sobre “Grace of Monaco”, um drama político e cinebiográfico muito mau e sem sentido desde o seu mediano início até à sua terrível conclusão, que para piorar ainda mais a coisa, destaca-se como um dos finais mais exagerados e incompreensíveis dos últimos anos. 

Classificação – 0,5 Estrelas em 5

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