Realizado por Matteo Garrone
Com Salvatore Cantalupo, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, Toni Servillo
Em traços genéricos, “Gomorra” é um drama italiano sobre as actividades ilícitas da Camorra napolitana, uma das muitas facções da máfia italiana que lucra fortunas com a persecução de actividades ilegais como a prostituição, extorsão, falsificação e venda de drogas. Este filme, baseado no livro homónimo de Roberto Saviano e realizado por Matteo Garrone, foi uma das maiores estrelas do mais recente Festival de Cannes, tendo arrebatado inúmeras críticas positivas e bastantes aplausos, bem como o prestigiado Premio Especial do Júri para Melhor Filme. Como já referi, a história do filme foca-se nas actividades ilegais da Camorra, o que nos transporta para um mundo onde o poder, dinheiro e sangue são os "valores" a ter em conta e onde a única linguagem é a das armas. Neste violento cenário, ambientado num mundo cruel e ostensivamente inventado mas profundamente enraizado na realidade, cruzam-se cinco histórias em redor das vidas de Toto (Salvatore Abruzzese), Pasquale (Salvatore Cantalupo), Don Ciro (Gianfelice Imparato) e Maria (Maria Nazionale), Franco (Toni Servillo) e Roberto (Carmine Paternoster), Marco (Marco Macor) e Ciro (Ciro Petrone). Todas as cinco histórias têm naturezas diferentes, contudo estão ligadas de uma forma ou de outra à poderosa Camorra e no final do dia, todas as personagens terão que eventualmente lhe prestar contas.
O argumento de “Gomorra” parte de uma história fictícia, no entanto, são muitos os pontos do filme que se aproximam da realidade do crime organizado em Itália. O filme transmite ao espectador um realismo e uma credibilidade impressionantes na forma como retrata a corrupção e a violência, praticamente quotidiana, entre as diversas famílias da máfia italiana que lutam entre si para obter os melhores negócios dos vários ramos do mercado ilegal. Também as relações entre a máfia e a restante população são abordadas de uma forma assustadoramente semelhante àquela que se viveu num passado recente em Itália e que ainda hoje é bem visível em localidades do interior italiano, ou seja, o filme transmite na perfeição o medo que a máfia inspira a uma população que se limita a viver a vida dentro do parâmetros ditados pelos mafiosos superiores, que são tratados pela população como senhores feudais e imperais. Em suma, o argumento do filme faz inúmeras referências à máfia e as suas atitudes de mercado, contudo é a sua influência perante a população que torna o argumento especial. Através de cinco histórias diferentes mas ligadas pelo mesmo denominador comum (Camorra), vemos como cada personagem se relaciona com a máfia e enquanto uns se aliam à grande organização da Camorra, outros assumem-se contra aquela instituição e as suas acções, o que inevitavelmente provoca um constante choque de valores morais entre as histórias.
A realização de Garrone é muito correcta. O cineasta italiano conseguiu impingir ao filme o verdadeiro espírito criminal italiano presente em filmes do género, que pautaram as décadas de 60 e 70 tanto em Itália como nos EUA. Garrone apostou também no realismo das cenas e na máxima aproximação possível às tradições e costumes da Mafia Italiana. O elenco está repleto de boas interpretações. Entre as melhores encontramos a de Salvatore Cantalupo e a de Gianfelice Imparato, dois actores italianos de grande valor que assumem uma interpretação irrepreensível e bastante credível, contudo coube ao jovem Salvatore Abruzzese o maior destaque do filme. A sua personagem tem aquela que é provavelmente a história mais dramática e intrigante do filme, no entanto, apesar da complexidade e importância do seu papel e da sua tenra idade, Abruzzese assinou uma performance de grande qualidade que deixa antever um futuro bastante risonho para este actor. “Gomorra” é um filme 100% italiano e 100% cativante que deixou Cannes de boca aberta e que certamente fará o mesmo a todos aqueles que apreciem um bom drama ou uma boa história que tenha a máfia como pano de fundo.
Com Salvatore Cantalupo, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, Toni Servillo
Em traços genéricos, “Gomorra” é um drama italiano sobre as actividades ilícitas da Camorra napolitana, uma das muitas facções da máfia italiana que lucra fortunas com a persecução de actividades ilegais como a prostituição, extorsão, falsificação e venda de drogas. Este filme, baseado no livro homónimo de Roberto Saviano e realizado por Matteo Garrone, foi uma das maiores estrelas do mais recente Festival de Cannes, tendo arrebatado inúmeras críticas positivas e bastantes aplausos, bem como o prestigiado Premio Especial do Júri para Melhor Filme. Como já referi, a história do filme foca-se nas actividades ilegais da Camorra, o que nos transporta para um mundo onde o poder, dinheiro e sangue são os "valores" a ter em conta e onde a única linguagem é a das armas. Neste violento cenário, ambientado num mundo cruel e ostensivamente inventado mas profundamente enraizado na realidade, cruzam-se cinco histórias em redor das vidas de Toto (Salvatore Abruzzese), Pasquale (Salvatore Cantalupo), Don Ciro (Gianfelice Imparato) e Maria (Maria Nazionale), Franco (Toni Servillo) e Roberto (Carmine Paternoster), Marco (Marco Macor) e Ciro (Ciro Petrone). Todas as cinco histórias têm naturezas diferentes, contudo estão ligadas de uma forma ou de outra à poderosa Camorra e no final do dia, todas as personagens terão que eventualmente lhe prestar contas.
O argumento de “Gomorra” parte de uma história fictícia, no entanto, são muitos os pontos do filme que se aproximam da realidade do crime organizado em Itália. O filme transmite ao espectador um realismo e uma credibilidade impressionantes na forma como retrata a corrupção e a violência, praticamente quotidiana, entre as diversas famílias da máfia italiana que lutam entre si para obter os melhores negócios dos vários ramos do mercado ilegal. Também as relações entre a máfia e a restante população são abordadas de uma forma assustadoramente semelhante àquela que se viveu num passado recente em Itália e que ainda hoje é bem visível em localidades do interior italiano, ou seja, o filme transmite na perfeição o medo que a máfia inspira a uma população que se limita a viver a vida dentro do parâmetros ditados pelos mafiosos superiores, que são tratados pela população como senhores feudais e imperais. Em suma, o argumento do filme faz inúmeras referências à máfia e as suas atitudes de mercado, contudo é a sua influência perante a população que torna o argumento especial. Através de cinco histórias diferentes mas ligadas pelo mesmo denominador comum (Camorra), vemos como cada personagem se relaciona com a máfia e enquanto uns se aliam à grande organização da Camorra, outros assumem-se contra aquela instituição e as suas acções, o que inevitavelmente provoca um constante choque de valores morais entre as histórias.
A realização de Garrone é muito correcta. O cineasta italiano conseguiu impingir ao filme o verdadeiro espírito criminal italiano presente em filmes do género, que pautaram as décadas de 60 e 70 tanto em Itália como nos EUA. Garrone apostou também no realismo das cenas e na máxima aproximação possível às tradições e costumes da Mafia Italiana. O elenco está repleto de boas interpretações. Entre as melhores encontramos a de Salvatore Cantalupo e a de Gianfelice Imparato, dois actores italianos de grande valor que assumem uma interpretação irrepreensível e bastante credível, contudo coube ao jovem Salvatore Abruzzese o maior destaque do filme. A sua personagem tem aquela que é provavelmente a história mais dramática e intrigante do filme, no entanto, apesar da complexidade e importância do seu papel e da sua tenra idade, Abruzzese assinou uma performance de grande qualidade que deixa antever um futuro bastante risonho para este actor. “Gomorra” é um filme 100% italiano e 100% cativante que deixou Cannes de boca aberta e que certamente fará o mesmo a todos aqueles que apreciem um bom drama ou uma boa história que tenha a máfia como pano de fundo.
Classificação - 4,5 Estrelas Em 5
0 Comentários