Crítica - Twilight (2008)

Realizado por Catherine Hardwicke
Com Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner

A versão literária de “Twilight” alcançou o estatuto de fenómeno cultural, graças a milhares de jovens de todo o mundo que “devoraram” a história do romance proibido entre um vampiro e uma mortal. Esse fanatismo pela obra de Stephenie Meyer não é descabido, já que o livro está muito bem escrito e a sua história mostra-se capaz de agradar a qualquer pessoa de qualquer idade. A provar a sua abrangência e qualidade, estão as diversas honras que recebeu por parte do New York Times e de várias associações literárias. A versão cinematográfica de “Twilight” parece estar a acompanhar o sucesso comercial da saga literária, mas não acompanhou definitivamente a sua criatividade narrativa. Adaptar um livro ao cinema não é, nem nunca será fácil, a diferença entre uma boa e uma má adaptação está geralmente na forma como a história original é editada e transposta para o argumento do filme e é precisamente nesse campo que “Twilight” fraqueja.
Como já referi, a história de “Twilight” é criativamente simples e algo semelhante a uma versão moderna e vampírica do famoso romance shakespeariano “Romeu & Juliet”. A protagonista desta romântica história é a jovem Bella Swan (Kristen Stewart), uma rapariga de dezassete anos que nunca se preocupou em ser uma das miúdas com estilo da sua escola secundária em Phoenix. Quando a sua mãe divorciada volta a casar, Bella vai viver com o pai para a pequena e chuvosa cidade de Folks, um sítio recatado e aparentemente aborrecido. Com a mudança de cidade veio obrigatoriamente a mudança de escola e é na sua nova instituição de ensino que Bella conhece o misterioso e fascinante Edward Cullen (Robert Pattinson), um rapaz inteligente, divertido e diferente de todos os outros que ela conheceu. No entanto, o que Bella não se apercebe de imediato é que Edward é um vampiro e como todos os vampiros ele é imortal, mas não tem presas e não bebe sangue humano devido ao facto de Edward e a sua família serem os únicos entre os vampiros que escolheram uma opção de vida mais recatada. Edward vê em Bella a sua alma gémea, algo que lhe dificulta o auto-controlo sobre os seus instintos assassinos e predatórios já que o seu amor pela rapariga é altamente proibido a menos que a transforme em vampiro, o que inevitavelmente violaria os costumes da sua família e torná-lo-ia num vampiro sedento de sangue humano. A delicada situação do jovem casal piora quando James (Cam Gigandet), Laurent (Edi Gathegi) e Victoria (Rachelle Lefevre), os inimigos mortais dos Cullens, chegam à cidade dispostos a matar e a massacrar.
O argumento assume-se claramente como o maior defeito do filme, já que não conseguiu apresentar ao público um enredo cativante e digno da magia romântica e dramática descrita no livro. O filme perde demasiado tempo em apresentar personagens secundárias dispensáveis e em alongar desnecessariamente cenas intermédias, em contrapartida não gasta quase tempo nenhum em apresentar devidamente as personagens principais e em contextualizar o seu passado. Esta falha reflecte-se na percepção que o público tem da história, um espectador que nunca tenha lido o livro muito dificilmente irá compreender na perfeição a história entre Bella e Edward e o passado deste. Outro grave problema do argumento são os diálogos que raramente roçam a pertinência e a sinceridade, muitos deles não ajudam a conferir à cena qualquer sentido prático já que parecem saídos de uma enciclopédia de clichés românticos. Escusado será dizer que o livro não apresenta nenhuma destas falhas, os diálogos são inclusive um dos aspectos mais interessantes do livro.
Em termos visuais, o filme apresenta uns cenários e umas paisagens que condizem com os espaços descritos no livro. Os efeitos especiais são simples mas perfeitamente adequados a uma história que nunca apela a exageros. A realização de Catherine Hardwicke mostra-se imperfeita na edição das cenas e no controlo do seu tempo, no entanto, apresenta no geral um trabalho técnico satisfatório. O elenco do filme é maioritariamente composto por jovens talentos de Hollywood, que tiveram aqui a oportunidade de mostrar o que valem. Os jovens Kristen Stewart e Robert Pattinson são aqueles que inegavelmente dão mais nas vistas por terem interpretado o estranho par romântico do filme. Os dois apresentaram, no geral, uma boa performance e uma boa química no grande ecrã. O jovem Cam Gigandet também dá nas vistas como o principal vilão da história. Em suma, “Twilight” é um bom filme para os fãs da saga literária, mas poderá ser demasiado juvenil para o público mais velho ou para um espectador exigente que procure mais do que uma história romântica.


Classificação - 3 Estrelas Em 5

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6 Comentários

  1. O filme apesar de eu o achar muito apelativo, esquece-se de varios factos importantes que acabaram por se reflectir na Lua Nova, como por exemplo a Bella descobrir que o Jacob e lobisomen, pois no livro o Jacob conta as lenas da sua tribo e dos Cullen com muitos pormenores, e no filme n deram sequer 5 minutos a cena;
    Acho tambem muito mal não terem dado a referencia da histótia da Alice, visto ter sido a unica vitima que escapou a James, e tambem e um dos motivos porque este persegue Bella.
    Gostei do filme,adoro os personagens, mas uma adaptação nunca é 100% fiel...

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  2. Seu blog é ótimo.Nós estamos publicando uma historia com vampiros tb entra ae:
    http://afterthemidnight.blogspot.com/
    a gente tá postando os capítulos devagar...Confere!

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  3. Para mim o filme falhou em muitos pontos críticos da história e que vão difilcultar as adaptações de Lua Nova e Eclipse. Um exemplo é que o Jacob não chega a contar para a Bella que os Cullen eram vampiros (ela descobre em um livro) e nem fala do trato entre os lobisomens e os Cullen, como vão explicar isso em Lua Nova? No geral a adaptação foi fraca e quem não leu o livro certamente fica perido nos detalhes do enredo. Foi a minha decepção do ano de 2008. Nota 2 em 5.

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  4. acho que o filme está super bem feito. estou anciosa para o segunda filme sair acho as personagens 5*... o facto de nao contar que o jacob é lubisomen nao tem nada a ver quem estiver com 100% de atenção vê que jacob e bella conversam em la push sobre a enda logo ele já lhe está a dizer que é lobisomen... quanto ao facto da história e alice eles próprios falam sobre ela e jasper... muitos parabens aos actores e ao realizador o filme é espetacular mesmo e está muito bem feito... robert e kristen muitos parabens pela vossa forma de actuar ate dao vontade de viver algo assim...

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  5. Primeiramente, tenho que fazer a devida vénia ao autor deste blog. Críticas inteligentes, bem estruturadas e informativas, que servem, de facto, de um bom guia a qualquer espectador.

    Posto isto, e em relação a Twilight, na altura em que eu vi o filme, ainda não tinha tido contacto com a obra de Stephenie Meyer. Talvez por isso, até tenha achado engraçada esta nova ideia de ter Adónis por vampiros, belos e imortais, que brilham como diamante quando expostos ao sol. Com vampiros assim, também eu escolheria a imortalidade!

    No entanto, agora que já tive contacto com a obra da escritora, confesso que o filme me parece uma adaptação fraca do livro.

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  6. Concordo com o facto de ser uma adaptação fraca de um bom livro, as adptações são sempre complicadas ainda mais com um orçamento modesto; mas, no entanto o que falha não são os actores, nem os cenários ou até os efeitos especiais, é acima de tudo o guião, aquilo que é aproveitado do livro para dar conteúdo ao filme; quem viu o filme e depois leu o livro e voltou a ver o filme como eu, chega rapidamente à conclusão que o filme sabe a mesmo muito pouco. Talvez tenham tido a intenção,infelizmente, de apenas fazer mais um filme comercial para adolescentes...é pena***

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