Crítica - Yes Man (2008)

Realizado por Peyton Reed
Com Jim Carrey, Zooey Deschanel, Bradley Cooper, John Michael Higgins

O icónico actor cómico Jim Carrey regressa ao género que o consagrou no mundo do espectáculo e que o catapultou para a fama com este “Yes Man”, uma espécie de comédia romântica baseada na obra literária do humorista britânico Danny Wallace. Este filme conta-nos as peripécias de Carl Allen (Jim Carrey), um homem resignado à sua existência e ao seu trabalho até ao dia em que um amigo o leva a um peculiar seminário que tem como lema um principio simples, “ Dizer Sim a Tudo e Todos”. Tendo como base este lema, Carl começa a responder afirmativamente a todas as perguntas que lhe fazem, algo que começa a transformar radicalmente a sua vida e que o vai levar por caminhos completamente inesperados e impensáveis.
Desde 2005 que o consagrado humorista Jim Carrey não protagonizava uma comédia não animada. A sua ultima aventura neste género cinematográfico foi com o remake contemporâneo de “Fun With Dick and Jane”, uma obra que até se deu bem nas bilheteiras, mas que não criou impacto junto da crítica especializada que criticou severamente a performance de Carrey. Após esta comédia, o actor mudou de ares e assumiu o protagonismo no malogrado thriller “The Number 23”, um péssimo filme que foi completamente arrasado pela crítica e pelo próprio público. Este ano de 2008 marcou a conciliação de Carrey com a comédia. No inicio do ano emprestou a sua voz à personagem principal da comédia animada “Horton Hears a Who!”, mas foi com este “Yes Man” que voltou a mostrar ao publico o seu enorme talento e à-vontade com o humor. Apesar de estar alguns níveis abaixo das suas icónicas performances em filmes como “Liar, Liar”, “The Truman Show” ou “The Mask”, a prestação de Carrey nesta obra não deixa de ser francamente positiva, já que ele brinda o publico com uma sólida performance humorística bem ao seu estilo gozão e exagerado. Todas as cenas e situações cómicas do filme que ele protagoniza irradiam boa disposição e alegria, sentimentos que rapidamente contagiam o espectador que se vê hipnotizado pelo talento nato do actor. Os restantes membros do elenco que desempenharam uma função mais secundária também fizeram um bom trabalho, já que conseguiram dar a Carrey o apoio necessário para que ele brilhasse mas não exagerasse demasiado.
No campo narrativo este “Yes Man” não surpreende, mas também não desilude. É bem verdade que o filme conseguiu trazer algo de novo ao género ao apresentar uma temática diferente e interessante com grandes potencialidades humorísticas, mas também é verdade que se perdeu um bocado no campo romântico, tendo resvalado por diversas vezes para o perigoso terreno dos típicos clichés do género. A parte romântica pode ser repetitiva e aborrecida mas a vertente cómica da obra é bastante satisfatória e digna de uma comédia. É claro que não estamos perante uma obra humoristicamente perfeita, já que o filme tem os seus momentos altos e baixos. Há alguns momentos de humor fácil e dispensável, mas também há várias situações de grande intensidade cómica. Os próprios diálogos não são, na sua grande maioria, muito elaborados mas conseguem passar a ideia e a mensagem substancialmente hilariante.
Na minha opinião, o maior problema de “Yes Man” reside no seu excesso de publicidade visual e sonora. Todos nós sabemos que os estúdios têm que contar com a ajuda financeira de alguns patrocinadores, no entanto as quantidades de publicidade devem ser minimamente controladas para impedir exageros, algo que claramente não aconteceu neste “Yes Man”, onde praticamente todas as cenas apresentam um anúncio a um produto. Apesar de ser uma obra interessante, este filme da autoria de Peyton Reed não se mostra capaz de rivalizar com as grandes comédias do passado, no entanto, mostra-se perfeitamente capaz de rivalizar com as comédias actuais, sendo até claramente melhor que a maioria. Não digo que esta seja a comédia do ano mas é sem duvida um dos grandes filmes humorísticos de 2008.

Classificação - 3 Estrelas Em 5

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1 Comentários

  1. Este filme surpreendeu-me bastante pela positiva, tinha uma premissa muito boa, mas facilmente poderia descambar para o exagero e a comédia tresloucada... no entanto, resultou numa história muito franca e desprovida de presunção, adorei a inocência do filme! É muito bem conseguida a simplicidade com que torna verosímil todas as consequências fenomenais do positivismo da personagem (simbolicamente representada pelo "compromisso" em dizer "sim" a tudo). À partida, estariamos a falar de um mundo idealizado, mas este filme consegue que acreditemos que se trata deste mundo...

    A história romântica é, de facto, a parte menos bem conseguida, ou melhor, que acaba por não ser "explicada", tudo acontece muito natural e imediatamente... mas também acho que, tendo este aspecto em conta, não poderiam ter escolhido melhor actriz como interesse romântico de Jim Carrey do que Zooey Deschanel, que é perfeita a encarnar, por um lado, uma personagem um pouco à margem da realidade, mas que por outro sofre em silêncio e o seu à-vontade acaba por se revelar uma máscara para se proteger. É uma actriz muito expressiva.

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