Crítica - Marley & Me (2008)


Realizado por David Frankel
Com Owen Wilson, Jennifer Aniston, Eric Dane

O jornalista Josh Grogan publicou em 2005 um livro autobiográfico que relatava as fantásticas experiências que a sua família passou com o seu afável cão de estimação. O livro tornou-se rapidamente num sucesso comercial e a sua adaptação ao cinema tornou-se inevitável. O tão aguardado filme estreou em Dezembro nos EUA e rapidamente conquistou um lugar de destaque no Box-Office. Agora, “Marley & Me” chega finalmente às salas de cinema portuguesas com a promessa de derreter os corações dos amantes de animais que, ao longo dos anos, aprenderam muito com os seus fiéis companheiros de estimação. A sua história começa por nos apresentar a Jenny (Jennifer Aniston) e John (Owen Wilson), os futuros donos de Marley, que acabaram de casar e decidem trocar os Invernos rigorosos do Michigan pelo Verão constante da Flórida. Enquanto Jenny sonha com o primeiro filho, John ainda não está preparado para crianças e por isso, seguindo o conselho de um colega, resolve oferecer um cão à mulher. É assim que Marley, um bonito labrador amarelo, entra nas suas vidas. Marley não demora a transformar a vida dos dois num caos, já que nada consegue fugir à sua voracidade. Mas ao ritmo dos anos e das catástrofes, Marley será testemunha das escolhas de carreira, dúvidas e mudanças de Jenny e John. E, mesmo sendo Marley o pior cão do mundo, é um engraçado tornado de energia que vai ensinar-lhes a maior lição das suas vidas e realçar o melhor que existe neles.
O argumento do filme mistura a essência narrativa do livro com a dramatização típica de Hollywood, que confere a uma história já de si melancólica, alguns momentos de profunda emoção e ternura que chocam um pouco com a caracterização cómica do filme. Ao nível humorístico, o filme apresenta algumas cenas engraçadas que ilustram bem as habituais traquinices dos cães e as correspondentes reacções dos donos, no entanto, é na sua vertente emocional e subjectiva que o filme prende a atenção do espectador. A vida matrimonial de Jenny e John é constantemente abalada por certas problemáticas típicas da sociedade e da personalidade. que são progressivamente ultrapassadas com a importante ajuda de Marley, um cão rebelde mas que, em determinadas alturas, assume um papel preponderante na relação familiar, ajudando a estabilizar as inconstantes dúvidas e mudanças do casal. Entre os vários problemas abordados pelo filme encontramos o eterno conflito carreira-família, a fobia da paternidade e a depressão pós-parto. Estes e outros temas bastante interessantes e relevantes são devidamente abordados e, em nenhum momento, são alvo de uma análise excessivamente complexa e paradigmática.
O filme explora várias mensagens que derivam principalmente das problemáticas/temáticas que vão sendo abordadas, mas a verdadeira mensagem do filme/ livro está na relação espiritual e familiar que um humano vai desenvolvendo com o seu animal de estimação. Não nos podemos esquecer que a história de “Marley & Me” deriva de um conto pessoal em que o autor e a sua família criaram verdadeiros laços familiares com o seu cão que, por sua vez, os ajudou à sua maneira divertida e ternurenta. Todos os espectadores que têm ou já tiveram animais de estimação vão compreender na perfeição esta ligação Dono-Animal, que transcende por vezes a barreira da comunicação. Esta verdadeira relação de dependência fomenta-se nos dois lados, porque o Animal vê no seu Dono a sua família e este, muitas das vezes, vê no seu Animal um amigo e confidente. Esta relação é visível no filme/ livro e pode ser facilmente comprovada no nosso dia-a-dia.
Na minha opinião, o livro apresenta uma maior consistência narrativa, no entanto, não estamos perante uma má adaptação cinematográfica porque, dentro do possível, David Frankel conseguiu resumir muito bem a essência emocional da obra literária. É claro que alguns pormenores foram negligenciados e algumas situações poderiam ter sido alvo de um melhor tratamento mas, na sua generalidade, o trabalho apresentado faz justiça à fama do livro. O elenco é composto por algumas caras bem conhecidas de Hollywood, como Owen Wilson e Jennifer Aniston, os dois co-protagonistas desta história. Após um período pessoal algo conturbado, Owen Wilson regressa em forma aos grandes palcos comerciais e, apesar de não ser, na minha opinião, um grande actor, consegue arrancar uma prestação razoável neste filme. Jennifer Aniston mantém-se no estilo que melhor conhece e domina, logo é natural que a sua prestação permaneça ao mesmo nível de performances anteriores que não lhe exigiram muito menos que este “Marley & Me”. O grande destaque deste elenco acaba por ir para os 22 cães que deram vida às diferentes fases de Marley. Um bom trabalho dos tratadores e treinadores dos animais que merece ser assinalado.
Apesar de não ser um filme brilhante, “Marley & Me” apresenta-nos alguns pontos positivos ao nível do argumento que valem a pena ser apreciados. Apesar de ser descrito como uma comédia, o filme apresenta alguns traços dramáticos que certamente provocaram algumas lágrimas nos espectadores mais emocionais. Seja como for, “Marley & Me” não é uma obra que está unicamente direccionada aos apreciadores de animais, é sim um leve filme familiar que pode ser apreciado por qualquer espectador que aprecie uma história bonita e simples.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Este é daqueles que vou esperar por uma bela tarde de domingo para ver na TVI :)
    É o protótipo do filme que me recuso desperdiçar dinheiro para ver no grande ecrã.
    Filme a ver actualmente: Adam Resurrected. Cheira a grande filme...Willem Daffoe como nazi só pode ser do melhor.

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  2. Por favor.... este filme e' um dos melhores q ja' vi!

    Espectaculo msm!
    tenho pena q nao partilhem da minha opiniao...

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  3. Um daqueles que realmente a principio chega a ser irritante, erra muito nas primeiras e chega a ser até mesmo irritante em alguns momentos, mas que de maneira surpreendente se faz valer no modo como se dá todo o desfecho. E sim, vale a pena ser visto.

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