Crítica – Boccaccio ’70 (1962)

Realizado por Mario Monicelli, Frederico Fellini, Luchino Viscont e Vittorio de Sica
Com Marisa Solinas, Anita Ekberg, Romy Schneider, Sophia Loren

Inspirados em quatro novelas eróticas de Decameron, escrito por Boccaccio no século XIV, quatro dos mais emblemáticos realizadores italianos criaram os episódios compilados neste filme, uma produção franco-italiana de Carlo Ponti e Antonio Cervi. Em “Renzo e Luciana”, Mario Monicelli fala-nos de dois jovens que tentam iniciar a sua vida conjugal apesar dos inúmeros obstáculos que enfrentam, a falta de uma casa própria, a interdição de se casarem imposta pela fábrica onde trabalhavam, os assédios de que Luciana (Marisa Solinas) era alvo pelo chefe. Fellini cria em “As tentações do Dr. António”, o seu primeiro filme a cores e um dos ½ referido em 8 1/2, a personagem de Dr. Antonio (Peppino de Filippo) um falso moralista que vê malícia em tudo. Depois de tudo fazer para que retirassem um outdoor onde Anita Ekberg numa posição sensual convida ao consumo de leite, o Dr. Antonio começa a ter alucinações obsessivas com a Anita de carne e osso e em tamanho gigante.
Em “O Trabalho”, Luchino Visconti deu a Romy Scheinder o primeiro papel de símbolo sexual da sua carreira. Num ambiente da alta sociedade, este episódio mostra-nos os percalços de um casamento e a resposta da mulher ao escândalo sexual em que o marido se envolveu. A estonteante Sophia Loren, em “A Rifa” de Vittorio de Sica, é uma jovem feirante que decidiu oferecer como prémio de uma venda de rifas para angariar dinheiro uma noite de sexo com a sua pessoa, o que lhe cria uma série de problemas especialmente quando no meio de tudo ainda se apaixona.
Estes quatro episódios, para além de exercícios de mestria dos seus realizadores, contém uma sábia combinação de erotismo com uma profunda crítica social à moral vigente e seus paladinos, como em “As tentações do Dr. Antonio” e “A Rifa”, mas também às precárias condições de vida dos menos abastados em “Renzo e Luciana” e “ A Rifa”, ou mesmo à condição da mulher na sociedade em “O Trabalho”. Para além do valor incontestável dos realizadores o filme resplandece com o luxuoso elenco de sex simbols vintage que em muito acentuam o picante de cada história. Contudo se o filme tivesse sido rodado dez anos depois, todo o erotismo em que assenta apareceria como uma brincadeira de adolescentes. O filme está agora disponível em DVD numa edição Lusomundo.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. Um belo filme com a belissima Sophia Loren, a Angelina Jolie europeia dos anos 60/70. É pena a itália já não produzir actrizes e actores desse calibre, a outrora fábrica de talentos da europa já esta a ser ultrapassada pela alemanha ou frança, uma pena.

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  2. Concordo, bom filme.
    E as 4 actrizes são de "bravar aos céus", principalmente a Sophia Loren :)

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