Crítica - Nothing But The Truth (2008)

Realizado por Rod Lurie
Com Kate Beckinsale, Matt Dillon, Angela Bassett

Todos os jornalistas devem obedecer aos preceitos morais do código deontológico, um conjunto de regras profissionais que regulam o funcionamento da actividade jornalística. Essas regras são constantemente violadas em todo o mundo por diversos jornalistas que desrespeitam a dignidade e responsabilidade da sua profissão, ao praticarem um jornalismo mesquinho e falso. No entanto, existem alguns profissionais da comunicação social que respeitam as regras deontológicas e que estão dispostos a proteger a integridade do seu trabalho e da sua área profissional. Um desses profissionais é Judith Miller, uma jornalista de investigação do New York Times, que foi detida em 2005 por cumprir um dos pontos mais controversos do código, a protecção da identidade das fontes. Ao recusar-se a identificar num tribunal federal a fonte que lhe revelou a identidade de uma agente secreta, Judith Miller foi moralmente acusada de traição à pátria pelas principais forças de segurança dos Estados Unidos da América.
O argumento de “Nothing But The Truth”, inspira-se nesse polémico acontecimento que escandalizou e dividiu a opinião pública norte-americana. Rachel Armstrong (Kate Beckinsale) é repórter num jornal diário de grande tiragem e descobre a verdadeira identidade de Erica Van Doren (Vera Farmiga), uma agente da CIA sob disfarce. O caso dá início a uma série de eventos, levando o Governo a exigir a identificação da proveniência dos dados de Rachel. Decidida a não trair o sigilo profissional, acaba por ser presa sendo perseguida por Patton Dubois (Matt Dillon), um promotor público que terá pela frente a oposição de (Alan Alda), o fervoroso e persistente advogado de Rachel. O filme acompanha a estadia de Rachel na prisão e mostra-nos as lutas emocionais e judiciais que travou para alcançar um sentido claro de justiça e igualdade. Entre momentos de angústia e coragem, “Nothing But The Truth” relata uma história de perseverança e crença nos ideais profissionais que pautam alguns quadrantes da nossa sociedade. A direcção de Rod Lurie é competente e realista. Ao retratar com dramatismo e intensidade uma história verídica sobre liberdade de imprensa e sigilo profissional, Rod Lurie apresenta-nos um filme de qualidade que aposta em diálogos complexos e bem construídos que transmitem vivacidade e intelectualidade à história. Os temas retratados são ambíguos e polémicos, oferecendo várias possibilidades de interpretação, algo que estimula e incentiva o sentido de moralidade do espectador.
O elenco é dominado pela excelente interpretação de Kate Beckinsale, a protagonista desta intensa história. Beckinsale arrasa como centro das atenções ao apresentar uma prestação equilibrada e convincente, roubando todas as cenas em que participa. Dentro das prestações secundárias, Matt Dillon e Alan Alda apresentam interpretações intensas e emotivas. A surpreendente e cativante história de “Nothing But The Truth” irá facilmente prender a atenção do espectador que aprecie uma produção cinematográfica baseada em factos reais e polémicos. À narrativa de qualidade junta-se uma talentosa direcção de Rod Lurie e as agradáveis prestações do elenco, elementos que transformam esta obra numa produção de qualidade e altamente recomendável.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

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3 Comentários

  1. Aproveito também para realçar a prestação secundária de Vera Farmiga, a qual penso penso que foi de boa qualidade. Saudações

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  2. Um bom filme que espelha a estupidez constante das organizações secretas norte-americanas.

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  3. É sem dúvida um grande filme. História bem dirigida e com Beckinsale a presentear-nos com a sua melhor actuação até ao momento. Imperdível, a meu ver.

    Cumprimentos

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