Filme da Década - 2000 - 2009


Álvaro Martins
Dealer (2004)

O que é que este filme tem de especial? Tudo. Desde o argumento à destreza da câmara, desde os actores à imagem, desde a luz ao som. De facto, nunca vi um filme sobre droga tão brilhante. “Dealer” é, e digo-o com toda a certeza, uma obra-prima.

Ana Campos
Tetro (2009)
A escolha de um único filme numa lista tão extensa é sempre uma tarefa ingrata, dadas as diferenças de género entre os vários filmes, o apreço pessoal por um ou outro autor, o registo na nossa memória, etc. Escolhi Tetro, também porque o vi e revi muito recentemente, mas sobretudo porque estou certa de que esta obra de Coppola entrará pela porta grande na História do Cinema. O filme deixa-nos com a sensação de que pensávamos que já não se faziam filmes assim, que já não havia realizadores assim. É um óptimo argumento sobre o qual se faz uma construção estética e artisticamente perfeita, e no qual se conjugam para além do cinema, sempre o cinema antes demais, outras artes como o teatro, a dança e a música.


Ana Pires
The Lord Of The Rings – Trilogia
O Senhor dos Anéis" foi um acontecimento cinematográfico em todos os aspectos. Revolucionou o épico, o fantástico e o drama, levou a tecnologia de efeitos digitais gerados por computador a um outro nível, conseguiu adaptar uma das mais ricas e aclamadas histórias da literatura mantendo a alma e a emoção intactas (ou até conferindo-lhe mais), conseguiu arrecadar Óscares nalgumas das principais categorias, um feito sem precedentes no género fantástico, conseguiu levar espectadores 3 anos seguidos ao cinema para acompanhar o desenrolar da história... ao fim e ao cabo deu-nos uma das mais fabulosas e belas experiências sensoriais e emotivas da história do cinema. Personagens poderosíssimas, cenários de cortar a respiração, um argumento intrincado e de uma profundidade indelével, tudo embebido numa emoção palpável, em que a agonia e a esperança são nossas também. "A Irmandade do Anel" apresenta o mundo tal como ele era, define as personagens, delineia a demanda que têm pela frente. "As Duas Torres" vê a separação dessas personagens e testemunhamos o sofrimento alargado a toda a Terra Média. "O Regresso do Rei" é o culminar de toda a luta, de toda a perda, de toda a emoção, e por isso talvez o melhor. Ou talvez apenas por sabermos que, ao sair do cinema, não há retorno possível: não há nova toma de aventuras neste universo e, depois de as termos vivido, também não há num futuro próximo semelhante experiência. Coisa que, de 2003 para cá, se tem confirmado.


Bruno Pereira
Requiem for a Dream (2000)
O meu filme da década é um dos filmes da minha vida trata-se de "Requiem for a Dream", esqueçam as "grandes produções", os "grandes cenários", "as imagens de grandes batalhas" que poderia colocar o Senhor dos Anéis ou o Batman Begin nas minhas escolhas. "Requiem for a Dream" tem uma essência diferente, uma dinâmica excelente e um significado da vida que merece ser visto e revisto. Com uma excelente realização e excelentes actores é um daqueles filmes que tem de ser visto.


JT
The Lord Of The Rings – Trilogia
É sempre difícil escolher o Melhor Filme da Década porque existem inúmeras possibilidades, no entanto, na minha modesta opinião, os três filmes que compõem a trilogia “The Lord Of The Rings” marcaram inegavelmente esta década pela sua espectacularidade e qualidade. “The Dark Knigh”, “Avatar”, “Wall-E”, “The Curious Case Of Bejamin Button”, “Gladiator”, “The Pianist”, “The Last King of Scotland”, “No Country For Old Men”, “Lost in Translation”, “Cidade de Deus”, “The Departed”, “A History of Violence”, “Pan’s Labyrinth”,” Spirited Away”, “Kill Bill”, “Donnie Darko”, “Gosford Park” ou ” Little Miss Sunshine” também mereciam esta honra mas a trilogia é inigualável. Um verdadeiro marco na história do cinema.


Paulo Silva
Donnie Darko (2001) / Little Miss Sunshine (2006)
Vi muitos filmes nesta década, logo voltar a apenas um será para além de injusto, de certeza injusto e impreciso. Assim de repente lembro-me do "Little Miss Sunshine" que revi este Natal. E do Donnie Darko. Não sei se serão os melhores da década mas estão com certeza entre os melhores. Como apenas posso optar por um, Donnie Darko destaca-se. Pelo crescendo de empatia que gerou em torno de uma história que, aparentemente estranha e quase surrealista, é uma fábula evocativa da adolescência e de uma América dos anos 90, repleta de contradições e puritanismo. Partindo da vivência de Donnie, o filme retrata o ambiente escolar e familiar típico da época, a que junta as visões bastante peculiares que Donnie tem de um coelho gigante que conhece o futuro. A conjugação de drama, comédia, realismo, acção e até um pouco de ficção científica que Richard Kelly e um elenco de luxo conseguiram, tornou-o num clássico instantâneo, que catapultou Jack Gyllenhaall para o estrelato pelo seu extraordinário desempenho e tornou esta primeira obra de Richard Kelly em objecto de culto, apesar de nunca ter tido grandes resultados no box-office. A ver.


Ricardo Marques
The Departed (2006) / My Blueberry Nights (2007)
É sempre difícil fazer uma selecção deste tipo. Muitas das vezes ficam de fora os filmes menos badalados, mas nem por isso inferiores em qualidade. Como critério, opto por escolher os filmes que me ficaram na memória, ou porque vou recuperando ou apenas porque foram de tal forma marcantes que será difícil não os incluir em listas deste tipo, e limito a minha escolha a filmes produzidos no seio de Hollywood. Vindo até à Europa, os critérios seriam necessariamente mais limitados. Destaco quatro filmes em particular. The Departed(2006) representa o regresso de Martin Scorsese à sua génese, o “crime film”, o submundo do crime organizado com as suas complicadas teias de relações e explosões de carácter. Apesar de ser um remake do sucesso asiático, Infiltrados (2006), acaba por ter a mão de um dos realizadores que melhor interpreta a sociedade norte-americana, dando-nos um retrato cru de tudo aquilo que move esta sociedade. Por outro lado, vejo-me a recorrer ocasionalmente a My Blueberry Nights(2007), de Wong Kar Wai e procuro o conforto da simplicidade de um conjunto de sentimentos que aqui e ali se misturam com sabores, com aromas e com a arte de um realizador que respeita os tempos dos seus actores e as suas respirações. Não sendo o mais brilhante dos seus filmes, parece-me ser aquele que melhor comunica com a nossa contemporaneidade e com os encontros e desencontros que marcam o ritmo do nosso quotidiano. Não é um filme pretensioso. É simples e, por isso, funciona muito bem. Por fim, recupero Finding Nemo(2003), a par do fabuloso Shreck (2001), não tanto pelos seus valores enquanto filme, mas mais pela narrativa intemporal que representam e pela recuperação que fazem de todo um conjunto de simbolismos que de facto faltavam à animação. A demanda daqueles pequenos peixes palhaço contagiou plateias e revelou-se como motor impulsionador de todo um conjunto de novas temáticas na animação, a par do ogre eternizado em mais episódios que acabaram por acompanhar toda a década. Referência especial a Avatar: regresso de James Cameron, um dos únicos realizadores que parece saber conjugar inovação tecnológica e criativa com orçamentos astronómicos. Veremos se a história confirma este Avatar como resposta certeira aos novos condicionalismos do acto de ver um filme na sala escura. Estaremos perante um próximo Star Wars, ou Jaws, pela forma como estabeleceram novos cânones junto do público? O tempo o dirá.”


Rui Madureira
The Lord of the Rings: The Return of the King (2003)
Com o último tomo da fantástica saga de Frodo e do Anel Um, Peter Jackson conseguiu criar um magnânimo e fabuloso épico vencedor de inúmeros prémios cinematográficos. Transportando para o grande ecrã uma grandiosa história que muitos consideravam impossível de adaptar, Jackson e a sua mente genialmente criativa abriram as portas da aceitação consensual para o tão desprezado género do fantástico. "The Lord of the Rings: The Return of the King" encerra em grande estilo uma espectacular trilogia épica, onde a luta do Bem contra o Mal é retratada de forma espectacularmente bela. Misturando efeitos especiais de altíssimo calibre com uma história envolvente e comovedora, "The Lord of the Rings" depressa assumiu o seu posto como uma das grandes obras-primas da Sétima Arte, tendo como seu expoente máximo esta terceira e derradeira parte. A todos os níveis, um filme imperdível!

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3 Comentários

  1. Escolhas tão boas...
    Mesmo assim as minhas escolhas cairiam para Memento ou The Prestige, Gran Torino, Lord of The rings, ...

    Abraço
    http://nekascw.blogspot.com/

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  2. A minha escolha recairia entre o Requiem For a Dream e o Gran Torino.
    Um abraço Slrem

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  3. Paulo Silva e, especialmente, Bruno Pereira acertaram mesmo nas minhas escolhas às quais ainda acrescentaria o La meglio gioventu ou o Leolo.
    tomarei em consideração as sugestões e vou deitar um olho às duas primeiras sugestões :)

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