Crítica - The Hurt Locker (2010)

Realizado por Kathryn Bigelow
Com Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty

O triste despoletar da guerra no Iraque já vai longe e desde então, uma carrada de filmes sobre essa temática tem invadido as salas de cinema. Como sempre, Hollywood é incansável e não perde a oportunidade de transformar uma “guerrinha” real num grande projecto cinematográfico que pretende dar moral às tropas e reforçar o patriotismo do povo americano. Num tão curto espaço de tempo, “The Hurt Locker” deverá ser o 5º, 6º ou 7º filme a abordar esta (nova) guerra dos EUA, uma guerra claramente iniciada pelas piores razões e que ameaça acabar em desgraça (tal como a guerra do Vietname). A maior parte destes filmes não têm qualquer qualidade cinematográfica, assumindo-se simplesmente como obras “pipoqueiras” para aguçar o fanatismo de um povo que tem a mania que governa todo o mundo e que acha que se pode meter em tudo aquilo que não lhe diz respeito. Normalmente, estes filmes apresentam o exército americano como anjinhos salvadores da pátria, deixando todo o mal e toda a podridão para o país estrangeiro que estão a invadir. Autêntico lixo, como é óbvio. Felizmente, “The Hurt Locker” não é um desses filmes. Esta obra de Kathryn Bigelow é dotada de um realismo impressionante, o que valoriza o talento da realizadora. Porém, apesar de apresentar uma faceta diferente desta guerra, “The Hurt Locker” revela-se incapaz de surpreender o espectador e demarcar-se de outro qualquer filme de guerra que já tenhamos visto.


A história narra um período da vida de William James (Renner), um soldado temerário, valente mas imprudente, que é destacado para comandar a equipa de dois outros membros do exército norte-americano. James é um especialista na desactivação de engenhos explosivos ocultos. Assim sendo, numa altura em que as ruas Iraquianas estão total e perigosamente armadilhadas com esses engenhos, o recurso aos serviços de James torna-se natural. Para mal dos seus companheiros de equipa, James revela-se um autêntico apaixonado da guerra, tomando decisões que colocam em risco as vidas de todos os que o acompanham.
Vou ser extremamente franco. Filmes de guerra não são propriamente os meus preferidos. Razão pela qual não vi o filme aquando da sua estreia, visionando-o apenas agora devido ao mediatismo em redor dos prémios cinematográficos. Assim sendo, reconheço que “The Hurt Locker” não é um mau filme. Porém, está a milhas de poder ser considerado uma pérola da Sétima Arte digna do reconhecimento de melhor filme do ano. A principal virtude da película encontra-se na realização de Bigelow. Uma realização serena, competente, realista e que pretende fazer-nos reflectir sobre a essência da guerra, bem como sobre a sanidade daqueles que a disputam. “The Hurt Locker” parte do ponto de vista de que a guerra é uma droga. Sendo uma droga, muitos dos soldados tornam-se viciados nela e revelam-se incapazes de viver vidas normais. Vidas sem risco de morte e sem rasgos de pura adrenalina. Exactamente o que acontece ao soldado William James.


Ao longo da história e à medida que conhecemos este curioso e complexo homem, percebemos que James é incapaz de viver uma vida normal. A guerra está-lhe no sangue, pelo que o campo de batalha é o único local onde ele está seguro de si e sabe o que tem a fazer. Assim se explicaria a razão pela qual os membros das forças armadas de todos os países parecem estar sempre desejosos de explodir mais uns edifícios… Este ponto de vista é original, mas sabe a pouco. “The Hurt Locker” apresenta momentos de grande tensão, muito devido à incerteza que deriva do facto de o espectador nunca saber quando o engenho explosivo vai detonar. Para além destes aspectos, a obra de Bigelow apresenta muito pouco sumo. Por exemplo, comparando “The Hurt Locker” com obras como “Saving Private Ryan” ou “Letters From Iwo Jima”, o filme de Bigelow é inegavelmente muito inferior. Acredito que “The Hurt Locker” signifique muito mais para o povo americano (afinal de contas, actor principal desta trama). Já para qualquer outro povo do mundo, esta obra será “apenas” mais um filme de guerra.
Porém e apesar de uma narrativa, a espaços, lenta e aborrecida, “The Hurt Locker” consegue ser competente, criativo, eficaz e dramático. O espectador identifica-se facilmente com a dor dos personagens e o realismo dos cenários e das sequências mais tensas é mais do que suficiente para nos manter colados à tela. Resumindo e concluindo, “The Hurt Locker” é bom, mas não consegue distanciar-se da banalidade de muitos outros filmes que abordam esta triste guerra. Um filme a considerar para os nomeados ao Oscar de Melhor Filme, mas que espero não ver levar essa estatueta para casa.

Classificação – 4 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Soldado ryan é uma obra de arte, mas no final vemos q spilberg economizou alguns doláres nos efeitos especiais, a cena dos soldados (bonecos) em cima do tanque q explode
    Cartas de iwo jima é extremamente cansativo e narrativa maçante

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  2. ridicula sua critica assim como a comparação com os dois filmes sobre a WWII, são periodos totalmente diferentes e situação, assim sendo, sua critica trata os filmes de guerra como um unico tema, e nao como um genero.

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  3. A comparação com os outros dois filmes é apenas uma particularidade da crítica e não o seu ponto fulcral. O que é mais importante retirar da crítica é que, na minha opinião, "The Hurt Locker" apresenta bons momentos de tensão dramática e tem um ponto de vista interessante ao comparar a guerra com uma droga. Ainda assim, o filme não tem nada de brilhante ou extraordinário e, em certos pontos, chega mesmo a ser aborrecido. Se gostou do filme, caro Anónimo, ainda bem, mas nem todos têm de gostar. De qualquer forma, porque não hei-de poder comparar "The Hurt Locker" com os outros dois só porque retratam períodos diferentes? Todos são filmes de guerra, certo? De acordo com o seu ponto de vista, nunca se poderiam comparar quaisquer filmes, porque as temáticas ou os períodos envolvidos seriam sempre diferentes... Mais uma vez, na minha opinião, este filme será excelente para o povo americano porque lhe diz directamente respeito. Para o resto do mundo, é apenas "mais um" filme de guerra igual a tantos outros que não obtiveram qualquer destaque.

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  4. Pois eu, ate ao momento acho que foi mesmo o melhor filme dos nomeados.
    melhor que up in the air, melhor que avatar(sem dúvida),melhor que Precious.Falta me ver o Inglorious Bastards e ai poderei mudar a minha opinião.

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  5. The Hurt Locker é realmente um filme parado, chato e sem motivos de interesse, até dá para dormir. Não basta a "intensidade" do rebenta ou não rebenta a bomba para criar suspense. Parece mais um filme político para consumo interno dos americanos. O argumento é fraco e reduz-se a duas linhas. Claro que pode e deve ser comparado a qualquer outro filme de guerra, que é o seu género. Gosto de filmes de guerra mas este infelizmente não enche as medidas. Com certeza haveria melhores filmes a quem entregar o Oscar. Não posso deixar de concordar com o Rui Madureira...

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