Crítica - A Single Man (2009)


Realizado por Tom Ford
Com Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode

A primeira longa-metragem do famoso estilista Tom Ford não é perfeita mas é dramaticamente poderosa e intelectualmente interessante. “A Single Man” acompanha a história de George Falconer (Colin Firth), um professor universitário de literatura que se encontra profundamente devastado pela trágica morte do seu companheiro dos últimos dezasseis anos, Jim (Matthew Goode). Os acontecimentos do quotidiano relembram-lhe constantemente da felicidade que se extinguiu e nem a sua velha amiga Charley (Juliane Moore) o consegue afastar dos pensamentos depressivos e suicidas, mas um encontro fortuito com Kenny (Nicholas Hoult), um jovem aluno das suas aulas de inglês que parece seguir os seus passos durante todo um dia, vai dar a George uma nova perspectiva e fazer renascer a vontade de começar tudo de novo.


O argumento desta excelente adaptação cinematográfica da homónima produção literária de Christopher Isherwood, explora habilmente as dilacerantes consequências psicológicas que a solidão repentina ou o desgosto emocional têm num indivíduo normalíssimo e como essas desastrosas consequências podem ser invertidas, através da amizade e da atenção de um conhecido ou de um desconhecido. A história de “A Single Man” está recheada de magníficas sequências dramáticas que nos demonstram as fragilidades da mentalidade humana quando confrontada com um evento trágico que transforma radicalmente a realidade e o quotidiano de um indivíduo, mas também nos demonstra como essas importantes fragilidades não passam de condicionantes psicológicas que podem ser facilmente solucionadas através da confrontação do problema e do abandono das estratégias menos trabalhosas. O desenvolvimento desta excelente história consegue oferecer-nos inúmeros momentos de reflexão, através dos seus sublimes diálogos ou dos surpreendentes comportamentos das personagens, mas é a conclusão que nos oferece a melhor sequencia de reflexão de toda a história, porque nos demonstra a fragilidade da existência e da condição humana. O argumento de “A Single Man” também explora os benefícios das amizades humanas, através das complexas relações que o protagonista estabelece com duas personagens secundárias bastante interessante que o auxiliam a seguir em frente. A narração da personagem principal e os flashbacks que esta nos apresenta ao longo do desenvolvimento são bastante elucidativos e eficazes, assim sendo, conseguem oferecer ao espectador um competente historial das suas acções e intenções. Os sentimentos de tragédia e de injustiça acompanham a introdução e a conclusão da narrativa mas é importante salientar que o desenvolvimento de “A Single Man” é bastante fértil em mensagens positivas e encorajadoras que devem ser consideradas, no entanto, temos de ter sempre em atenção que a vida é bastante imprevisível e que a qualquer momento toda a nossa existência pode ser alterada por uma caprichosa fatalidade, e é precisamente essa mensagem que esta longa-metragem nos transmite com a sua surpreendente conclusão.


O trabalho de Tom Ford é bastante convincente, porque nos conseguiu apresentar uma longa-metragem de qualidade que não nos apresenta grandes lapsos a qualquer nível. A edição de imagem é bastante positiva e é notório que este cineasta/estilista não se atrapalhou com a grande carga dramática da história original, porque conseguiu explica-la e transpô-la devidamente para o grande ecrã. A fantástica fotografia de Eduard Grau captou na perfeição a magnifica essência cultural de Los Angeles da década de sessenta, e também conseguiu transmitir aos espectadores os carregados sentimentos do protagonista ao longo da história. O elenco é claramente um dos melhores elementos desta maravilhosa produção dramática. Colin Firth está absolutamente fantástico como George, o emocionalmente conturbado homossexual que contempla o suicídio como única escapatória para a sua solidão e tristeza. O elenco secundário também nos apresenta uma excelente performance de Julianne Moore, uma fabulosa actriz que raramente nos desilude.


A ausência de “A Single Man” das nomeações ao Óscar de Melhor Filme é um verdadeiro ultraje, porque esta fantástica produção dramática é praticamente perfeita em todas as suas vertentes. O competente e luxuoso elenco interpretou brilhantemente uma poderosa história que deverá agradar a todos os apreciadores dos verdadeiros dramas cinematográficos.


Classificação – 4,5 Estrelas Em 5

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5 Comentários

  1. Concordo. Gostei muito. O Colin e Julianne estiveram perfeitos. Muito bom.

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  2. Pontuação máxima!! Colin Firth simplesmente fantástico na interpretação. É mais que merecido o óscar de melhor actor. Muito bom mesmo!
    Sofia

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. A crítica está muito boa. O filme é deveras muito rico tanto pela estética quanto pela carga dramática, assim como também pontuei no meu blog (http://kynemaeoutrasartes.blogspot.com/)

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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