Crítica - It's Complicated (2009)

Realizado por Nancy Meyers
Com Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin

As comédias românticas que nos apresentam histórias amorosas que envolvem mulheres produtivas e decididas são a especialidade de Nancy Meyers, uma cineasta que já nos apresentou algumas produções desse género, como por exemplo, “Something's Gotta Give” (2003) ou “The Holiday” (2006). O seu mais recente trabalho, “It’s Complicated”, também nos oferece uma história romântica que envolve uma personagem feminina bastante complexa que está envolvida numa estranha situação romântica, mas ao contrário do seu grande sucesso comercial, “Something's Gotta Give”, “It’s Complicated” não é imprevisível ou estimulante. Jane (Meryl Streep) é uma cinquentagenária que sente que atingiu um momento de grande estabilidade na sua vida, porque os seus filhos cresceram, o seu negócio comercial floresceu e até o trauma emocional do seu divórcio está a começar a ser superado, no entanto, a vida do seu antigo marido, Jake (Alec Baldwin), não está tão estável ou segura porque, depois de ultrapassar uma forte crise de identidade que o levou a trocar a sua esposa por uma mulher que é vinte anos mais jovem, vê-se subitamente confrontado com uma árdua e difícil batalha contra os crescentes e irritantes desejos maternais da sua nova mulher. As vidas destas personagens correm em separado, mas durante um encontro casual fora da cidade, o antigo casal redescobre a cumplicidade e a paixão que foram sendo perdidas durante os dezanove anos de casamento e é então que o inesperado acontece, Jane transforma-se na amante do seu antigo marido, no entanto, as coisas vão-se complicar ainda mais quando um terceiro elemento entra em cena, Adam (Steve Martin), um arquitecto que também é divorciado e que se mostra muito empenhado em refazer a sua vida com Jane, e agora Adam e Jake entram numa disputa pela mesma mulher e ambos terão de mostrar o que valem.



O argumento de “It’s Complicated” não é muito complicado de ser compreendido, ou seja, os vários elementos narrativos que o sustentam são bastante simplistas e perceptivos, assim sendo, somos confrontados com uma história principal que nos apresenta uma fórmula romântica bastante comum e previsível que nos oferece alguns momentos humorísticos de qualidade, mas que em nenhum instante exterioriza o típico espírito do romance inquebrável e arrebatador, assim sendo, nunca somos brindados com uma sequência que é verdadeiramente apaixonante e romântica. As personagens principais também se deparam com inúmeros problemas familiares que intervêm directamente com as suas problemáticas românticas, no entanto, as consequências que as suas movimentações amorosas têm nos seus relacionamentos com os seus descendentes ou com os seus companheiros não são convenientemente exploradas pelo argumento, que as desenvolve segundo uma abordagem estereotipada e inimaginativa. As pequenas narrativas secundárias também alimentam a vertente humorística da história principal em detrimento da introdução de momentos românticos de qualidade, ou seja, nenhuma das personagens secundárias consegue preencher as lacunas amorosas da história principal, mas conseguem apresentar mais algumas exteriorizações humorísticas de qualidade. A narrativa é ambientada numa atmosfera económica e sociológica bastante elevada, ou seja, todas as personagens que a protagonizam estão inseridas nas classes sociais mais elevadas da sua respectiva comunidade, uma situação que serve para demonstrar ao espectador que os mais abastados também têm problemas e dilemas de todos os tipos e feitios, no entanto, essa demonstração não é tão poderosa como a efectuada por outras produções do género. A superficialidade e a previsibilidade da abordagem romântica são amplamente reforçadas pela fragilidade dos inúmeros diálogos que são protagonizados pelos intervenientes, porque nenhuma conversa ou nenhum monólogo consegue exprimir convenientemente uma mensagem credível e realista sobre a complexidade da felicidade ou do romance. As pequenas estiradas humorísticas que são exteriorizadas pelos comportamentos das personagens ou pelas situações em que elas se vêm envolvidas são claramente os melhores elementos do argumento, porque conseguem alegrar e distrair os espectadores sem recorrer aos caminhos perversos ou devassos da comédia.



O trabalho de realização de Nancy Meyers não é tão convincente ou competente como o que nos foi apresentado em “Something's Gotta Give”, no entanto, é ligeiramente superior ao dos seus restantes trabalhos porque nos consegue oferecer uma divertida e ritmada produção que nos consegue entreter através de uma vertente cómica bastante simplista, mas extremamente eficiente que em nenhum momento é vulgarizada, no entanto, este seu trabalho criativo poderia ter sido muito melhor qualificado caso tivesse conseguido melhorar a vertente romântica desta produção. A fotografia da autoria de John Toll retrata, com uma elevada precisão e realismo, os luxuosos e abastados cenários, assim sendo, consegue transmitir ao espectador a luxúria daquele ambiente enriquecido dos empreendimentos de qualidade. O elenco também é um dos melhores elementos de “It’s Complicated”, porque todos os profissionais que o integram são competente e talentosos. Os três protagonistas (Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin) exibem uma grande química e um grande à-vontade no grande ecrã, uma situação que resulta numa excelente performance colectiva e em três interpretações individuais de grande qualidade.



Está visto que “Its Complicated” não é um “Something's Gotta Give”, mas não deixa de ser uma agradável produção que deverá entreter os espectadores que apreciem comédias românticas, no entanto, a sua história é bastante previsível e a sua vertente romântica não nos consegue convencer.

Classificação – 3 Estrelas Em 5

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2 Comentários

  1. Nunca li uma crítica tão ridícula!

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  2. E eu nunca vi um comentáro tão pobre. Não gostas, fundamentas. Eu gostei da crítica e compreendo os pontos de vista mas discordo de alguns

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