Crítica - The Edge Of Darkness (2010)


Realizado por Martin Campbell
Com Mel Gibson, Ray Winstone, Danny Huston, Bojana Novakovic

O experiente realizador de “Casino Royale” (2006) e “GoldenEye” (1995), Martin Campbell, decidiu adaptar um dos seus primeiros trabalhos para a televisão britânica ao grande ecrã. “The Edge Of Darkness” é a adaptação cinematográfica de uma homónima mini-série televisiva que foi exibida durante a década de oitenta e que obteve algum sucesso junto dos apreciadores de produtos policiais, apreciadores esses que também deverão apreciar esta produção que se assume como uma competente adaptação desse trabalho televisivo. “The Edge Of Darkness” também deverá cativar os conhecedores deste género específico porque apadrinha o regresso de Mel Gibson ao elenco de uma produção cinematográfica. O viúvo e solitário Thomas Craven (Mel Gibson) vive em função da filha Emma (Bojana Novakovic) e do seu trabalho como detective na Brigada de Homicídios de Boston, no entanto, o seu mundo desaba quando a sua casa é invadida e Emma é assassinada. Todos os investigadores parecem acreditar que o atentado se dirigia ao irreverente detective, no entanto, Craven, assombrado pelo sofrimento e pela culpa, decide investigar por conta própria. As suas pesquisas levam-no a descobrir uma faceta secreta de Emma que era, na verdade, o alvo efectivo daquela noite. Decidido a ir até às últimas consequências para descobrir as razões que levaram àquele terrível desfecho, o detective penetra nos meandros do crime organizado com ligações ao Governo dos EUA e os seus dias sucedem-se com um único objectivo em mente, obter vingança.


O seu argumento é competente mas não é perfeito. O mistério não é desenvolvido com o devido cuidado e muitas informações importantes são fornecidas ao espectador durante as primeiras sequências da história, uma situação que diminui drasticamente a sua imprevisibilidade, uma das principais características da mini-série britânica, no entanto, existem alguns segmentos violentos e impetuosos que são bastante interessantes e que fornecem alguma adrenalina ao espectador. O argumento também nos apresenta alguns segmentos dramáticos que aumentam claramente o espírito vingativo da narrativa, esses segmentos estão maioritariamente presentes nos momentos iniciais da história e conseguem envolver facilmente o espectador graças à sua elevada carga dramática e emocional. A investigação particular do protagonista é um bocado estereotipada porque se prende demasiado à temática da justiça particular e da vingança a qualquer custo, assim sendo, somos brindados com muitos combates violentos e com inúmeros tiroteios sangrentos, no entanto, são esses momentos que conseguem acordar e cativar o espectador porque os restantes episódios da investigação são extremamente previsíveis e enfadonhos.


O trabalho directivo que Martin Campbell nos apresenta em “The Edge Of Darkness” não é qualitativamente ou criativamente diferente daquele que já nos apresentou em outras produções do género, como por exemplo, “Casino Royale”, ou seja, é muito eficaz mas não é deslumbrante. As sequências que nos apresentam um espectáculo de violência exacerbada ou um inesperado dramatismo são atraentes e fascinantes mas não conseguem dissimular a ausência de suspense da narrativa. O regresso de Mel Gibson à actividade profissional que o transformou numa celebridade internacional não foi triunfante mas também não foi péssimo. A sua performance em “The Edge Of Darkness” é bastante razoável mas ficou um pouco àquem das expectativas dos seus seguidores e da crítica internacional porque se esperava deste icónico actor uma performance mais carismática e mais poderosa que conseguisse relançar definitivamente a sua carreira na representação. Ray Winston é a estrela do elenco secundário porque apoia sem grandes dificultadas o protagonista.


Em suma, “The Edge Of Darkness” não é um mau filme, muito pelo contrário, é um dos mais completos e competentes thrillers policiais dos últimos anos. O seu argumento apresenta algumas falhas importantes mas a essência do icónico género policial está amplamente presente nesta “agradável” produção cinematográfica.


Classificação – 3,5 Estrelas Em 5

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